"Tudo isso não deveria poder durar; mas vai durar, sempre; o sempre humano, é claro, um século, dois séculos...; e depois será diferente, porém pior."
(princípe de Salinas do romance LEOPARDO)
sábado, maio 09, 2015
DA SÉRIE: QUANTO MAIS
CONHEÇO OS HOMENS MAIS RESPEITO OS ANIMAIS!
PORTA DOS FUNDOS
Saravá
CAPRICHA, HEIN!
AMENIDADES
Alô? Quem tá falando?
– Aqui é o ladrão.
– Desculpe, a telefonista deve ter se enganado, eu não queria falar com o dono
do banco. Tem algum funcionário aí?
– Não, os funcionário tá tudo refém.
– Há, eu entendo. Afinal, eles trabalham quatorze horas por dia, ganham um
salário ridículo, vivem levando esporro, mas não pedem demissão porque não
encontram outro emprego, né? Vida difícil… Mas será que eu não poderia dar uma
palavrinha com um deles?
– Impossível. Eles tá tudo amordaçado.
– Foi o que pensei. Gestão moderna, né? Se fizerem qualquer crítica, vão pro
olho da rua. Não haverá, então, algum chefe por aí?
– Claro que não mermão. Quanta inguinorânça! O chefe tá na cadeia, que é o
lugar mais seguro pra se comandar assalto!
– Bom… Sabe o que é? Eu tenho uma conta…
– Tamo levando tudo, ô bacana. O saldo da tua conta é zero!
– Não, isso eu já sabia. Eu sou professor! O que eu queria mesmo era uma
informação sobre juro.
– Companheiro, eu sou um ladrão pé-de-chinelo. Meu negócio é pequeno. Assalto a
banco, vez ou outra um sequestro.. Pra saber de juro é melhor tu ligá pra
Brasília.
– Sei, sei. O senhor tá na informalidade, né? Também, com o preço que tão
cobrando por um voto hoje em dia… Mas , será que não podia fazer um favor pra
mim? É que eu atrasei o pagamento do cartão e queria saber quanto vou pagar de
taxa.
– Tu tá pensando que eu tô brincando? Isso é um assalto!
– Longe de mim pensar que o senhor está de brincadeira! Que é um assalto eu sei
perfeitamente; ninguém no mundo cobra os juros que cobram no Brasil. Mas queria
saber o número preciso: seis por cento, sete por cento?
– Eu acho que tu não tá entendendo, ô mané. Sou assaltante. Trabalho na base da
intimidação e da chantagem, saca?
-Ah, já tava esperando. Você vai querer vender um seguro de vida ou um título
de capitalização, né?
– Não… Já falei… Eu sou… Peraí bacana… Hoje eu tô bonzinho e vou quebrar o teu
galho.
(…um minuto depois)
– Alô? O sujeito aqui tá dizendo que é oito por cento ao mês.
– Puxa, que incrível!
– Incrive por quê? Tu achava que era menos?
– Não, achava que era mais ou menos isso mesmo. Tô impressionado é que, pela
primeira vez na vida, eu consegui obter uma informação de uma empresa
prestadora de serviço pelo telefone em menos de meia hora e sem ouvir ‘Pour
Elise’.
– Quer saber? Fui com a tua cara. Acabei de dar umas bordoadas no
gerente e ele falou que vai te dar um desconto. Só vai te cobrar quatro por
cento, tá ligado?
– Não acredito! E eu não vou ter que comprar nenhum produto do banco?
– Nadica de nada, já tá tudo acertado!
– Muito obrigado, meu senhor. Nunca fui tratado dessa…
(de repente, ouvem-se tiros e gritos)
– Ih, sujou! Puliça!
– Polícia? Que polícia? Alô? Alô?
(sinal de ocupado…)
– Droga! Maldito Estado: Quando o negócio começa a funcionar, entra o Governo e
estraga tudo!
CLUBE DE SWING QUER
SER RECONHECIDO COMO IGREJA
Um clube de swing em Nashville (Tennessee, EUA) passou por
uma "reforma" e, agora, quer ser reconhecido como uma igreja.
O motivo, obviamente, é menos religioso e mais legal. O reconhecimento como
igreja fará com que o Social Club possa funcionar perto de uma escola cristã.
Recentemente, o clube de swing vendeu a sua antiga sede e comprou uma nova. Os
administradores do Social Club não se deram conta, entretanto, que estavam se
mudando para perto dos fundos da Goodpasture Christian School, tradicional
escola particular para crianças do maternal ao ensino médio.
O Social Club é discreto e talvez levasse anos para que as
autoridades descobrissem o seu fim sexual. Mas bastou uma carta para um
vereador para que o clube se deparasse com encrenca. Curiosamente, de acordo
com a agência AP, comenta-se que o autor da denúncia seria um membro do grupo
de swingers.
Agora, pais de alunos e líderes religiosos incendeiam uma campanha contra o
funcionamento do clube para troca de casais.
Para driblar a lei e fugir dos opositores, o Social Club virou a United
Fellowship Center. O salão de dança foi transformado em santuário. Dois
aposentos, chamados de calabouços foram rebatizados com nomes religiosos. A
maior parte das 49 cabines sexuais permanece intacta. Porém algumas delas
viraram salas de oração.
A vereadora Karen Bennett, que estudou na Goodpasture, disse
que vai fiscalizar para garantir que o clube de swing funcione mesmo como
igreja.
"Já ouvi dizer que muitas, muitas pessoas planejam frequentá-la quando
abrir", contou.
O advogado do clube "convertido" disse que os
membros da igreja não farão sexo no "templo".
APÓS ALTA DE AÇÕES DA
PETROBRAS, EMPRESAS INVESTEM EM CORRUPÇÃO
BOVESPA - Atentas ao bom desempenho das ações da Petrobras
após a divulgação de que R$ 6 bilhões foram surrupiados dos cofres da empresa, dezenas
de companhias decidiram mudar suas estratégias. "Prevíamos um longo
período de austeridade, mas a Petrobras apontou o caminho. Vamos investir em
corrupção em curto, médio e longo prazo", revelou Patrício Berquélio
Nascimento Pedroso, presidente da Confederação Nacional da Indústria Leve e
Pesada (CNILP).
Reconhecido por seu humor de poucos amigos, o mercado
reagiu, milagrosamente, com otimismo alvoroçado. "Todo mundo nu",
declarou um investidor, tirando as calças pela cabeça. "Ninguém é de
ninguém", berrou o CEO de um conglomerado multinacional, enquanto ampliava
as participações dos fundos de pensão em sua companhia.
De acordo com a empresa de consultoria de José Dirceu, que
abrirá capital na Bolsa ainda em 2015, um planejamento bem realizado para desviar
recursos é a saída para o momento delicado da economia. "É como diz aquele
provérbio chinês: é nas crises que nascem as ilegalidades", explicou o
diretor de Recursos Profanos, Paulo Roberto Costa.
ESTUDO: NA SEXTA À
NOITE, SOLTEIROS TELEFONAM MAIS PARA PIZZARIAS DO QUE PARA MULHERES
O Núcleo de Pesquisas da América Latina (NuPAL) revelou um
dado importante sobre o comportamento masculino: homens solteiros costumam
telefonar mais para pizzarias do que para mulheres na sexta-feira à noite.
Segundo a pesquisa, 87% dos homens que fazem uma ligação pedem uma
calabresa com refrigerante, 3% pedem outros sabores de pizza, 10% falam
com mulheres, porém, destes, 7% falam com a própria mãe.
O NuPAL estudou, também, o comportamento destes homens na
internet: 99,3% deles falam com mulheres, porém o assunto gira ao redor da
pizza que estão comendo e, depois, se esgota. O pesquisador Leandro Medeiros,
do Núcleo, informou que não foram consideradas mulheres as atendentes das
pizzarias que atendem aos telefonemas de tais homens.
QUEDA DE RENDIMENTO
DO CORINTHIANS PREOCUPA O MERCADO
BOLSA DE ITAQUERA - Tido como um dos grandes times
brasileiros de 2015, o Corinthians recebeu com cautela o anúncio de queda em
suas ações OP-MANO e ON-MINA. "Fomos eliminados, nos pênaltis, pelo
Palmeiras e perdemos um jogo para o São Paulo que não valia nada pra nóis.
#tamojunto", declarou o investidor Claudinho Firmeza, tentando
tranquilizar os mercados.
A intervenção teve pouca eficiência. Especuladores começaram
a comparar o escrete do Parque São Jorge com a derrocada petista. "Em
2012, quando ganhou a Libertadores, o Timão tinha popularidade equiparada com a
de Dilma. De lá pra cá, ambos vieram ladeira abaixo", explicou o consultor
de futebol e política Adelzon Martelli. "O movimento sincronizado entre PT
e Corinthians ainda ressuscitou moribundos como o DEM e o Palmeiras. E deu
sobrevida a figuras atávicas como o PSDB e o Rogério Ceni", concluiu.
Até o final deste fechamento, a consultoria Standard &
Maloqueiros ainda não havia rebaixado o grau de investimento do Todo Poderoso
Timão. "Talvez estejam esperando o dia de São Jorge passar",
especulou Renato Maurício Prado.
ENCONTRADO PRIMEIRO
BRASILEIRO QUE SÓ RELIGOU O CELULAR NO SAGUÃO DO AERPORTO APÓS DESEMBARCAR
Todos já conhecem a cena: assim que o avião toca com as
rodas no solo, começam as musiquinhas de celulares sendo ligados. No Brasil, é
comum ver as pessoas falando no celular bem ao lado da aeromoça que pede para
que os aparelhos permaneçam desligados até o saguão do aeroporto.
Por isso, foi com surpresa que pesquisadores do instituto
Nupal (Núcleo de Pesquisas da América Latina), que perguntavam a passageiros
quantos segundos após a aterrissagem esperam antes de ligar os aparelhos,
descobriram aquele que pode ser o primeiro brasileiro que só religou o celular
no aeroporto.
“Eu não sei, sempre tive esse costume”, disse Lauro
Fernandes. “Eu fico com o cinto atado também e só pego a bagagem depois que a
tripulação abre as portas.” Agora, é Lauro que será investigado. Os
pesquisadores já descobriram que ele só joga o miojo na água depois que esta
levanta fervura e ainda cronometra os três minutos.
RUBENS BARRICHELLO
DIZ QUE IMPEACHMENT É PRECIPITADO
INTERLAGOS - Após ouvir as declarações de Fernando Henrique
Cardoso e José Serra, Rubens Barrichello foi o terceiro a afirmar que
"falar em impeachment, neste momento, é precipitado". Para não
demonstrar que está alheio à expansão comunista internacional, o piloto se uniu
ao músico Lobão na articulação do pedido de impeachment de Fidel Castro. "Antes
tarde do que nunca", explicou, enquanto fazia uma manobra fiscal para
ultrapassar um retardatário.
Aécio Neves procurou um renomado jurista para embasar suas
declarações. "Contrataremos Eurico Miranda para defender a legalidade dos
interesses nacionais. Se não conseguirmos o impedimento da presidenta, pelo
menos um pênalti por semana está garantido", revelou o líder da oposição.
Com os nervos à flor da pele, o PT ensaiou uma ofensiva e
promete dar o troco na mesma moeda: "Em breve, esperamos ter embasamento
legal para pedir o impeachment de Eduardo Cunha", explicou Rui Falcão.
QUANTO MAIOR A IDADE
DO HOMEM, MAIS ALTA A MEIA, DIZ ESTUDO
Sua meia é de cano curto ou longo? E qual a sua idade? Uma
pesquisa da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, concluiu cientificamente
aquilo que já é possível observar nas ruas das grandes cidades: homens
mais velhos usam meias pelo menos no meio das canelas; homens mais novos usam
meias curtas, muitas vezes daquelas que mal se consegue ver embaixo do sapato.
Mas o que estaria por trás deste comportamento? De acordo
com os especialistas, este comportamento está diretamente ligado à rigidez
peniana. Mas o relatório final sobre este fenômeno só ficará pronto no fim de
maio.
EM BUSCA DE
FINANCIAMENTO DE ALCKMIN, PIAUÍ HERALD PASSARÁ A SE CHAMAR THE PINDA HERALD
JARDIM CARANGOLA - Enciumado com a movimentação que levou o
blogueiro antipetista a receber pagamentos do governo Geraldo Alckmin, este
piauí Herald elencou toda sorte de argumentos para se tornar um prestador de
serviços para a máquina tucana. "Os tempos de austeridade econômica evocam
um novo desenho para o jornalismo", ponderou o editor Olegário Ribamar.
"Crowdfunding, venda de rifas e financiamento público-partidário são
apenas algumas luzes que brilham no fim do túnel", elencou.
Empenhado em chamar a atenção da cúpula tucano-paulista, este blog passará a
atender pela alcunha de The Pindamonhangaba Herald, já rebatizado pelo
carinhoso apelido de The Pinda Herald. "A cidade natal do mártir Geraldo
Alckmin merecia esta homenagem", cravou Andrea Matarazzo, nosso novo
editor de cultura, enxugando as lágrimas.
O blog The Pinda Herald, por vontade própria, lançou seus princípios
editoriais: nos comprometemos a associar a crise hídrica apenas com as mudanças
climáticas; cartel de trens deve ser colocado sob o guarda-chuva do enigmático
"Caso Alstom"; todo mal nesta Terra será associado, exclusivamente, à
quadrilha do PT.
Outrossim, em paralelo, ficaremos de olhos abertos nas linhas de crédito
federais para o credenciamento de blogs governistas. "Os domínios thesaobernardoherald.com.br
e herald247.com.br já estão garantidos", assegurou Ribamar. "Não tá
fácil pra ninguém", salientou o editor.
Estamos à disposição.
CONTRA DENGUE,
PREFEITURA DE SP VAI DISTRIBUIR RAQUETES DE MATAR MOSQUITO
O prefeito Fernando Haddad anunciou hoje um audacioso plano
de combate à dengue na cidade que sofre com um surto da doença. A prefeitura
vai distribuir dois milhões de raquetes de matar mosquito, principalmente nos
bairros mais afetados. A distribuição começa já na semana que vem.
A prefeitura desistiu da estratégia de continuar usando
fumacês e outros métodos tradicionais. De acordo com assessores, Haddad
acredita que dessa forma também está investindo no esporte.
“Quem sabe nós não estamos formando futuros medalhistas
olímpicos de tênis?”.
DA SÉRIE: DOIS EM UM NO PAÍS DA CONSTITUIÇÃO “CIDADÔ
- Enquanto isso as nossas respeitabilíssimas autoridades dos três podres Poderes estão preocupadíssimas com... a “cultura do encarceramento” na republiqueta que é chacota internacional e tido como o paraíso da impunidade!
DIA DA CAÇA
- Agora, só falta aquela turminha dos “direitos humanos” acusar o policial de execução e de uso “desproporcional” da força e vir com aqueles discursinhos demagógicos e enfadonhos!
AMENIDADES
José, caminhoneiro, passou muito tempo viajando e chegou em casa de madrugada. Como estava com saudade, correu pro quarto, agarrou a esposa e fez amor com ela três vezes. Quando acabou foi para cozinha beber água. Chegando lá viu a esposa tomando café. Intrigado perguntou: – Amor, você não estava no quarto nesse momento? – Não, aquela é mamãe que veio me fazer companhia enquanto você viajava. – Amor! Pelo amor de Deus! Você nem imagina o que aconteceu… Cheguei morrendo de saudade sua, corri para o quarto, estava escuro, pensando que fosse você, transei 3 vezes com a sua mãe. A esposa, indignada, foi correndo falar com a mãe. – Mãe! É verdade que o José transou 3 vezes com você, pensando que fosse eu? – Foi. – E a senhora não disse nada? – Você sabe muito bem que eu não falo com esse vagabundo!
PESQUISA DE PROCURADOR DA LAVA JATO REVELA USO ABUSIVO DO HABEAS CORPUS
Reportagem de Gabriela Rocha e Basilia Rodrigues, no site “Jota“, trata da dissertação de mestrado do procurador da República Diogo Castor de Mattos, sob o título “A seletividade penal na utilização abusiva do habeas corpus dos crimes do colarinho branco”.
Mattos é um dos integrantes da força-tarefa na Operação Lava Jato e o tema escolhido é relevante. O autor aprofunda a análise sobre operações de combate à corrupção que foram inviabilizadas no Superior Tribunal de Justiça.
O trabalho foi apresentado ao Programa de Mestrado em Ciência Jurídica da Universidade Estadual do Norte do Paraná.
A seguir, trechos da reportagem:
O Procurador da República cita que menos de 5% dos recursos especiais e extraordinários em matéria penal são providos, e que quando um processo chega ao STJ e ao STF em sede de recurso especial e extraordinário, pode‐se dizer que já houve coisa julgada em relação aos fatos, já que não poderão ser reexaminados pelos tribunais superiores. Daí conclui que “a maior parte das insurgências que sobem a esses tribunais superiores são meramente protelatórias e têm por único fim impossibilitar o efeito prático da condenação: a execução penal.
(…)
A Justiça brasileira deixou prescrever 2.918 ações envolvendo crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e atos de improbidade administrativa nos anos de 2010 e 2011, o que representa mais de 10% de todas as ações em tramitação atualmente envolvendo pessoas denunciadas por esses crimes.
(…)
O Procurador da República explica que o problema do uso abusivo do HC, para além do congestionamento dos tribunais, a supressão de instâncias (já que permite que um tribunal superior analise uma questão que sequer foi apreciada pelo tribunal inferior), e a falta de técnica, é o desrespeito a princípios constitucionais que estruturam a República, como a violação ao princípio do contraditório, na medida em que o Ministério Público de primeiro grau, que tem conhecimento dos fatos, não é intimado a se manifestar nos Habeas Corpus impetrados nos tribunais, e o Ministério Público nos tribunais não figura como parte, mas sim como fiscal da lei.
(…)
Na análise dos casos Satiagraha, Castelo de Areia, Sundown/Banestado e Boi Barrica, o Procurador da República identifica além de afronta ao interesse público de elucidação desses graves crimes, violações do princípio da proporcionalidade, “por admitir anulação de ações penais inteiras envolvendo gravíssimos crimes que desviaram milhões de reais em recursos públicos por máculas aparentemente insignificantes”; e da instrumentalidade, segundo o qual não há nulidade sem prejuízo, na medida em que a nulidade de provas foi declarada sem a indicação concreta do dano causado pelo ato.
(…)
Os argumentos usados pelos Ministros do STJ para anularem as ações penais desses graves crimes de colarinho branco são usados no sentido contrário nos julgamentos de crimes cometidos por cidadãos menos endinheirados. Para isso, compara os casos de corrupção estudados com outros cujos réus não eram políticos nem empresários abastados, mas assistidos da Defensoria Pública, acusados de latrocínio, tráfico de drogas e lesão corporal.
(…)
No caso Castelo de Areia que tratava de organização criminosa acusada da prática de crimes contra a administração pública, a instauração de simples inquérito policial por denúncia anônima produziu a nulidade de toda ação. Já no caso do tráfico de drogas praticado por uma pessoa, o mesmo tribunal entendeu admissível a violação de domicílio e a prisão em flagrante, procedimentos manifestamente mais invasivos, com base única e exclusivamente na delação anônima”.
Quanto a esse caso em particular, Mattos observa que o esquema recentemente desvendado na operação Lava Jato era bastante semelhante, envolvendo o grupo Camargo Correa e a corrupção de agentes públicos. “Infelizmente, perdeu‐se a chance de aniquilar o esquema criminoso muitos anos antes”, lamenta.
- No popular, as incríveis e respeitabilíssimas instâncias superiores do inacreditável Poder Judiciário são cúmplices com este estado de amoralidade e falta de ética que permeia a republiqueta paraíso da impunidade, e, como tal ENVERGONHAM qualquer brasileiro com um mínimo de dignidade!
CARTAS PARA A REDAÇÃO O vereador Professor Célio Lupparelli é autor de um projeto que quer proibir as visitas guiadas dentro das comunidades carentes do Rio. Ele diz que este serviço é um “turismo degradante” que “transforma a miséria em espetáculo para turistas”.
Só que... Favelas como Santa Marta, por exemplo, vivem hoje em grande parte do turismo, inclusive de estrangeiros. (coluna Ancelmo Góis – O Globo – 22.04.2015)
- Aliás, a republiqueta é a única que se orgulha de exibir a sua miséria um certificado inconteste da inércia, inoperância, descaso e omissão dos nossos respeitáveis governantes!
CUNHA DEFENDE NOVO SISTEMA PARA JULGAR E INVESTIGAR POLÍTICOS
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), planeja articular o apoio dos partidos para desengavetar uma proposta que muda a maneira como os políticos são investigados e julgados por crimes.
Deputados e senadores só podem ser investigados com autorização do STF (Supremo Tribunal Federal), única instância do aparelho judiciário em que podem ser julgados durante o exercício do mandato. Governadores só podem ser processados pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A proposta de Cunha é transferir a investigação e o julgamento dos políticos para a primeira instância, mantendo no STF e no STJ o poder de decidir prisões, buscas, escutas telefônicas e outras medidas de caráter coercitivo.
Segundo o presidente da Câmara, a mudança teria o objetivo de acabar com a ideia de que os políticos são beneficiados por terem foro privilegiado nos tribunais superiores. "Temos de tirar a impressão de que somos privilegiados, o que não somos. Tem que ser igual para todo mundo", disse Cunha à Folha.
A proposta defendida pelo presidente da Câmara manteria uma situação especial, porque, sem autorização do STF, nenhum juiz da primeira instância poderia mandar prender um parlamentar, buscar documentos em sua casa, ou grampear seus telefones.
- Este nobre deputado é pródigo em idéias estapafúrdias e o pior é que ele fala sério!
OS NEGÓCIOS SUSPEITOS DE PALOCCI, QUE RECEBEU DINHEIRO POR CONTRATOS FEITOS DE BOCA
Em três de dezembro de 2010, dia em que foi anunciado como o chefe da Casa Civil da recém-eleita presidente da República Dilma Rousseff, Antonio Palocci, ex-prefeito de Ribeirão Preto (SP), ex-ministro da Fazenda do primeiro governo Lula, recebeu R$ 1 milhão do escritório de Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça nos dois mandatos de Lula. O dinheiro foi depositado na conta da Projeto, sua empresa de consultoria.
Duas semanas depois, recebeu mais R$ 1 milhão. Aos R$ 2 milhões somaram-se R$ 3,5 milhões recebidos por Palocci durante a campanha e a pré-campanha de Dilma. No total foram 11 pagamentos. Com um detalhe que nada tem de insignificante: todos os pagamentos foram feitos sem contratos que os justificassem. Contratos feitos de boca. É o que conta reportagem de capa da revista ÉPOCA, que chegará às bancas neste sábado.
Qual a origem do dinheiro repassado a Palocci pelo escritório de Thomaz Bastos, que morreu no ano passado? O grupo Pão de Açúcar, dizem os advogados de Palocci e os que trabalhavam com Thomaz Bastos. Médico sanitarista, ocupado na época com as tarefas de campanha de Dilma, Palocci teria assessorado o grupo do empresário Abílio Diniz a se fundir com as Casas Bahia. Mas ele fez exatamente o quê? Durante quanto tempo?
A consultoria Estáter, contratada de forma exclusiva pelo Pão de Açúcar para tocar a fusão, informou ao Ministério Público Federal (MPF) que Palocci não prestou qualquer serviço. Em ofício ao MPF, o Pão de Açúcar disse que “em função da relação de confiança desenvolvida” é comum que os “serviços de assessoria jurídica sejam contratados de modo mais informal”. Procurado por ÉPOCA, o Pão de Açúcar informou que não vai se pronunciar.
Em 2010, segundo a revista, Palocci recebeu, ao menos, R$ 12 milhões em pagamentos considerados suspeitos pelo MPF. Além dos pagamentos do escritório de Thomaz Bastos, supostamente em nome do Pão de Açúcar, os procuradores avaliaram como suspeitos os pagamentos do frigorífico JBS e da concessionária Caoa. Eles somam R$ 6,5 milhões. São suspeitos porque Palocci também não conseguiu comprovar que prestou serviços às duas empresas.
Palocci disse ter recebido dinheiro do grupo JBS para ajudar a buscar negócios no mercado de frango, nos Estados Unidos. O grupo nega que tenha pagado qualquer soma a ele. O JBS, em 2010, foi o campeão em doações para a campanha de Dilma – R$ 13 milhões. No ano passado, doou R$ 70 milhões. Palocci disse que foi pago pela Caoa para lhe arranjar um sócio na China. A Canoa também nega. Todo esse dinheiro recebido pelo ex-ministro foi parar aonde?
Não é fora de propósito, como desconfia o MPF, que todo ou parte do dinheiro tenha sido injetado na campanha de Dilma via Caixa 2.
- Este aí é outro, aparece uma tenebrosa transação, tá lá seu nome, mas Brutus é um homem honrado, segundo as incríveis instâncias superiores do inacreditável Poder Judiciário!
GOVERNO PAGOU IRREGULARMENTE R$ 19,5 MILHÕES DO BOLSA PESCA, APONTA AUDITORIA DO TCU
Foram repasses a funcionários públicos, a quem tinha outras fontes de renda e até a mortos entre 2012 e 2013
RIO - Em um ano e meio, o governo federal fez pagamentos irregulares de mais de R$ 19 milhões através do seguro-defeso, o chamado Bolsa Pesca. Foram pagamentos, por exemplo, a funcionários públicos, a quem tinha outras fontes de renda além da pesca, e até a mortos. Resultado de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) analisada pelo plenário do tribunal no último dia 8 de abril, o dado é relativo a parcelas do seguro-defeso pagas entre janeiro de 2012 e junho de 2013, período em que Marcelo Crivella (PRB-RJ) era ministro da Pesca.
Do total de 30,2 mil parcelas que representaram R$ 19.586.768 repassados irregularmente, 19 mil parcelas, o equivalente a R$ 12,4 milhões, foram para quem tinha registro de emprego formal - o que não é permitido aos beneficiários do seguro, que deve ser pago a pescadores artesanais durante o período do defeso, em que a pesca de determinadas espécies é proibida.
Analistas, equidistantes da paixão política, avaliam que os atos de rua, via meios digitais, mudaram a lógica da ação popular. Afirmam que os eleitores não precisam mais de líderes formais ou de organizações partidárias para defender seus interesses coletivos. E que, desse drama, ninguém escapa. Consideram que as redes sociais tiraram o PT do ar e que o PSDB não conseguiu entrar em sua órbita. (coluna Panorama Político – O Globo – 11.04.2015)
- Primeiro, a crise não é só de partidos, a crise é de todas as instituições da republiqueta em que, pouquíssimas ainda merecem credibilidade; segundo que, os mais lúcidos estão percebendo, embora tardiamente, que é tudo farinha do mesmo saco!
quinta-feira, maio 07, 2015
A REPUBLIQUETA ESQUIZOFRÊNICA E DE CABEÇA PRA BAIXO ONDE O NOBRE SENADOR VIROU RENAN, O PROBO!
LEIS FROUXAS, JUDICIÁRIO SEM CREDIBILIDADE E “ILUMINADOS” PSEUDO HUMANITÁRIOS COM SEUS DISCURSINHO DEMAGÓGICOS DÁ É NISSO!
AÍ TÁ CERTO, AOS DESIGUAIS TRATAMENTO DESIGUAIS!
- Aliás, este aí tá jogando contra o patrimônio!
PRA QUÊ A INSISTÊNCIA SE UMA INJEÇÃOZINHA LEGAL LHE ESPERA?
AMENIDADES
O menor conto do mundo.
Era uma vez um rapaz que pediu a uma linda garota:
- Você quer se casar comigo?
Ela respondeu:
- Não!
E o rapaz viveu feliz para sempre, foi pescar, jogou futebol,
conheceu muitas outras garotas, visitou muitos lugares, sempre
estava sorrindo e de bom humor, nunca lhe faltava grana, bebia
cerveja com os amigos sempre que estava com vontade e ninguém
mandava nele.
A moça teve celulite, varizes, os peitos caíram e ficou
sozinha.
FIM
PÉROLA
“O Brasil só se acaba para quem morre! Para quem vive, o Brasil nunca se acaba!”
(Aldo Rebelo - Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação e conselheiro do BNDES, sobre as visões catastróficas do futuro do país – coluna Panorama Político – O Globo – 07.04.2015)
- Pois é nobre ministro, apesar dos políticos, dos homens públicos, das instituições putrefatas, amoralidade e da falta de ética!
CHOQUE NO GASTO PÚBLICO Vencida a fase do ajuste fiscal, integrantes do governo querem deflagrar um debate sobre salários, mordomias e vantagens que usufruem servidores dos três Poderes. O corte da pensão de ex-governadores é um exemplo. Mas há também aumentos de salários para juízes dos tribunais superiores etc. A ideia é abrir o debate nacional tendo como paradigma que a receita de impostos “não é dinheiro do governo, é do contribuinte”, e, portanto, “quem paga os impostos é quem deve decidir como ele será utilizado”. Uma das autoridades envolvidas nesse debate interno proclama: “Não dá para fixar vencimentos no serviço público à revelia de quem paga impostos”. (coluna Panorama Político – O Globo – 11.04.2015)
- Puxa, fiquei emocionado com o alto espírito republicano quando li a nota e quase levante para cantar o Ouvirundum, pena que não abram o debate com a população pra saber o que ela acha sobre a roubalheira do dinheiro público que vem ocorrendo responsável pelo sucateamento e a melhor prestação de serviços públicos básicos, principalmente, aos mais carentes!
- Resta saber se estas nobres autoridades abrirão mão de seus privilégios!
- Até parece que eles respeitam muito o dinheiro público!
- A propósito:
UNIÃO CORTA R$ 1,2 BI EM PENSÕES INDEVIDAS
Brasília - Empenhado num ajuste fiscal para “salvar” as contas públicas, o governo federal pagou nos últimos quatro anos pensões indevidas a “filhas solteiras” de servidores que eram, na prática, casadas ou até do sexo masculino. Bancou também benefícios para “filhos” de funcionários públicos nascidos mais de um ano após a morte dos pais. E houve quem recebesse auxílio-creche sem ter, nos registros oficiais, nenhuma criança em casa.
Os exemplos constam de uma extensa lista de irregularidades detectadas pela Controladoria-Geral da União (CGU) na folha de pagamentos da administração direta, de autarquias e fundações. Por ano, ela consome R$ 129 bilhões para remunerar 1,2 milhão de trabalhadores da ativa, aposentados e pensionistas.
Na relação também estão servidores que conseguiram reajustes superiores a 200% num período de três anos; além de outros que extrapolam o teto do funcionalismo público. Há ainda inúmeros outros casos que desafiam o tempo e a lógica. Por exemplo, “filho” ganhando pensão de pai mais jovem.
As conclusões foram obtidas após o cruzamento de informações da folha de pagamentos de 259 órgãos com dados de outros sistemas oficiais. O trabalho foi feito em períodos de 2011, 2012, 2013 e 2014.
- Pergunta se algum dos nobres, diria até nobilíssimos, se lembrou de sugerir que se “abrisse um debate nacional” sobre o desperdício desta dinheirama com estes inúteis!
FACULDADE DO CRIME O Brasil vai sediar uma universidade da ONU voltada para o estudo da segurança pública.
O modelo é inspirado em outras 12 unidades temáticas, como as da Costa Rica e da Áustria. O projeto já foi discutido entre Dilma e o secretário-geral Ban Ki-moon. Sede no Rio... A unidade deve ficar na Uerj, pertinho da Mangueira, que, aliás, seria um bom campo de estudos. (coluna Ancelmo Góis – O Globo – 12.04.04.2015)
- Só pode ser deboche!
- Sugiro chamar os iluminados dos três inoperantes e omissos três Poderes para darem as aulas inaugurais!
- Me poupem!
DE OLHO NO SALGUEIRO
Playboy tentou tomar o morro.
Suspeito de chefiar a invasão fugiu da cadeia em janeiro
Traficantes do bando de Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, tentaram invadir,
no fim de semana, o Morro do Salgueiro, na Tíjuca. Durante a tarde e a noite de domingo,
bandidos rivais trocaram tiros na parte alta da comunidade.
A PM confirmou também ter se envolvido no tiroteio, mas não houve prisões ou feridos.
Denúncias repassadas à polícia davam conta da presença de traficantes escondidos na mata que separa o Morro do Salgueiro da comunidade do Turano.
Ontem, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar realizaram incursões no Salgueiro, mas desta vez, não houve registro de tiroteios.
Apesar disto, moradores da comunidade ainda estavam apreensivos.
O clima ainda está tenso. Foram muitos tiros ontem (anteontem). Ainda não passou - disse um morador, que pediu para não ser identificado.
Um dos suspeitos de liderar a invasão é Maurício Francisco de Azevedo, o Ná.
Ele está foragido do sistema penitenciário desde o último dia 17 de janeiro,quando recebeu o benefício de visita periódica ao lar e não retornou mais à cadeia.
O Morro do Salgueiro ganhou uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) em 17 de setembro de 2010. (jornal Extra – 24.02.2015)
- E viva o Brasil varonil com seu bizarro ordenamento jurídico e seu inacreditável Poder Judiciário que, segundo alguns iluminados, tem a “cultura do encarceramento” (kkkk... e pensar que a republiqueta é conhecida internacionalmente como o paraíso da impunidade!)
SEM LUGAR AO SOL
O presidente regional do PT, Washington Quaquá, está com uma certa dificuldade de encontrar um lugar para o ex-deputado federal Edson Santos.
Já bateu na porta da Funarte, do Ministério da Cultura, da Autoridade Pública Olímpica...
Uma canseira, e nada! Ninguém quer o moço.
A próxima tentativa será o Centro Cultural da Light!
Afinal...
Porque Quaquá é brasileiro e não desiste nunca. (coluna Extra, Extra! – jornal Extra – 20.04.2014)
- Ah estes nossos “progressistas” do Partido dos...”Trabalhadores” (hahahaha...)! Que tal o nobre ex-deputado “progressista” acordar as cinco da matina pegar um jornal e dá uma olhada nos Classificados?!
- Como diria o ex-companheiro da base aliada, nobre deputado Garotinho, é o partido da boquinha!
BALANÇO COM R$ 6 BI EM DESVIOS FRUSTRA EMPREITEIRAS E ALA DO GOVERNO
Balde de água fria Empreiteiras e setores do governo acalentavam a esperança de que o balanço da Petrobras de 2014, finalmente divulgado nesta quarta-feira, não computasse explicitamente perdas com corrupção uma vez que o ex-diretor Paulo Roberto Costa disse que não houve superfaturamento em contratos. Mas desde que assumiu, Aldemir Bendine já sabia que a PwC, que audita as contas, não aceitaria valor abaixo de R$ 5 bilhões —cifra que já havia sido ventilada por Graça Foster, e recusada.
Tentativa…
Em dezembro, a gestão Graça havia proposto um valor de R$ 4 bilhões, que foi recusado. A diretoria subiu para R$ 5 bi, também rejeitados.
… e erro
Quando assumiu, Bendine ouviu dos auditores que Graça e sua equipe estavam perdidos, dispostos a entregar qualquer número só para ter certificação.
Método
O novo presidente da Petrobras, então, enviou o vice-presidente financeiro, Ivan Monteiro, aos EUA para conversar com a equipe da PwC e tentar fechar um método de aferição do prejuízo.
Pesado
Outro susto no mercado e no governo foi o valor do impairment (reconhecimento contábil de que os ativos valem menos do que anteriormente calculado), de R$ 44 bilhões. A expectativa era de um número menor.
- Pois sim que a empresa iria abalar sua credibilidade pra abafar roubalheira de corruptos!
- Aliás, isto é próprio dos “companheiros” que comem no mesmo cocho!
CLAQUETE
Agências de publicidade e produtoras que atuaram para campanhas e partidos temem que aconteça com o setor o mesmo que se deu com as empreiteiras: devassa generalizada e prisões depois dos novos desdobramentos da Lava Jato. (coluna Painel – Folha – 20.04.2014)
- Ah se a Lava Jato abrir esta caixa preta...
MARIN COMPRA DÚPLEX POR METADE DO VALOR DE MERCADO
Presidente da CBF até a semana passada, José Maria Marin fez a mesma operação que Marco Polo Del Nero ao comprar uma luxuosa cobertura no Rio de Janeiro.
Ele escolheu a cobertura ao lado do antigo dúplex do atual presidente da confederação, comprou da mesma proprietária e desembolsou o mesmo valor que Del Nero pelo imóvel vizinho.
Assim como o atual mandatário da CBF, Marin pagou R$ 1,6 milhão pelo apartamento 505 do bloco seis do "Les Residences Saint Tropez", um dos condomínios mais exclusivos do Rio.
A quantia é metade do valor do imóvel avaliado pela Secretaria Municipal de Fazenda: R$ 3,3 milhões. Corretores ouvidos pela Folha classificaram como "uma pechincha" o valor pago.
Imobiliárias oferecem dúplex com metragem aproximada no mesmo condomínio por cerca de R$ 4 milhões.
A compra feita pelo cartola, agora vice-presidente da CBF, foi registrada no dia 28 de maio de 2014, mesma data em que Del Nero fez a escritura do apartamento 508. Na época, o mercado imobiliário carioca estava mais aquecido que atualmente.
A empresária Lilian Cristina Martins Maia vendeu os dúplex para os dois. Ex-presidente da escola de samba Estácio de Sá, ela teve seu sigilo fiscal e bancário quebrado pela Justiça do Rio na Operação Hurricane em 2007, que investigou uma quadrilha que explorava caça-níqueis.
- Ainda bem que a transação envolve três pessoas idôneas e acima de qualquer suspeita, senão daria em atribuição de valor fictício para lavar dinheiro e diminuir consideravelmente o valor do Imposto de Transmissão que incide sobre o valor da constante em escritura pública!
CORRENDO ATRÁS O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima, fez um discurso, no Fórum de Comandatuba, a favor do impeachment da presidente Dilma. Ele foi feito logo após o ex-presidente Fernando Henrique afirmar que a proposta era precipitada. (coluna Panorama Político – O Globo – 21.04.2015)
- Este aí que adora um holofote se olhasse direitinho pra seu prontuário fugiria da palavra impeachment!
DEPUTADO QUER QUE 'PIROCA' SEJA PATRIMÔNIO IMATERIAL DO AMAZONAS
Um deputado estadual do Amazonas, em seu quarto mandato, apresentou um projeto que propõe transformar palavras como "piroca", "cabaço", "baitola", "pinguelo" e "xibiu" em patrimônio imaterial do Estado.
Membro da bancada evangélica, Wanderley Dallas (PMDB) listou os termos junto a dezenas de outros, como "cabeça dura", copiados do livro "Amazonês", do acadêmico Sérgio Freire, que pesquisa a linguagem da região.
Após enfrentar críticas, o peemedebista voltou atrás e disse que retirará palavrões do projeto, mas atacou os colegas. "É um grupo de deputados que se constrange com a palavra 'cabaço', mas usa de boca cheia em qualquer local", disse.
Na quarta-feira (22), ele subiu no plenário da Assembleia para se defender. "Tiram 30 palavras de todo o projeto, desvirtuando do contexto", reclamou.
Embora seja de 2012, o projeto de lei só começou a tramitar em comissões da Casa este ano. No texto, ao lado de cada tópico, segue uma explicação, como: "Cabaço, O hímen. 'Essa aí tem cara de que já perdeu o cabaço'."
A necessidade de analisar a viabilidade jurídica do projeto irritou o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Orlando Cidade (PTN), que o considera "sem a menor consistência".
"Ele [Dallas] já tentou transformar em patrimônio até a festa do repolho. Tem muito deputado que faz isso. Aí depois põe um outdoor dizendo que é o que mais apresentou projeto", disse.
- Não dá pra incluir aí na lista o famosíssimo passaralho!
terça-feira, maio 05, 2015
DA SÉRIE: TÁ TUDO DOMINADO
TODOS OS CONDOMÍNIOS
DO ‘MINHA CASA, MINHA VIDA’ NO RIO SÃO ALVOS DO CRIME ORGANIZADO
Todos os condomínios do “Minha casa, minha vida” destinados
às famílias mais pobres — a chamada faixa 1 de financiamento — no município do
Rio são alvo da ação de grupos criminosos. Após três meses de apuração, o EXTRA
revela que, nos 64 conjuntos já construídos pelo programa federal, as
18.834 famílias beneficiadas são submetidas a situações como expulsões,
reuniões de condomínio feitas por bandidos, bocas de fumo em apartamentos,
interferência do tráfico no sorteio dos novos moradores, espancamentos e homicídios.
Para chegar a essa constatação, mais de 200 pessoas foram
ouvidas, entre moradores, síndicos, policiais civis e militares, promotores,
funcionários públicos e terceirizados, pesquisadores e autoridades. Além disso,
foram analisados documentos da Polícia Civil, do Ministério Público, da
Secretaria municipal de Habitação, do Disque-Denúncia, da Caixa Econômica
Federal e do Ministério das Cidades, parte deles obtidos por meio da Lei de
Acesso à Informação. O material dá origem à série de reportagens “Minha casa,
minha sina”, que começa a ser publicada neste domingo.
No primeiro capítulo da série, o EXTRA revela que pelo menos
80 famílias foram expulsas do condomínio Haroldo de Andrade I, em Barros Filho,
Zona Norte do Rio, após uma ordem do criminoso mais procurado do Rio, Celso
Pinheiro Pimenta, o Playboy. Uma investigação da Polícia Civil mostra que o
chefe do tráfico do Complexo da Pedreira, em Costa Barros — bairro vizinho ao
conjunto —, distribuiu os apartamentos, que as famílias beneficiadas foram obrigadas
a deixar, entre aliados.
Em outubro do ano passado, em meio a uma disputa entre
facções do tráfico por territórios na Zona Norte, Playboy gravou um áudio
endereçado a rivais. No discurso, conta que deu casas a bandidos que mudaram de
facção e se juntaram ao seu exército: “Os ‘menor’ tá aqui, tá na pureza,
ganharam apartamento, ganharam vários ‘bagulho’”.
As cerca de 80 famílias expulsas não foram escolhidas ao
acaso. Todas vieram das proximidades de Manguinhos, favela dominada por uma
facção rival. A vendedora Maria*, de 54 anos, se lembra com exatidão da noite,
em abril do ano passado, em que foi obrigada a deixar, com seus quatro filhos,
o apartamento recém-decorado.
— Os bandidos perguntaram, armados, de onde nós tínhamos
vindo. Quando viram meu contrato com meu antigo endereço em Manguinhos, deram
um dia para sair — lembra Maria.
Respostas do poder público
O secretário de Segurança José Mariano Beltrame soube da
invasão ao condomínio através de um ofício da Polícia Federal, que comunicou a
presença de “pessoas armadas impedindo o acesso dos moradores”. O documento foi
remetido à 39ª DP, que abriu um inquérito no início deste mês para apurar o
caso. A Secretaria estadual de Segurança, porém, informou que só a Polícia
Civil iria se manifestar sobre o ocorrido.
Por nota, a Civil confirmou que há inquéritos abertos sobre
a presença do tráfico de drogas “em alguns empreendimentos do ‘Minha casa,
minha vida’”, acrescentando que “as investigações estão em andamento e correm
sob sigilo”.
Convidado a se manifestar sobre a situação das 80 famílias
expulsas pelo tráfico, o Ministério das Cidades avisou que não se pronunciaria,
por se tratar de “caso de segurança pública”. Já a Caixa afirmou que “as
denúncias relacionadas a possíveis invasões e expulsões de moradores são
repassadas ao Ministério da Justiça”.
Polícia Civil:
“Há inquéritos em andamento que apuram o tráfico de drogas
em alguns empreendimentos do programa Minha Casa, Minha Vida. As investigações
estão em andamento e correm sob sigilo. Todas as denúncias repassadas à Polícia
Civil de crimes nessas regiões são checadas e investigadas.
No ano passado, a Delegacia de Defraudações (DDEF),
instaurou inquérito para apurar fraude no programa. O relatório foi encaminhado
à Justiça, com pedido de prisão preventiva de Diego Lazaro Mendes Moura, Bruno
de Albuquerque Povoreli Ferreira, Maria da Paz de Souza da Silva e Lupercio
Barbosa da Silva.
Em uma das ações nesses empreendimentos, a 31ª DP (Ricardo
de Albuquerque) prendeu, em novembro do ano passado, o presidente da Associação
de moradores do Gogó da Ema, Carlos Henrique de Oliveira, por envolvimento na
invasão do condomínio Minha Casa, Minha Vida, em Guadalupe. Segundo
investigações, ele e Paulo Aquino, que foi candidato a deputado estadual e
também teve mandado de prisão expedido pela Justiça, agiram como organizadores
da invasão. Carlos Henrique, de acordo com a delegacia, também responde a um
inquérito por vender vagas no condomínio.”
"A Caixa Econômica Federal informa que, em cumprimento
ao acordo interministerial, as denúncias relacionadas a possíveis invasões e
expulsões de moradores nos empreendimentos do Programa Minha Casa Minha Vida
são repassadas ao Ministério da Justiça.
Após o processo de reintegração, as unidades habitacionais
são vistoriadas para identificação de possíveis danos e são recuperadas pela
construtora e em seguida direcionadas aos beneficiários indicados pelas regras
do Programa.
O banco esclarece ainda que as denúncias que versam sobre
possíveis problemas de segurança recepcionadas pela CAIXA são encaminhadas para
a SENASP, dentro do acordo interministerial. A CAIXA não divulga o teor das
manifestações recepcionadas, por motivo de sigilo de informações que abordam
questões de segurança."
Responsabilidades
O Ministério das cidades é o responsável pelo “Minha casa,
minha vida” em última instância, uma espécie de pai do programa. É o órgão que
define diretrizes e estipula regras, além de comandar a distribuição de
recursos entre os estados.
Quem opera os financiamentos são dois bancos públicos, o
Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, que também disponibiliza um
telefone (0800 721 6268) para receber denúncias de irregularidades no programa,
que são repassadas ao Ministério da Justiça.
Já o Ministério da Justiça coordena um grupo interministerial,
criado em abril do ano passado, destinado a combater problemas no programa. As
reuniões também incluem o Ministério das Cidades, a Polícia Federal e estados e
municípios.
A Polícia Federal responde apenas pelas investigações sobre
fraudes no programa. Casos de crimes comuns, de maneira geral, são de
responsabilidade das polícias estaduais.
À Secretaria de Segurança do estado estão subordinadas a
Polícia Militar, que faz o policiamento ostensivo, e a Polícia Civil, que faz o
trabalho de investigação. A Secretaria estadual de Segurança (Seseg), portanto,
responde por quaisquer problemas relativos à segurança pública no estado.
Já a prefeitura e o governo do estado, através de suas
respectivas secretarias de Habitação, dependendo de cada empreendimento,
cadastram os beneficiados e coordenam os sorteios. Nos primeiros meses após a
inauguração, com a presença de assistentes sociais, os órgãos devem acompanhar
de perto os moradores, podendo receber denúncias sobre eventuais
irregularidades.
*Todos os nomes utilizados na série são fictícios.
"Achávamos que tínhamos ficado livres de um sistema
criminoso, mas estamos assistindo à reorganização das mesmas práticas violentas
de antes”, denuncia à ISTOÉ uma contemplada pelo Programa Minha Casa, Minha
Vida no Rio de Janeiro. A moradora pediu sigilo de identidade e não é difícil
entender o motivo. Todos os 64 conjuntos habitacionais do programa federal
implantados na cidade vivem sob domínio de organizações criminosas. A carioca
que não quer se identificar faz parte de uma das 85 famílias transferidas da
favela da Indiana, na zona norte da cidade, para o conjunto Bairro Carioca, em
Triagem, a 24 quilômetros de distância. Segundo denunciam os moradores, ali
quem manda é a milícia, mas inquéritos policiais mostram que o tráfico tem sua
parcela de poder entre os conjuntos construídos no município. Também há
registros de denúncias de violência nos empreendimentos do programa em outros
16 estados.
Diferentemente de outras cidades, no Rio mais da metade dos
moradores do Minha Casa Minha Vida chega aos apartamentos por ordem de remoção
e não por financiamento. O resultado é o perigoso encontro de grupos oriundos
de territórios dominados por facções rivais. No Conjunto Residencial Haroldo de
Andrade I, na zona norte, por exemplo, 80 famílias foram expulsas sob ordem de
Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, um dos criminosos mais procurados pela
polícia carioca. As pessoas expulsas vinham justamente de uma favela comandada
por adversários do traficante. Em outubro do ano passado, ele enviou mensagem
de voz a seus oponentes informando que os que mudaram de lado e se juntaram aos
seus capangas ganharam apartamentos. A realidade é muito parecida no condomínio
Valdoriosa, em Queimados, região metropolitana fluminense. Em entrevistas
realizadas pelo Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade, 50% dos moradores
admitiram ter visto pessoas armadas circulando pelo local.
A Secretaria Estadual de Segurança informa que está
realizando investigações sigilosas, mas que prendeu em flagrante três pessoas
em dois condomínios diferentes entre os dias 8 e 10 deste mês, todas por
tráfico de drogas. Mais operações e prisões estão por vir, anuncia o órgão. No
entanto, segundo Sergio Magalhães, presidente do Instituto de Arquitetos do
Brasil, o problema não é apenas de polícia. “Não se resolve a questão da
habitação somente com o fornecimento de moradia. Desse modo se desestrutura as
cidades e se impõe uma vida em guetos. Precisamos olhar para as experiências
anteriores e reinventar o programa, criando uma política urbana.”
A funcionária pública Maria do Socorro, 49 anos, 35 deles
vividos na favela Indiana, vem lutando para não ser transferida para uma
residência do projeto. “Quem se mudou, se arrepende. As pessoas estão
desesperadas porque pagam todos os impostos que antes não pagavam e mesmo assim
têm problemas. Os milicianos estão ocupando os apartamentos”, diz. Após criar
uma força-tarefa interministerial para gerenciar a crise, em abril do ano
passado, o governo federal agora reúne especialistas em políticas públicas para
montar um diagnóstico de segurança a ser elaborado antes da construção dos
próximos condomínios. Pedro Strozenberg, um dos estudiosos convidados e secretário
executivo do Instituto de Estudos da Religião, diz que a intenção é criar um
diálogo entre municípios, estados e União porque sem essa sintonia, estarão
sendo construídos condomínios vulneráveis e violentos. “É um desafio enorme,
mas é também o único caminho para conquistarmos cidades mais seguras.”
MINISTRO DA JUSTIÇA
DIZ QUE EXPULSÕES DO ‘MINHA CASA, MINHA VIDA’ SÃO INACEITÁVEIS E MANDA PF
INVESTIGAR TRÁFICO NOS CONJUNTOS
A Polícia Federal fará uma blitz nos condomínios do programa
“Minha casa, minha vida” no Rio sob a influência do tráfico de drogas. A medida
foi anunciada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, após o EXTRA
revelar, neste domingo, que todos os 64 conjuntos da faixa 1 na cidade são alvos do crime
organizado.
Em entrevista exclusiva na sala de reuniões do Palácio da
Justiça, em Brasília, o ministro classificou como “inaceitável” a expulsão de
80 famílias por traficantes do conjunto Haroldo de Andrade, em Barros Filho,
revelada neste domingo no primeiro capítulo da série de reportagens “Minha
casa, minha sina”. Para frear o avanço do crime sobre os moradores, Cardozo
determinou que a PF abra inquéritos a partir de cópias das reportagens do
EXTRA.
O ministro também anunciou a convocação de uma reunião com o
ministro das Cidades, Gilberto Kassab, e a presidente da Caixa, Miriam
Belchior. A ideia é criar uma força-tarefa com integrantes dos governos federal
e estadual, para tratar problemas de segurança nos condomínios e discutir
soluções para as famílias expulsas. O encontro acontecerá nesta segunda-feira,
às 18h.
— Não podemos tolerar que o crime organizado aja dessa forma
escancarada. Uma ação dos governos federal e estadual vai, num curto espaço de
tempo, estudar providências cabíveis e reverter esse quadro — prometeu Cardozo.
Confira a entrevista na íntegra:
O Ministério da Justiça vai reagir contra a presença do
crime organizado no “Minha casa, minha vida”?
Esses fatos mostrados pelo EXTRA são absolutamente
intoleráveis e inaceitáveis. De acordo com nossa legislação, delitos cometidos
por milicianos competem à Polícia Civil do Rio. A PF pode apoiar as
investigações. Já no que diz respeito ao narcotráfico, esse material tem que
ser analisado para que a PF, no âmbito de sua competência, tome as providências
para atacar de frente essa situação. Todo o material coletado pela reportagem
será encaminhado à Polícia Federal e à Secretaria de Segurança do Rio para que
as ações policiais sejam intensificadas.
O governo pretende dar uma resposta às famílias que ficaram
sem teto?
Essa situação envolve a atividade policial, mas não é só
policial. Temos que estar com os outros órgãos responsáveis pelo programa, o
Ministério das Cidades, a Caixa e o governo do Rio, cuidando de resolver o
problema das famílias que estão sendo vítimas da realidade.
Há um intercâmbio de informações entre os governos federal e
estadual? Os dois podem trabalhar juntos?
Embora a competência para a investigação desse delito seja,
primariamente, da Secretaria de Segurança do Rio, o governo federal montou uma
força-tarefa com o governo do estado para combater o problema, que existe,
apesar de várias investigações em curso. Porém, a situação está longe de ser revertida.
Em conjunto com o Estado do Rio, nós vamos intensificar as medidas, inclusive
fazendo as prisões que devem ser feitas para que essa realidade não se
perpetue.
O que o senhor vai propor ao secretário Beltrame?
É fundamental que os responsáveis por essa força-tarefa se
reúnam com os ministros responsáveis e com as autoridades do governo do Estado
do Rio para fazer uma avaliação de tudo o que está sendo feito. Se o Estado
brasileiro até agora não conseguiu reverter o quadro, tem o dever perante a população
de somar maiores forças e maior empenho para que ele seja rapidamente debelado.
‘MINHA CASA, MINHA SINA’
Após três meses de apuração, o EXTRA constatou que todos,
absolutamente todos, os 64 condomínios do “Minha casa, minha vida” destinados
aos beneficiários mais pobres — a chamada faixa 1 de financiamento — no
município do Rio são alvo da ação de grupos criminosos. Neles, moram 18.834
famílias submetidas a situações como expulsões, reuniões de condomínio feitas
por bandidos, bocas de fumo em apartamentos, interferência do tráfico no
sorteio dos novos moradores, espancamentos e homicídios.
Mais de 200 pessoas foram ouvidas, entre moradores,
síndicos, policiais civis e militares, promotores, funcionários públicos e
terceirizados, pesquisadores e autoridades. Além disso, foram analisados
documentos da Polícia Civil, do Ministério Público, da Secretaria de Habitação,
do Disque-Denúncia, da Caixa Econômica e do Ministério das Cidades, parte deles
obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. O material deu origem à série
“Minha casa, minha sina”.
- É blá-blá-blá, blá-blá-blá, blá-blá-blá, mas ação efetiva e
plano nacional de Segurança Publica e endurecimento de leis contra o crime
organizado que é bom nada!
TRÁFICO CONVOCOU
REUNIÃO DE CONDOMÍNIO NO ‘MINHA CASA, MINHA VIDA’ PARA DEFINIR VALOR DA TAXA DE
MANUTENÇÃO
O modelo de convenção de condomínio elaborado para orientar
os beneficiados pelo programa “Minha casa, minha vida”, disponível no site da
Caixa Econômica, apregoa que o conjunto não deve ser usado “para fins
incompatíveis com a decência e o sossego ou permitir a sua utilização por
pessoa de maus costumes, passíveis de repreensão penal ou policial”. O
documento, porém, não prevê uma norma básica: em pelo menos 14 dos 64 conjuntos
de faixa 1 — destinada a famílias mais pobres — na cidade do Rio, quem dita as
regras de convivência e até convoca reuniões de condomínio é o tráfico ou a
milícia. No terceiro capítulo da série “Minha casa, minha sina”, o EXTRA revela
a história de moradores obrigados a seguir à risca a cartilha do crime.
Nos residenciais Zé Kéti e Ismael Silva, no Estácio —
inaugurados pela presidente Dilma Rousseff em junho de 2014 — a primeira
reunião de condomínio foi convocada por traficantes do Morro de São Carlos,
onde há uma UPP desde maio de 2011. Insatisfeitos com a cobrança da taxa de
manutenção no valor de R$ 66 e com o consumo de drogas no condomínio, moradores
oriundos da comunidade, localizada atrás dos prédios, subiram a favela para
reclamar. Não com a PM, mas com o gerente de uma boca de fumo.
No domingo seguinte, às 10h, mais de 60 condôminos se
reuniram no salão de festas do Zé Kéti para ouvir o discurso de um grupo de
cinco traficantes, alguns armados com pistolas. Com um microfone na mão, o
chefe do grupo — um negro alto, desarmado, vestindo chinelo, bermuda e camiseta
— informou aos presentes que a cobrança era justa e que o dinheiro seria
investido na “manutenção do condomínio”. Ao fim da reunião, também ficou
acordado que não seria tolerado o uso de drogas dentro do conjunto.
— A maioria das pessoas daqui confia mais no tráfico do que
no poder público. Tanto que até brigas entre vizinhos são resolvidas pelo “carro
da carne”, uma Kombi que leva os moradores ao alto da favela, para conversar
com os bandidos — conta José*, um ex-agente de segurança que participou da
reunião.
À noite, a praça em frente aos conjuntos é ponto de uso de
drogas, inclusive crack. Como o bando do São Carlos não vende o entorpecente,
moradores foram abordados por bandidos querendo saber a origem da droga.
Ontem, os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e das
Cidades, Gilberto Kassab, a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki,
e o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, se reuniram em Brasília
com representantes da Caixa Econômica para avaliar as ações de segurança
referentes ao “Minha casa, minha vida”. Também foi discutido o papel dos órgãos
diante do que vem sendo identificado nas investigações.
‘Minha casa, minha sina’
Após três meses de apuração, o EXTRA constatou que todos,
absolutamente todos, os 64 condomínios do “Minha casa, minha vida” destinados
aos beneficiários mais pobres — a chamada faixa 1 de financiamento — no
município do Rio são alvo da ação de grupos criminosos. Neles, moram 18.834
famílias submetidas a situações como expulsões, reuniões de condomínio feitas
por bandidos, bocas de fumo em apartamentos, interferência do tráfico no
sorteio dos novos moradores, espancamentos e homicídios.
Mais de 200 pessoas foram ouvidas, entre moradores,
síndicos, policiais civis e militares, promotores, funcionários públicos e
terceirizados, pesquisadores e autoridades. Além disso, foram analisados
documentos da Polícia Civil, do Ministério Público, da Secretaria de Habitação,
do Disque-Denúncia, da Caixa Econômica e do Ministério das Cidades, parte deles
obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. O material deu origem à série
“Minha casa, minha sina”.
* Todos os nomes utilizados na série são fictícios.
ESCUTAS MOSTRAM QUE
TRÁFICO INTERFERIU NO SORTEIO DOS BENEFICIADOS PELO ‘MINHA CASA, MINHA VIDA’ NA
CIDADE DE DEUS
Na Cidade de Deus,
Zona Oeste do Rio, a construção de quase mil apartamentos do programa “Minha
casa, minha vida” tinha como objetivo, segundo o governo do estado, a
realocação de famílias que viviam “em áreas de risco e condições insalubres”. O
sorteio, no entanto, pode ter beneficiado o crime. Segundo uma investigação da
Polícia Civil, bandidos interferiram na escolha dos agraciados. No quarto
capítulo da série “Minha casa, minha sina”, o EXTRA mostra diferentes formas de
influência exercidas pelo tráfico de drogas na vida dos moradores.
Numa escuta feita pela 32ª DP (Taquara), uma mulher,
identificada pela polícia como “uma das pessoas responsáveis pela triagem dos
beneficiados” pelo projeto na Cidade de Deus, convence um gerente do tráfico da
favela a cadastrar uma pessoa morta entre os postulantes a um apartamento no
Residencial Itamar Franco. A ligação, gravada em 18 de julho do ano passado,
faz parte de um inquérito que culminou com a prisão de dez traficantes em
janeiro deste ano.
“Você tinha que pegar o nome dela que já tá pronto (...) e,
depois que tiver morando, trocar pro nome dele”, diz a mulher. Segundo
funcionárias da 23ª Região Administrativa da prefeitura que trabalham na Cidade
de Deus, o cadastro foi feito por associações de moradores da favela. O governo
do estado entregou as unidades.
“Mas não daria problema não?”, responde Deilson Ribeiro da
Silva, o Deidei, preso desde 21 de agosto de 2014 na Penitenciária Gabriel
Ferreira Castilho, em Bangu. “Não dá problema não, eu falei com sua cunhada que
depois eu quero mostrar o óbito e transferir, entendeu?”, argumenta a mulher.
Ao fim do inquérito, Deidei foi denunciado pelo promotor
Eduardo Paes Fernandes como o “responsável pela ingerência do tráfico no ‘Minha
casa, minha vida’”. A mulher não foi identificada, e as investigações sobre a
fraude no cadastro não avançaram. Um morador, entretanto, procurou a 32ª DP no
ano passado para denunciar que “pessoas da associação de moradores, a mando de
traficantes, estão cobrando o valor de R$5 mil para moradores conseguirem o
benefício”.
A Cidade de Deus tem uma UPP desde fevereiro de 2009. A
presença do crime no Itamar Franco, contudo, não é discreta. Em todos os
prédios, há uma inscrição assinada pela facção que controla o tráfico no
Caratê, localidade mais conflagrada da favela: “Quem for pego roubando vai
morrer”.
— A venda de drogas acontece nas garagens. Quando a polícia
chega, os bandidos fogem para os condomínios — diz Francisco*, dono de um
imóvel no conjunto.
Confira a nota da Coordenadoria de Polícia Pacificadora:
O policiamento nessas comunidades é planejado a partir de
informações do Setor de Inteligência da Coordenadoria de Polícia Pacificadora
(CPP), Disque-Denúncia e também com base nas manchas criminais de cada região.
Além do policiamento diário, operações são planejadas estrategicamente,
inclusive com o apoio do Comando de Operações Especiais (COE).
Os comandos das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs)
citados não foram informados oficialmente sobre denúncias de tráfico de drogas
nessas comunidades. No entanto, ações já estão planejadas nessas áreas em
parceria com a Polícia Civil.
As UPPs possuem um canal para receber denúncias, que é a
"Ouvidoria Paz com Voz". O telefone para contato é o 2334-7599 ou
pelo sitewww.ouvidoriaupp.com.br. Os dados também podem ser
repassados para o Disque-Denúncia (2253-1177). O anonimato, em todos os canais,
é garantido.
‘Minha casa, minha sina’
Após três meses de apuração, o EXTRA constatou que todos,
absolutamente todos, os 64 condomínios do “Minha casa, minha vida” destinados
aos beneficiários mais pobres — a chamada faixa 1 de financiamento — no
município do Rio são alvo da ação de grupos criminosos. Neles, moram 18.834
famílias submetidas a situações como expulsões, reuniões de condomínio feitas
por bandidos, bocas de fumo em apartamentos, interferência do tráfico no
sorteio dos novos moradores, espancamentos e homicídios.
Mais de 200 pessoas foram ouvidas, entre moradores,
síndicos, policiais civis e militares, promotores, funcionários públicos e
terceirizados, pesquisadores e autoridades. Além disso, foram analisados
documentos da Polícia Civil, do Ministério Público, da Secretaria de Habitação,
do Disque-Denúncia, da Caixa Econômica e do Ministério das Cidades, parte deles
obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. O material deu origem à série
“Minha casa, minha sina”.
* Todos os nomes utilizados na série são fictícios.
NA ZONA OESTE,
MILÍCIA DOMINA 38 CONJUNTOS DO ‘MINHA CASA, MINHA VIDA’ E ATÉ PINTA SEU SÍMBOLO
NOS CONDOMÍNIOS
Em agosto de 2014, a Secretaria estadual de Segurança
Pública divulgou os resultados da Operação Tentáculos, com 21 presos acusados
de pertencerem a grupos paramilitares que exploravam moradores de seis
condomínios do “Minha casa, minha vida” na Zona Oeste do Rio.
Seis meses depois, a polícia já prepara uma nova investida nesses endereços
para combater os milicianos. Mesmo com as prisões do ano passado, os criminosos
continuam atuando ali. Os paramilitares agem, ao todo, em 38 conjuntos da
região, oprimindo mais de 12 mil famílias beneficiadas pelo programa federal,
como o EXTRA mostra no quinto capítulo da série “Minha casa, minha sina”.
— Continuamos investigando. A milícia tem esse problema de
ascensão: você prende os líderes, e os elementos de baixo da pirâmide sobem.
Nesses lugares, falta muita coisa da presença do estado. A polícia fica sozinha
nessa luta — lamenta o delegado Alexandre Capote, da Delegacia de Repressão aos
Crimes Organizados (Draco), informando que apura a atuação dos paramilitares em
outros condomínios da Zona Oeste.
De tão profundas, as marcas da milícia surgem até em muros
de conjuntos do “Minha casa, minha vida”. No Jardim de Anápolis, em Cosmos, um morcego
— referência ao bando do ex-PM Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman, preso desde
2009 — acompanha uma mensagem de boas-vindas. Na rua paralela, a entrada do
Vivendas das Andorinhas exibe recado similar, apesar da tentativa frustrada de
apagar o símbolo.
— Vieram aqui nos primeiros dias, dizendo o que podia e o
que não podia. Foi um susto enorme — lembra uma moradora do Andorinhas, que
hoje tenta repassar o apartamento e retornar para a comunidade onde vivia, na
Zona Norte.
De tão profundas, as marcas da milícia surgem até em muros
de conjuntos do “Minha casa, minha vida”. No Jardim de Anápolis, em Cosmos, um
morcego — referência ao bando do ex-PM Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman,
preso desde 2009 — acompanha uma mensagem de boas-vindas. Na rua paralela, a
entrada do Vivendas das Andorinhas exibe recado similar, apesar da tentativa
frustrada de apagar o símbolo.
— Vieram aqui nos primeiros dias, dizendo o que podia e o
que não podia. Foi um susto enorme — lembra uma moradora do Andorinhas, que
hoje tenta repassar o apartamento e retornar para a comunidade onde vivia, na
Zona Norte.
Tatuado com o Batman, síndico nega relação
A Operação Tentáculos teve como alvo os condomínios Livorno,
Trento e Varese, em Cosmos, e Treviso, Terni e Ferrara, em Campo Grande. Na
ocasião, os agentes cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa de
Roosevelt de Oliveira Cruz, síndico do Livorno, que não chegou a ser indiciado
pela Polícia Civil nem responde a processos.
Na visita do EXTRA ao conjunto, um porteiro informou que o
síndico não aparecia “há algum tempo”. Porém, minutos depois que a equipe
registrou um cartaz afixado na entrada, anunciando a venda de cestas básicas
pela empresa de Cruz, o próprio Roosevelt surgiu para questionar o motivo da
foto.
— Sou uma pessoa normal, resido aqui desde 2010. Não tenho o
que esconder. Nunca tive relação com milícia — assegurou o síndico, em contato
posterior por telefone.
Roosevelt carrega uma tatuagem com o símbolo do Batman e
costuma postar fotos do super-herói numa rede social. Numa delas, uma amiga
comenta: “Tudo nosso, viu?”.
Não dá para fazer operação e ir embora’
Entrevista com o delegado Alexandre Capote, titular da Draco
A Draco ainda investiga os condomínios que foram alvo da
Operação Tentáculos?
Nosso trabalho continua ali. Não tem como fazer uma operação
só e ir embora. Quando surgiu esse problema nos condomínios, demos uma
resposta. A operação foi um sucesso, freou a atuação da milícia. Quem não foi
preso ficou preocupado porque viu que dá cadeia.
As prisões mudaram o modo de agir dos criminosos?
O que notamos é que não há mais tanta retaliação com quem
não pode pagar as taxas e a cobrança acontece mais discretamente. O ideal é
extinguir isso, o que depende de um trabalho contínuo.
Um síndico foi preso na operação. Há outros síndicos que
trabalham para a milícia?
Os síndicos funcionam como canal de contaminação dos
condomínios pela milícia. Já informamos esse fato ao governo federal. Eles
devem ser bem escolhidos e monitorados pelas autoridades.
‘Minha casa, minha sina’
Após três meses de apuração, o EXTRA constatou que todos,
absolutamente todos os 64 condomínios do “Minha casa, minha vida” destinados
aos beneficiários mais pobres — a chamada faixa 1 de financiamento — no
município do Rio são alvo da ação de grupos criminosos. Neles, moram 18.834
famílias submetidas a situações como expulsões, reuniões de condomínio feitas
por bandidos, bocas de fumo em apartamentos, interferência do tráfico no
sorteio dos novos moradores, espancamentos e homicídios.
Mais de 200 pessoas foram ouvidas, entre moradores,
síndicos, policiais civis e militares, promotores, funcionários públicos e
terceirizados, pesquisadores e autoridades. Além disso, foram analisados
documentos da Polícia Civil, do Ministério Público, da Secretaria de Habitação,
do Disque-Denúncia, da Caixa Econômica e do Ministério das Cidades, parte deles
obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. O material deu origem à série
“Minha casa, minha sina”.
MORADORES DE
CONJUNTOS DO ‘MINHA CASA, MINHA VIDA’ EM SENADOR CAMARÁ SOFREM COM AÇÃO
SIMULTÂNEA DO TRÁFICO E DA MILÍCIA
Bruno* não tem onde morar. No último dia 19, após a
Prefeitura do Rio desocupar o sobrado que havia invadido com outras 19 famílias
na Gamboa, Zona Portuária da cidade, ele juntou os bens que acumulou em 38 anos
de vida e dormiu com as quatro filhas numa esquina do Centro. Em 2012, porém, o
camelô era um dos 2 mil agraciados com imóveis nos seis condomínios do programa
“Minha casa, minha vida” em Senador Camará, na Zona Oeste, de onde foi expulso
por criminosos. Os conjuntos são os únicos da cidade que são alvo tanto do
tráfico quanto da milícia, como o EXTRA mostra no sexto capítulo da série
“Minha casa, minha sina”.
Bruno foi obrigado a deixar seu apartamento um ano depois da
mudança, quando traficantes da região descobriram que ele havia crescido no
Morro da Providência, no Centro. As favelas Taquaral, Vila Aliança, Rebu e Sapo
— todas situadas no entorno dos conjuntos Destri, Taroni, Ayres, Vidal, Vaccari
e Speranza — são ocupadas por uma facção rival à que atua na região central da
cidade.
— Não queria sair para não deixar minhas filhas dormindo na
rua. Mas tinha que obedecer a ordem do tráfico. Se você cuida da sua família, tem
que sair. Ou sai ou morre — conta o camelô, sentado na rua entre quadros, uma
máquina de lavar, colchões e uma pasta repleta de papéis, onde está sua maior
esperança de ter de volta o teto que perdeu para o crime: seu contrato com a
Caixa Econômica Federal.
Segundo dados do banco estatal, obtidos via Lei de Acesso à
Informação, o condomínio Ayres, onde vivia Bruno, é recordista em ações de
reintegrações de posse: são 59, de um total de 73 no município do Rio. Entre os
seis de Senador Camará, o conjunto — o último em relação à via principal, a
Avenida de Santa Cruz — é o que mais sofre com as ações criminosas.
Mesmo com a presença do tráfico, moradores afirmam que são
obrigados a pagar uma taxa mensal de R$ 10 a milicianos. As desavenças entre
vizinhos podem ser intermediadas tanto pelos traficantes quanto pelos
paramilitares — que, por vezes, acabam em lados opostos.
Cinco dias após encontrar o EXTRA, Bruno e as filhas foram
viver de favor numa casa na Gamboa. O camelô não foi o único oriundo da
Providência expulso do Ayres. Outras quatro famílias deixaram seus imóveis por
ordem dos traficantes, mas só uma vítima registrou queixa na 34ª DP (Bangu).
A mulher contou que, em 26 de abril de 2012, seu apartamento
“foi invadido por cerca de dez indivíduos, muitos deles armados de pistolas,
que queriam saber de que localidade a comunicante vinha”. Após informar sua
origem, recebeu a ordem para deixar o conjunto, “caso contrário seria morta”
A aposentada Rose*, de 67 anos, sentiu na pele os efeitos do
domínio criminoso no Ayres. Há cerca de um ano, ela discutiu com uma vizinha,
ocupante ilegal de um apartamento ao lado do seu. A mulher, que seria ligada a
traficantes da região, acabou desferindo vários golpes na idosa com uma garrafa
de cerveja. Rose levou pontos no rosto e na cabeça e até hoje sente dores no
nariz.
Dias depois, um rapaz com uma pistola na cintura bateu em
sua porta. Apresentando-se como traficante da Favela do Sapo, contou ter sido
chamado devido à confusão anterior. Ele deixou a casa levando R$ 400 que
estavam sobre um móvel da sala, separados para pagar contas. Com a arma no
rosto da idosa, avisou que voltaria se alguém descobrisse o roubo.
Rose ainda receberia nova visita. Dessa vez, dois homens se
dizendo “responsáveis pela segurança no conjunto” lhe ofereceram ajuda, pois a
aposentada pagava em dia os R$ 10 de taxa. Ao sair, dirigiram-se ao apartamento
da vizinha, que ficou três dias sem aparecer no condomínio. Desde então, Rose
não voltou a ser incomodada.
Depoimento de Bruno, morador expulso do condomínio Ayres
“Morei dois anos em Senador Camará. Quando me mudei, minha
esperança era dar uma vida melhor para minhas quatro filhas. Fiquei muito
feliz, nunca tinha morado numa casa de verdade. Via os bandidos andando por lá
de fuzil, metralhadora... Todas as armas que você possa imaginar eles tinham,
mas não achava que aconteceria alguma coisa comigo. Um dia, desconfiaram das
minhas tatuagens, perguntaram se eu era bandido. Eu disse que não. Mas logo
começaram a perguntar da minha vida e eu disse que era da Providência. Saí de
lá sem nada, só eu e minhas quatro filhas. Hoje, vivo na rua e, às vezes,
consigo passar algum tempo morando de favor. Não volto para lá nunca mais.
Moraria em qualquer lugar, menos lá.”
‘Minha casa, minha sina’
Após três meses de apuração, o EXTRA constatou que todos,
absolutamente todos os 64 condomínios do “Minha casa, minha vida” destinados
aos beneficiários mais pobres — a chamada faixa 1 de financiamento — no
município do Rio são alvo da ação de grupos criminosos. Neles, moram 18.834
famílias submetidas a situações como expulsões, reuniões de condomínio feitas
por bandidos, bocas de fumo em apartamentos, interferência do tráfico no
sorteio dos novos moradores, espancamentos e homicídios.
Mais de 200 pessoas foram ouvidas, entre moradores,
síndicos, policiais civis e militares, promotores, funcionários públicos e
terceirizados, pesquisadores e autoridades. Além disso, foram analisados
documentos da Polícia Civil, do Ministério Público, da Secretaria de Habitação,
do Disque-Denúncia, da Caixa Econômica e do Ministério das Cidades, parte deles
obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. O material deu origem à série
“Minha casa, minha sina”.
* Todos os nomes utilizados na série são fictícios.
PREFEITURA PARALISA
OBRAS EM COMUNIDADES POR ORDEM DE TRAFICANTES
Rio - Na capital fluminense, onde traficantes e
milicianos há décadas impõem a lei do terror nas comunidades carentes, bandidos
passaram a demonstrar ainda mais ousadia. O DIA constatou que obras públicas
para a melhoria do cotidiano dos moradores estão emperradas ou em ritmo lento
por conta da influência de criminosos. Nas regiões conflagradas pela violência,
até as ações governamentais têm que passar pelo crivo das quadrilhas.
Exemplos de como
grupos fora da lei decidem o que pode ou não ser feito não faltam. É o caso das
estações do BRT Transoeste de Cesarão II e Vila Paciência, em Santa Cruz, que
estão inoperantes desde janeiro. O próprio consórcio responsável pelo sistema
informa que o fechamento ocorreu “em função de atos de vandalismo”. As estações
foram incendiadas e depredadas por ordem de bandos armados, após operações
policiais na Favela do Rola. Desde então, o governo municipal tenta reformar os
pontos de ônibus articulados, sem sucesso.
“Funcionários estiveram aqui com equipamentos e tintas,
mas a bandidagem, por meio de motoqueiros, mandou recado para irem embora. À
noite transformam as estações em bocas de fumo, onde o crack é a principal
oferta”, conta X., de 45 anos, que mora nas imediações da Cesarão II.
Indignados, moradores ressaltam que o terminal, na Av.
Cesário de Melo, fica em frente a um Posto de Policiamento Comunitário (PPC) da
PM, que mantém um ‘caveirão’ (blindado) da corporação parado ao lado da
unidade, sem nenhum policial para operá-lo. No meio da tarde de quarta-feira,
os dois PMs de plantão saíram para fazer rondas e a unidade ficou vazia.
No Complexo da Maré, as obras da ciclovia de 22 quilômetros
— iniciadas mês passado e que prometem interligar, em um ano, as comunidades
aos BRTs Transbrasil e Transcarioca e à SuperVia — estão em marcha lenta. O que
se vê na Favela Nova Holanda, onde as obras começaram, são somente algumas
placas e poucos desenhos de bicicletas no asfalto, mas nenhuma mudança.
“Os traficantes não querem a ciclovia, pois acham que o
projeto vai influir negativamente na venda de drogas posteriormente. O trajeto
já foi até mudado em alguns locais”, comenta um líder comunitário.
Na Maré, outra polêmica. No dia 8, entusiasmado, o prefeito
Eduardo Paes lançou as obras de uma Clínica da Família, na Vila dos Pinheiros,
e anunciou a construção de outra na mesma região para atender mais de 30 mil
moradores. O local escolhido, porém, foi alterado depois, e a nova unidade de
saúde será erguida no terreno de um Ciep. Traficantes “não teriam aprovado” o
local anterior, conforme comentários em redes sociais, porque implicaria no
sumiço de uma área de lazer, onde, de forma dissimulada, existem pontos para a
venda de drogas.
As ações governamentais também esbarram na violência até
mesmo onde o policiamento ostensivo tem se mostrado mais presente. A prefeitura
se ofereceu para reformar duas UPPs no Complexo da Penha — do Parque Proletário
e Chatuba —, depredadas e fuziladas por bandidos várias vezes. Mas, até agora,
a obra não foi adiante por supostas ameaças de bandidos. O motivo seria o mesmo
que impediu a reforma de outras seis bases de UPPs e a construção de mais duas,
orçadas em R$ 7,3 milhões, que não saíram do papel em outubro, como era
previsto.
Em Coelho Neto, na Zona Norte, serviços básicos, como o
recolhimento de lixo, são prejudicados desde o início do ano. Milicianos seriam
os responsáveis pela instalação de barras de ferro em diversas vias onde os
ataques a motoristas são constantes, como as transversais das ruas Theremim e
Ribeyrolles, perto da Igreja São Jerônimo. O padre local, Flávio de Oliveira,
foi o único a quebrar o silêncio recentemente: “Isso é uma aberração”.
‘Estado tem que assumir seu papel’
Para especialistas, não há um paralelo de controle
territorial urbano por grupos armados, como acontece no Rio, em outros pontos
do país. “É inadimissível que o Estado não afirme sua soberania e autoridade em
lugares onde ações do governo são impedidas. O Estado tem que assumir seu papel
com metas e estratégias, e não só com repressão”, diz o sociólogo João Trajano,
do Laboratório de Análise da Violência da UERJ.
Máximo Masson, mestre em Sociologia da UFRJ, lembra de
situações parecidas na Colômbia e no México, e que, no Rio, o funcionamento de
escolas e postos de saúde, em várias regiões, “só ocorre mediante negociações
(de representantes governamentais) com o crime organizado, nunca admitidas
publicamente.” “Ao custo do silêncio dos moradores, num verdadeiro estado de
exceção”, ressalta o estudioso, defendendo mais diálogo entre o poder público e
a população.
Doutor em Planejamento Urbano pelo Instituto de Pesquisa e
Planejamento da UFRJ, Mauro Osório defende a reformulação das UPPs: “São
importantes. A situação de lanterna econômica do Rio começou a se reverter
graças a elas”, afirma.
Órgãos negam influências
Em nota, a assessoria de Eduardo Paes admitiu que “o
Consórcio BRT relata dificuldades em retomar a operação nas estações Cesarão II
e Vila Paciência, por questões de segurança” e que “equipamentos essenciais à
operação, como câmeras e monitores, foram furtados”.
Quanto à escolha de outra área para a Clínica da Família na
Maré, a prefeitura alegou que a obra “teve seu local alterado para atender
melhor a comunidade, próximo a escolas de tempo integral”. Em relação à
ciclovia, a nota diz apenas que “a obra segue o traçado original.”
Sobre as reformas de sedes das UPPs, a Prefeitura informou
que “a do Parque Proletário sofreu atraso em virtude da não liberação do espaço
pela Secretaria de Segurança.” A secretaria não comentou. A Coordenadoria
de Polícia Pacificadora garantiu não ter conhecimento de denúncia de que
criminosos estariam impedindo o andamento de obras em suas áreas.
Já o governo municipal adiantou que as barreiras de ferro em
Coelho Neto, que, em nota, o comando do 9º BPM (Rocha Miranda), diz “não
considerar barricadas” são ilegais e que serão retiradas com apoio da PM. O
comandante do 27º BPM (Santa Cruz), Luiz Lopes, assegurou que o blindado “foi
posicionado estrategicamente na Avenida Cesário de Melo para agilizar
operações”.
TRAFICANTES EXPULSAM
PMS DE CONTÊINER NO ALEMÃO; AGORA, GARAGEM É USADA COMO BASE
Há pelo menos um mês, a base avançada da UPPAlemão da
Rua Canitar mudou de endereço. Os policiais
militares da unidade não usam mais o contêiner verde. Agora, eles, um
ventilador, uma garrafa térmica e um rádio de comunicação da corporação dividem
espaço com um lava a jato. Sem viatura, as guarnições se revezam ali, dia e
noite, porque criminosos determinaram que fiquem a cerca de 50 metros da antiga
instalação.
— De dia, ainda conseguimos ficar na porta, aqui do lado de
fora. Quando escurece, entramos e não saímos mais — relatou um soldado.
Durante a manhã e a tarde da última quinta-feira, o EXTRA
percorreu a região. Em dois turnos, oito PMs alternavam o policiamento do
local. Pelo rádio, os bandidos avisavam: “Não pode passar da faixa, senão está
tudo brotado”, diziam, sobre o limite para a circulação dos militares. No
local, segundo os policiais, há duas barricadas feitas pelos bandidos com
trilhos de trem, onde eles ficam armados com pistolas e fuzis.
— O clima aqui é tenso. É tiroteio toda hora, todo dia.
Fomos expulsos do contêiner. Não tem como irmos ali. Nos abrigamos nessa
garagem. A gente está muito exposto. A gente só pode andar até ali (aponta para
o contêiner). Dali para lá é tudo deles — disse outro soldado.
Toda a movimentação policial é acompanhada pelos olheiros:
“Passa a visão, aí. Está tudo monitorado.” “Tem um Logan e um carro da
reportagem”, alertavam, também pelo radiotransmissor.
— Eles (criminosos) falam o tempo todo: “Vai morrer, PM! Bota
a cara!”. São 24 horas ouvindo isso. E eles monitoram tudo, além de nós. Sabem
de cada carro que entra. Sabem até que vocês estão aqui — contou outro
policial.
Segundo os PMs, durante a noite tem sido frequentes as
trocas de tiros no local. Na noite da quinta-feira da semana passada, por
exemplo, militares ficaram encurralados naquele trecho da Canitar depois de
serem alvejados por disparos. Na ação, um soldado foi ferido de raspão no
joelho e outro foi baleado na perna. Em um áudio, os colegas de tropa chegaram
a narrar o episódio: “Dois policiais resgatados, procedendo ao HGV (Hospital
estadual Getúlio Vargas, na Penha). Comandante, preciso do apoio do Batalhão de
Choque”, diz o PM que estava dentro de uma viatura.
PMs não fazem abordagens a suspeitos
Desde que uma das duas bases avançada da UPP Alemão deixou
de ser sediada no contêiner, policiais militares da unidade só se abrigam na
garagem. Eles sequer chegam próximo da antiga estrutura. Na garagem usada
atualmente, entretanto, não há geladeira ou banheiros. No local, os militares
montaram duas fileiras, com cinco cones cada uma. A intensão seria coibir a
movimentação de suspeitos, de carro ou de moto. Em vão, segundo os próprios
PMs.
— Você acha que, com aquela estrutura decadente, conseguimos
fazer uma blitz, uma contensão ali? Não fazemos nem abordagens muito menos
revistas. Está tudo dominado por eles — desabafa um soldado.
O contêiner verde foi substituído, em julho do ano passado,
depois que um transformador foi atingido durante uma troca de tiros entre PMs e
criminosos. Na ocasião, o equipamento que ficava próximo a base avançada pegou
fogo, danificando o contêiner antigo — que trazia a inscrição UPP na lataria.
Na última quinta-feira, o EXTRA encontrou uma viatura da
unidade a pelo menos um quilômetro da nova base avançada. Enquanto a garagem
usada pelos PMs atualmente fica no número 743 da Rua Canitar, o carro da
corporação estava próximo ao 125. Dois PMs de fuzil estavam no local. Neste
percurso, há uma localidade conhecida como Campo do Sargento, antigo local de
venda de drogas e presença de traficantes armados.
Já no final da Canitar há a região do Largo do Bulufa, onde
os militares contam que não fazem policiamento, nem a pé nem de viatura, “há
meses”. Na continuação da rua, é possível acessar ainda a comunidade Nova
Brasília, onde há outra UPP e a sede da 45ª DP (Alemão). Na região, há locais,
como o Largo da Vivi, onde tiroteios entre PMs e bandidos são frequentes.
Procuradas pelo EXTRA, as assessorias de imprensa da Polícia
Militar, da Coordenadoria de Polícia Pacificadora e da Secretaria de Segurança
não responderam os questionamentos sobre o assunto
POLICIAIS DEIXAM UPP
PARQUE PROLETÁRIO POR MEDO DE TIROS
Não são apenas os policiais da UPP Alemão que tiveram de
abandonar a base avançada da Rua Canitar devido à ação de traficantes. Uma das
bases avançadas da UPP Parque Proletário, no vizinho Complexo na Penha, também
está vazia. Os PMs da unidade deixaram o contêiner com medo de serem alvejados
pelos criminosos. Atualmente buscam abrigo na rua. Na sexta-feira, o EXTRA
mostrou que policiais foram expulsos do contêiner da Rua Canitar e agora se
abrigam numa garagem.
Segundo os policiais, a base do Parque Proletário é evitada
por ser alvo fácil de tiros. Próximo ao local, há marcas de disparos de fuzil
em paredes e postes. Já no Alemão, os policiais continuam abrigados numa
garagem, onde estão há pelo menos um mês. Eram sete na guarnição de serviço e
não havia viatura para eles, que voltaram a reclamar do limite imposto pelos
traficantes: há uma linha imaginária que delimita até onde os militares pode
ir. Caso a ultrapassem, os bandidos ameaçam matá-los
Na sexta-feira, o EXTRA mostrou que, pelo rádio, os
criminosos avisavam: “Não pode passar da faixa, senão está tudo brotado”,
diziam, sobre o limite para a circulação dos militares — “brotado” significa
estar na mira. No local, segundo os policiais, há duas barricadas feitas pelos
bandidos com pedaços de trilhos de trem, onde eles ficam armados com pistolas e
fuzis.
Diante das situações flagradas pelo EXTRA, o comandante-geral da PM informou ontem que haverá uma
“reorganização” no projeto. Em nota, o coronel Alberto Pinheiro Neto disse
que as unidades “ainda estão em aperfeiçoamento”: “As Unidades de Polícia
Pacificadora estão em processo de aperfeiçoamento. Há uma reorganização em
curso para avançarmos e garantirmos à população o objetivo de todos: a paz.
Recuar, jamais”.
Também em nota, a Secretaria de Segurança garantiu que as
UPPs “devolveram ao poder público áreas dominadas pelo narcotráfico por
décadas”: “Não haverá recuo diante dos feudos da violência, mas avanços após o
diagnóstico de dificuldades”.
MILÍCIA INCENTIVA
CRESCIMENTO DE FAVELAS PARA LUCRAR MAIS
Número de moradores subiu de 6 mil para 13 mil em áreas da
Praça Seca em 8 anos
Rio - De barraco em barraco, a favela cresce e enche o bolso
da milícia. É como num passe de mágica: uma invasão loteia o terreno e começam
a pipocar centenas de casinhas. Logo, logo serão novos moradores dentro da
comunidade e mais clientes para os paramilitares faturarem ainda mais com a
venda (forçada) do chamado kit-milícia de serviços: gatonet, gás, transporte
clandestino e segurança privada.
Líder do grupo que domina seis comunidades na Praça Seca, em
Jacarepaguá, o ex-sargento da Polícia Militar Luiz Monteiro da Silva, o Doem,
em dez anos, praticamente dobrou o número de moradores com ocupações
irregulares. Esticou seus territórios sobre áreas de proteção ambiental, sítios
abandonados e terrenos públicos. Saltou de pouco mais de 6 mil moradores, em
2006, para 13 mil no ano passado.
Em todos os negócios, a quadrilha de Doem lucrou pelo menos
em duas etapas: na venda dos terrenos e, depois, com a oferta dos “serviços”.
Para ampliar ainda mais o faturamento, chegou a criar em sociedade com a
mulher, em 2010, a Uru12 Doem Construções, uma loja de material de construção
na comunidade da Chacrinha.
Imagens aéreas da favela, feitas ao longo dos últimos oito
anos e registrados pelo site Google, mostram uma parte do ‘crescimento’ da
comunidade. Dois amplos terrenos nas ruas Florianópolis e Urucuia são ocupados
por construções — algumas com mais de um andar. As obras de ‘urbanização’
chegavam a pavimentar os terrenos — valorizando, evidentemente, o lugar.
Mas nada é mais emblemático do que o avanço sobre o Maciço
da Pedra Branca. O ex-sargento chegou a gastar R$ 1,8 milhão para comprar um
terreno de 700 mil metros quadrados na Rua Tejo, do lado de fora da favela. A
ideia era construir um condomínio com 240 lotes de classe média. Em sociedade
com João Bosco Damasceno da Silva — usado como laranja para adquirir a área —,
ele pretendia um pouco mais: grilar um pedaço de terra dez vezes maior. Chegou
a circundar o terreno e abriu uma estrada dupla com a ajuda de tratores.
Para a estratégia dar certo, a quadrilha montou uma
imobiliária para negociar e até financiar os lotes. O condomínio foi cercado e
nove terrenos chegaram a ser vendidos até Doem e o sócio serem processados pelo
Ministério Público e condenados a 12 anos de prisão por parcelamento de solo —
a área é de preservação ambiental — e formação de quadrilha.
Nem tudo é só empreendedorismo na quadrilha. As
investigações da polícia mostram que os desobedientes ou devedores iam parar no
‘Serasa’ da milícia, onde, além de perder o crédito e ter casa destruída e
incendiada, o morador corria o risco levar uma surra e ser expulso da
comunidade. Como aconteceu com seis famílias num assentamento na Comunidade
Comandante Luiz Souto, onde cada lote custava entre R$ 4 mil e R$ 8 mil, com
prestações de R$ 300 e R$ 500.
JUSTIÇA: SÓ UM LOTEAMENTO RENDERIA R$ 14 MILHÕES À QUADRILHA
Área ‘imobiliária’ era a mais rentável para o bando, ao lado
do transporte ilegal
No processo que levou Luiz Monteiro da Silva à condenação,
as provas obtidas pela Polícia Civil revelam como age e lucra a milícia da
Chacrinha. A apuração constatou que a quadrilha invadiu e colocou centenas de
lotes à venda nas comunidades. Só na Urucuia são mais de dez endereços e, em um
deles, fica a Favela Sem Teto, que em 2010 foi ampliada sobre a mata, onde
surgiram dezenas de barracos e algumas construções mais sofisticadas.
A documentação obtida pelo Núcleo de Combate à Corrupção e à
Lavagem de Dinheiro constata, ainda, que Doem tem muito mais patrimônio do que
a renda obtida como policial. Ele aparece como dono de quatro casas, 22
quitinetes, um apartamento, dois terrenos, quatro carros e uma moto.
Seu sócio, João Bosco, declarava na Receita Federal um
patrimônio simplório até 2008 — R$ 12 mil —, quando surge como dono de um
terreno avaliado em R$ 1,8 milhão. Melhor: o negócio fora fechado no cartório e
o valor foi pago em dinheiro vivo.
Para os agentes não resta dúvidas de que o dinheiro para a
compra do terreno veio de Doem e que a ideia de fazer um condomínio de classe
média era, na verdade, uma forma de dar uma cara legal (lavagem) ao dinheiro
obtido ilicitamente com a milícia. Lucro da venda de gás, gatonet, segurança
privada e, principalmente, com o transporte complementar clandestino.
Só com o loteamento da Rua Tejo, a Justiça estimou que a
quadrilha de Doem faturaria algo em torno de R$ 14 milhões. Cada um dos 240
lotes custava R$ 60 mil.
Considerada a mais rentável fonte de renda da quadrilha — ao
lado da venda de terrenos invadidos — o transporte de Kombis chamou a atenção
dos policiais. É que, no papel, o dono da Cooper Brim Cooperativa de Transporte
Alternativo é João Bosco. Mas o endereço que consta na Junta Comercial como
sede da empresa é uma das casas de Doem. Na prática, mais uma vez o sócio é
usado como laranja na empreitada por Luiz Monteiro.
Ao falar na Corregedoria da PM sobre a relação e como obteve
tantos bens, Doem admitiu que o centro social e lojas na Rua Urucuia foram
construídos em uma área invadida na favela e que os quitinetes foram erguidos
com seu próprio esforço ao longo de 15 anos.
A tomada de áreas pela quadrilha segue uma conduta básica da
grilagem de terra: em pelo menos duas áreas, dois amplos terrenos na Rua
Urucuia — que pertenceram a uma construtora falida e a uma casa de repouso — se
transformaram em centenas de casas e algumas delas hoje pertencem aos próprios
milicianos.
TRÁFICO E MILÍCIA
DISPUTAM ESPAÇO À BALA EM CONJUNTOS DO ‘MINHA CASA, MINHA VIDA’ EM SÃO GONÇALO
E NA BAIXADA
São 18h de 10 de março deste ano. Um ônibus escolar
estaciona na entrada do Parque Valdariosa 2, empreendimento do “Minha casa,
minha vida” em Queimados, na Baixada Fluminense. Enquanto as crianças saem em
direção ao parquinho, o grito preocupado das mães, chamando os filhos para
dentro de casa, abafa o som dos risos dos pequenos: dois meses antes, dois
jovens haviam sido assassinados na área de recreação. No oitavo capítulo da série
“Minha casa, minha sina”, o EXTRA mostra que, além de estar presente em todos
os 64 condomínios do Rio, o crime organizado também disputa espaço à bala em
condomínios da Baixada e de São Gonçalo.
Em 18 de janeiro, dois homens saltaram de um Gol branco na porta
do condomínio e atiraram contra Romário Guilherme Gonçalves da Costa, de 20
anos, e Jefferson Monte da Silva, de 18. Romário morreu na hora. Jefferson foi
levado para a UPA de Queimados, mas não resistiu aos ferimentos. Um menino de 4
anos que brincava no parquinho foi baleado de raspão.
As mortes são o ápice de uma guerra entre traficantes e
milicianos pelo controle do condomínio. Em depoimento à Divisão de Homicídios
da Baixada Fluminense (DHBF), uma testemunha contou que Romário costumava
“praticar roubos” no local. Moradores ouvidos pelo EXTRA afirmaram que os
paramilitares estariam contrariados com a venda de drogas.
A presença dos dois grupos no conjunto é de conhecimento das
autoridades. A 55ª DP (Queimados) tem dois inquéritos diferentes para investigar
tráfico e milícia no local. Um deles foi aberto a partir de denúncias enviadas
ao Ministério Público, que relatavam a prática de “agiotagem e pagamento de
propina” por parte de PMs do 24º BPM (Queimados). O outro investiga o
transporte de drogas por mototaxistas para dentro do condomínio.
— É difícil viver com a violência à sua porta. Não consegui
suportar — conta uma mulher que decidiu abandonar o conjunto no fim do ano
passado.
As marcas de bala no muro do condomínio Vista Alegre, no
bairro Mundel, em São Gonçalo, não deixam dúvidas: a área é conflagrada.
Moradores lembram bem da época em que os tiros atingiram o conjunto, maio de
2014 — um mês após a inauguração, com a presença da presidente Dilma Rousseff.
— Quem fez isso foi o tráfico, dois homens numa moto.
Ficaram insatisfeitos com um grupo de moradores que estava montando uma milícia
e fazendo serviço de segurança — explica um morador.
A disputa durou pouco. Segundo agentes da 74ª DP
(Alcântara), após expulsarem pelo menos dois moradores, traficantes se
instalaram em apartamentos e, hoje, vendem drogas no condomínio. Em novembro do
ano passado, Patrick de Oliveira Rocha, de 20 anos, foi preso quando entrava no
conjunto. Ele tinha um mandado de prisão por tráfico e era apontado como chefe
da quadrilha que atua no local. Quando foi detido, Patrick tentou subornar os
policiais com mil reais. Hoje, graças a uma decisão da Justiça, ele está de
volta às ruas.
Um estudo feito por três organizações de pesquisa — o
Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), o Metrópole Projetos
Urbanos (MUP) e o Instituto Brasileiro de Análise e Planejamento (Ibase) — com
700 moradores do Parque Valdariosa revelou que, no ranking de problemas do
condomínio, o mais citado é a falta de segurança pública. Ao todo, 37% dos
entrevistados lembraram da insegurança.
Grupos criminosos
Já 63% das pessoas ouvidas afirmaram que não se sentem
seguras ao circular pelo conjunto de dia ou à noite. Perguntados sobre os
motivos da falta de segurança, 20% dos moradores disseram que já viram grupos
criminosos circulando pelo Valdariosa. Sobre a presença do tráfico dentro do
condomínio,
39% dos entrevistados afirmaram já ter visto a venda de
drogas no local.
Armas de fogo
Além disso, 16% dos moradores afirmam que já viram pessoas
que não eram policiais circulando com armas de fogo pelo condomínio. O
relatório conclui que “a ausência tanto de uma institucionalidade local quanto
do poder público no Valdariosa leva a um vazio político no território,
preenchido por grupos clandestinos ou ilegais como milícias, quadrilhas de
traficantes e outros”.
‘Minha casa, minha sina’
Após três meses de apuração, o EXTRA constatou que todos,
absolutamente todos os 64 condomínios do “Minha casa, minha vida” destinados
aos beneficiários mais pobres — a chamada faixa 1 de financiamento — no
município do Rio são alvo da ação de grupos criminosos. Neles, moram 18.834
famílias submetidas a situações como expulsões, reuniões de condomínio feitas
por bandidos, bocas de fumo em apartamentos, interferência do tráfico no
sorteio dos novos moradores, espancamentos e homicídios.
Mais de 200 pessoas foram ouvidas, entre moradores,
síndicos, policiais civis e militares, promotores, funcionários públicos e
terceirizados, pesquisadores e autoridades. Além disso, foram analisados
documentos da Polícia Civil, do Ministério Público, da Secretaria de Habitação,
do Disque-Denúncia, da Caixa Econômica e do Ministério das Cidades, parte deles
obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. O material deu origem à série
“Minha casa, minha sina”.
TIROS AFASTAM
NEGÓCIOS E CURSOS DO CONJUNTO DE FAVELAS DO ALEMÃO, RIO
Uma nova rotina se instala no Conjunto de Favelas do Alemão,
na Zona Norte do Rio, além de trocas de tiros frequente: o colapso de pequenas
empresas, como agência de turismo, lanchonetes e restaurantes. Enquanto algumas
fecham as portas, cursos se mudam para áreas mais seguras da cidade — embora,
institucionalmente, o Alemão seja tratado como "pacificado".
O processo de falência ou de mudança começou antes mesmo de
um tiro estourar o crânio do garoto Eduardo de Jesus, de 10 anos, na porta de
sua casa na última quinta-feira (2). Devido aos confrontos entre policiais e
traficantes, uma agência de turismo que guiava estrangeiros e cariocas pelos
becos da comunidade foi obrigada a encerrar os passeios já durante a Copa do
Mundo, no ano passado.
Mariluce Maria de Souza, idealizadora do projeto Rio Favela
Tour, ao lado do marido Cléberson, estima que sete mil pessoas chegaram a
visitar o Alemão por dia no auge do sucesso — e da paz — durante uma novela que
se passava na comunidade. Há cerca de 9 meses, no entanto, o cenário mudou.
"A gente praticamente desativou [a agência]. Até hoje,
tem pedido [de passeios] mas não tem como. A gente faliu por causa da violência
e tantos outros empreendedores que acreditaram no turismo estão como nós",
relata Mariluce.
Em redes sociais, a professora de um curso profissionalizante
que não quis se identificar se referiu ao período como "guerra". Ela
contou que teve de dormir na sala de aula, após tiroteio "muito
intenso". Em nota, a Secretaria Estadual de Cultura (SEC) informou
que algumas das aulas oferecidas pelo órgão não foram interrompidas, como os
cursos de moda, artes marciais e teatro. A SEC informou ainda que a biblioteca
infantil da Ocupação Cultural do Alemão está sendo oferecida
"normalmente".
Coordenadora de outra cadeira, a de Laboratório Editorial,
que se propõe a publicar a revista Setor X, Anna Dantes teve que se conformar
com a transferência das aulas para Manguinhos. Quando a paz permite, as aulas
retornam ao Alemão, mas ela reconhece que, durante um tempo, tornou-se
"inviável" lecionar no local.
"A turma decidiu a transferência junto com os
professores. A revista está ficando bem bacana e é só coisa linda, em oposição
ao terror", conta.
EMBAIXO DO NARIZ Um grupo de 23 bandidos armados invadiu o alojamento da empresa La Farge,
no Alemão, semana passada.
Com fuzis e drogas, os bandidos mandaram que os funcionários ficassem calmos.
Queimaram duas máquinas de R$ 1 milhão cada, tomaram banho e vestiram o
uniforme da empresa.
No fim, entraram no ônibus dos funcionários e conseguiram sair da favela — nas
barbas da polícia. (coluna Ancelmo Góis – O Globo – 07.04.04.2015)
PORTA DOS FUNDOS
- Humor nada, ainda chegaremos a este dia, quem viver verá!
RESPONDA SE FOR CAPAZ:
EM QUE PAÍS SÉRIO OS
CIDADÃOS DE BEM VIVEM SITIADOS, ATERRORIZADOS E SENDO EXPULSOS PELO CRIME
ORGANIZADO E AS AUTORIDADES DOS TRÊS PODRES PODERES PREOCUPADÍSSIMAS EM
AUMENTAR AINDA MAIS OS PRIVILÉGIOS, REGALIAS E BENESSES CONCEDIDOS À
BANDIDAGEM?!
REPOSTAS PARA A IDÔNEA
SECRETARIA NACIONAL DE ...”DIREITOS HUMANOS”!