segunda-feira, junho 02, 2014




VALEU JOAQUIM BARBOSA



PENSAMENTO DO DIA
“O Joaquim Barbosa não é mais um ministro, mas um ícone da Justiça brasileira. O brilho dele acabou por ofuscar toda a corte, o que de certa forma não é bom.”
“É um antes e um depois dele. Pois até então nunca tínhamos tido um exemplo de punição a ponto de levarmos para o sistema carcerário pessoas exercendo poder no momento do julgamento de um processo judicial. Ele inaugurou isso.”
“Aquelas partes que não gostam dele vinham fazendo mil restrições, o que não é bom para o trabalho do julgador.”
ex-corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon

UM MINISTRO QUE NÃO PRECISA DE CARGOS
O comentário abaixo sobre o ministro Joaquim Barbosa foi enviado ao Blog por Ana Lúcia Amaral, procuradora regional da República aposentada.
Joaquim Barbosa é o avesso do que sempre dominou nos meios jurídicos, e pelos comentários dos advogados continuará dominando, que é a hipocrisia do discurso jurídico. Pagando-se bem, desenvolvem “teses” para demonstrar que o culpado é a vítima, sem o menor constrangimento.
Poucos têm a bagagem jurídica e humanística de Joaquim Barbosa. Dada sua estrutura moral pode deixar de ser ministro do Supremo Tribunal Federal. Não precisa de cargos de destaque para ser o que é.
Sei que encontrará melhores ambientes onde poderá aplicar seu talento e elevado espírito público.
Pena que este País ainda não tenha atingido o estágio civilizatório capaz de comportar, em sua Corte Suprema, alguém como Joaquim Barbosa.
- A eminente procuradora quis dizer o seguinte, nasceu no país errado!

JOAQUIM BARBOSA E A DECÊNCIA DA JUSTIÇA
Por Frederico Vasconcelos
Sob o título “BARBOSA: A MARCA DO DIFERENTE!”, o artigo a seguir é de autoria de Edison Vicentini Barroso, desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Soube-se hoje (29): o ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF, em breve, aposentar-se-á. Essa notícia produziu reações diferentes – na medida dos interesses envolvidos e do nível ético/moral das pessoas.
Provavelmente, essa aposentadoria não terá como motivação principal problemas de saúde. Mais decorre, percebe-se, de desgaste oriundo do acúmulo de atritos de quem, com personalidade forte e comprometido com a decência e a justiça (dir-se-á também: com a decência da Justiça), tem a consciência tranquila do dever cumprido.
Do que visto, submisso jamais foi – exceto aos imperativos da própria consciência. Há vozes dissonantes sobre a impressão de seu contato pessoal. Existe quem o conheça, ou com ele se tenha avistado, que o defina como pessoa de difícil trato. Todavia, há quem assim não pense. Tudo depende das circunstâncias e dos assuntos abordados.
Uma coisa é certa: Barbosa nunca tergiversou. Sem rodeios, confrontou os desafios, quais fossem, sem meias palavras, utilizadas por inteiro na busca e na luta daquilo considerado justo. E se lhe deve, também, uma abertura maior do palco do Supremo Tribunal Federal, para que pudesse ser visto pela sociedade brasileira, a ponto de expor desentendimentos intestinos (internos), fogueira de vaidades e coisas do tipo.
Enfim, humanizou o Tribunal, de forma a torná-lo mais acessível ao povo em geral. O STF, dantes sempre fechado aos olhos da Nação, também por ação do ministro, como que se “socializou” – dando-se a conhecer. Sobretudo, a partir da ação penal do mensalão, acompanhada em tempo real pela TV Justiça.
Em manifestação anterior, este articulista afirmou ter sido o ministro o fiel da balança no processo do mensalão. Reafirmo-o, agora! Por sua atuação, por assim dizer, “segurou o mensalão”, e, junto dalguns outros valorosos magistrados, deu o tom da Magistratura com M maiúsculo.
Contrapôs-se a interesses outros, que não à descoberta da verdade, pela qual lutou e luta – como evidenciam os fatos. Saturado, parece querer buscar ares novos, à distância das futricas do Poder. Nesse contexto, de sua independência não se pode duvidar. Aliás, ao cidadão, indicado para ser juiz no STF, não se pede título de simpatia; antes, se lhe exige integridade de caráter, que o diferencie do comum do hoje visto no País.
Surge a indagação: preferível um magistrado sorridente, de tapinhas nas costas e palavras doces, sem o recato do cargo, ou a exação no cumprimento do dever, distante das tricas do farisaísmo, aptas a iludir e a enganar? Do que o Brasil mais precisa? Do juiz dado às conversas reservadas e sem a devida transparência, ou daquele que, sincero e claro no trato das coisas, se dá a conhecer sem máscaras ou disfarces?
O povo brasileiro pode responder, mais que ninguém. Uma coisa é bater de frente com pessoas ou setores da sociedade, para fazer prevalecer, a mais não poder, o que é certo; outra, entrar em rota de colisão por entrar – algo que, decididamente, dele não se viu. Bem ou mal, nos entreveros, o ministro estava na defesa de pontos de vista, a seu ver, sobranceiros.
Esta uma de suas marcas mais patentes: a personalidade forte… O bastante para ferir interesses contrários aos da Justiça e do povo brasileiro. A respeito, sonde-se da atual popularidade de Barbosa. E, como visto, não por seus dotes de simpatia, mas pela devoção extremada à causa da Justiça – do que se apercebe a população.
Joaquim Barbosa… Mais um nome? Não! O nome que define um homem dedicado à causa nobre do estrito cumprimento da lei, aplicável sem ver a quem. Uma biografia a relembrar, um marco de personalidade que veio para ficar. Um quadro emoldurado pela história viva de obras dignas de lembrança. Enfim, um exemplo a ser seguido – no trato da coisa pública.
Dono de si mesmo e chefe de suas ações, sai de cena de forma precoce, mas enriquecido pela conduta reta da dignidade em alta rotação, a servir de inspiração e referencial a outros que virão, também desejosos de servir à nobre causa da Justiça brasileira.
E há quem diga que a passagem de Barbosa pelo STF tenha constituído um período de
déficit democrático – pela dificuldade aparente de interlocução com pessoas, instituições e entidades de classe. Conquanto o natural respeito à opinião, dela se discorda, pois que não há maior e melhor diálogo que o do dever bem cumprido, em prol duma justiça retamente dispensada.
E o Joaquim Barbosa, que lamentavelmente se despede, será lembrado por muito mais que a só condução firme do processo do mensalão e da execução das penas dos mensaleiros, pois que, bem acima, pairará o sinal do homem de bem que se dedicou a remar contra a maré, para que justiça fosse de fato feita.
Hoje é dia triste, para quem se alimenta do que presta e vale a pena. Enquanto alguns se lamentam, pela perspectiva iminente da saída de cena do valoroso combatente, muitos se regozijam, felizes por vê-lo longe. A este passo, podemos dizer: a bandidagem está em festa! A Papuda rejubila! Estão em êxtase os homens de caráter duvidoso!
Assim se dá com o que é diferente e faz toda a diferença. Assim sucede com os homens que marcam sua passagem na Terra pela ação positiva no bem. Incompreendidos, no seu tempo, têm a seu favor o testemunho permanente da história… Ah! A iniludível história, que não condescende com os malfeitos e se felicita com o heroísmo e a bravura, próprios de quem, adiante do seu tempo, porque diferente, encontra em si mesmo a riqueza imorredoura da consciência pacificada!
Relembrando Saint-Exupêry: “Na minha civilização, aquele que é diferente de mim não me empobrece; me enriquece”. Rica da Nação, pois, cujo patrimônio moral se alteie e dê a conhecer pela marca diferente dum Joaquim Barbosa, que se não fez indiferente no seu tempo presente!
- Faria um comentário sobre a saída do honrado ministro, mas o articulista já disse tudo do que penso e do que pretendia dizer, claro, como muito mais brilhantismo!
- A acrescentar:
QUEM PERDE
Perdem os brasileiros honrados que um dia esperam ver as instituições de seu país, públicas e privadas, dignas de respeito e credibilidade; os brasileiros que abominam o “jeitinho brasileiro” e a “flexibilização” das leis; perdem os brasileiros que desejam que o pau que dá em Chico dê em Francisco; perdem os brasileiros que se envergonham de um Congresso promíscuo envolvido em todo tipo de crimes, inoperante, ocioso e dissociado dos reais interesses do povo brasileiro; perdem os brasileiros que se envergonham das instituições republicanas putrefatas que, atualmente, não merecem o mínimo respeito e credibilidade; perdem os brasileiros que se envergonham de saber que um parlamentar italiano já teria dito que “seu país (o nosso) é mais conhecido por suas bailarinas do que por seus juristas”; perdem os brasileiros que se envergonham de seu país ser referência de impunidade até mesmo em filmes de quinta categoria quando bandidos de estrangeiros, para a escapar da Justiça, pretendem fugir para o Brasil; perdem os brasileiros que se envergonham da leniência, benevolência e, diria até cumplicidade, com a bandidagem da pior espécie, do andar de baixo e do andar de cima, pelo inacreditável Poder Judiciário, com raríssimas e honrosas exceções; perdem os brasileiros que abominam o comporativismo negativo de determinadas instituições no circo jurídico; perdem os brasileiros que entendem que, direitos humanos para os apenados é mantê-los em celas com um mínimo de dignidade humana, sendo tratados com rigor, sim, porém, com respeito, inclusive, na sua integridade física; perdem os brasileiros que repudiam o entendimento da Suprema Corte que o cumprimento da pena integral a que um criminoso é condenado caracteriza-se como “cruel e desumano” para aqueles que cometem crimes hediondos; os brasileiros que rejeitam a relação promíscua entre advogados medalhões e magistrados; perdem os brasileiros que abominam a escolha de ministros da instâncias superiores das Cortes de Justiça levando-se em conta o compadrio e as relações políticas com o rei de plantão, banindo a meritocracia; perdem os brasileiros que defendem o amplo, geral e irrestrito direito de defesa e ao contraditório, jamais o “amplo, geral, irrestrito, universal, interplanetário e intergaláctico direito de defesa e ao contraditório” fazendo com que os processos levem décadas tramitando no inacreditável Poder Judiciário; perdem os brasileiros que repelem de forma veemente, até em respeito ao bom senso e a inteligência, que, réus confessos condenados gozem da presunção de “não culpabilidade” até o trânsito em julgado na última instância do lerdo e moroso Poder Judiciário, em nome dos estapafúrdios “garantismos e legalismos”; perdem os brasileiros que repudiam as chicanas jurídicas, as procrastinações e os esdrúxulos recursos judiciais existentes no nosso bizarro ordenamento jurídico; perdem os brasileiros que desprezam quem é capaz de dar saltos triplos carpados jurídicos para absolver corruptos por “falta de provas” ou levar à prescrição punitiva; perdem que quer ver o seu país com todas as leis que “pegam”!
- E perdem os brasileiros que pesam deste modo:
'Desconfie de juiz que vive travando relações políticas aqui e ali'. (ministro Joaquim Barbosa – 30.09.2013 - http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-09-30/juizes-deixam-de-aplicar-leis-contra-corrupcao-por-medo-de-ficar-sem-promocao-diz-joaquim-barbosa
“Temos um órgão de representação que não exerce em sua plenitude o poder que a Constituição lhe atribui, que é o poder de legislar.
Outro problema é a questão partidária. Nós temos partidos de mentirinha. Nós não nos identificamos com os partidos que nos representam no Congresso, a não ser em casos excepcionais.
O poder legislativo, especialmente a Câmara dos Deputados, é composto em grande parte por representantes pelos quais não nos sentimos representados, por causa do sistema eleitoral que não contribui para que tenhamos uma representação clara, legítima. Passados dois anos da eleição ninguém sabe mais em quem votou. Isso vem do sistema proporcional. A solução seria a adoção do voto distrital para a Câmara dos Deputados.” (ministro presidente do STF Joaquim Barbosa – O Globo Online – 20.05.2013 - http://oglobo.globo.com/pais/joaquim-barbosa-critica-congresso-diz-que-partidos-brasileiros-sao-de-mentirinha-8441158)
"Nosso sistema penal é muito frouxo. É um sistema totalmente pró-réu, pró-criminalidade. E, por outro lado, esse sistema frouxo tem vários mecanismos de contagem de prazo para prescrição que são uma vergonha. São quase um faz de conta. Tornam o sistema penal num verdadeiro faz de conta.” (ministro-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa – Estadão – 01.03.2013)

“Estamos chancelando a impossibilidade de punição a quem cometeu um crime bárbaro"
Joaquim Barbosa, que foi contra arquivar processo contra acusados pela morte de calouro da USP em 1999






Vá lá, somos poucos, mas existimos!
QUEM GANHA
E devem estar comemorando e sorrindo de orelha a orelha, os escroques; os chicaneiros; os corruptos em todos os níveis e poderes da República, independente de ideologia; os amantes do “jeitinho brasileiro”; os oportunistas; os exploradores de prestígio; os blogueiros de “jornalistas” “imparciais” financiados por generosas verbas públicas; os cúmplices e sócios dos mensaleiros condenados por maioria, a partir do voto relator do honrado ministro; os cínicos, amorais e antiéticos; os “iluminados” brilhantes hermeneutas juristas e ‘constitucionalistas” que acham muito natural e legalmente defensável que a maior Corte de Justiça num primeiro momento condene uns políticos corruptos que compraram parte do Parlamento por formação de quadrilha, depois, num segundo momento utilizando-se de um obsoleto, retrógrado e estapafúrdio recurso, a excrescência dos Embargos Infringentes previsto no Regimento Interno da Corte, clara, óbvia e cristalinamente revogado por força de lei posterior, faça novo julgamento pela Corte de Justiça modificada e decida que não houve quadrilha que o julgamento anterior foi uma brincadeirinha, não valeu;
 os destituídos de mínima noção do que seja uma República com “R” maiúsculo; os patrimonialistas que misturam o público com o privado; os que exercem cargos públicos sem a mínima dimensão do que seja servir ao povo; os que admiram canalhas polidos, elegantes, simpáticos e dissimulados; os iluminados que entendem que o inacreditável Poder Judiciário tem a “cultura do encarceramento”, quando na verdade põe tudo quando é bandido na rua, indistintamente; os “iluminados” que têm a coragem de afirmar que “"é lamentável" é que a lei só é aplicada para negar benefícios para os presos: "A maior parte dos presos têm seus direitos básicos desrespeitados de um modo estarrecedor.”, quando na verdade o inacreditável Poder Judiciário concede saidinha temporária até pra participar do Círio de Nazaré; os “iluminados” que têm a despudor de afirmar que “O Legislativo faz lei para aumentar o tempo do encarceramento, o Judiciário prende muito e enquanto continuar não aplicando os benefícios”; os “iluminados ‘garantistas e legalistas’” que concedem HCs pra todo o tipo de criminoso, como se bebe água, possibilitando que fujam para outros países; os que fazem da Justiça um balcão de negócios; os que se prevalecem de certas prerrogativas para afrontar e desmoralizar o Poder Judiciário que a tudo assiste candidamente; os políticos corruptos, independente de sigla ou coloração partidária, que se acham acima da lei e que tudo podem fazer, todos facilmente identificáveis Brasil afora!



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