JULIO LOPES DIZ QUE
VIAGEM A PARIS COM CAVENDISH FOI IMPORTANTE
Primeiro secretário a falar do caso não vê constrangimento
em ter sido fotografado
RIO - O secretário estadual de Transportes, Julio Lopes,
disse nesta sexta-feira não ter se sentido constrangido com as
fotos
e os vídeos divulgados pelo deputado federal Anthony Garotinho (PR). Antes
de participar da cerimônia de homenagem ao ex-presidente Lula promovida por
universidades públicas, no Rio, Lopes afirmou que o grupo liderado pelo
governador Sérgio Cabral (PMDB) em viagem a Paris, em 2009, estava fazendo um
trabalho importante. Lopes, Cabral e outros secretários aparecem ao lado de
Fernando Cavendish, dono da Delta Construções.
— Não fiquei
constrangido. De forma alguma. Não me parece que eu estivesse em um momento
constrangedor. Nós estávamos fazendo um trabalho importante para a divulgação
da cidade e para o próprio desenvolvimento do estado — afirmou Lopes, o
primeiro integrante da caravana do governo a se manifestar publicamente sobre o
caso.
Em uma das fotos, Lopes e o chefe da Casa Civil, Régis Fichtner, estão abraçados com Cavendish. Fichtner é o responsável pela auditoria anunciada pelo governo nos
contratos assinados com a Delta, investigada na CPI do Cachoeira.
...
BONDE
Mais um empresário com contratos com o governo e a
Prefeitura do Rio aparece nas fotos da festa de Sérgio Cabral em Paris.
Trata-se de Marco Antonio de Luca, filho de um dos sócios da
Milano, fornecedora de refeições para escolas e hospitais. (coluna
Painel – Folha – 04.05.2012)
ENQUANTO ISSO NOS PAÍSES SÉRIOS...
- Esta minha “moral burguesa” ainda acaba me matando!
PÉROLA
"Estou
pronto para dar explicação ao PSDB e à CPI. Eu quero ser ouvido pela CPI. Não é
teatro. Não tenho dificuldade para explicar nada” — Carlos Alberto Leréia,
deputado federal (PSDB-GO)
- Com certeza, nobre, diria até,
nobilíssimo deputado, na republiqueta amoral, aética e desavergonhada, Vossa
Excelência não terá nenhuma dificuldade de explicar, até porque, muitos de
vossos pares se banharam na mesma Cachoeira, agora, num país sério, parlamentar
flagrado transferindo informações confidenciais da República para mafioso já
estaria na Papuda há muito tempo.
AMENIDADES
Dois vovozinhos de oitenta e poucos anos, num banco de
jardim a dar milho aos pombos, comentam um com o outro:
- Zé, não consigo dormir, deito na cama e levo horas para dormir.
- Olha, eu durmo sempre,que nem um anjo.
- E como é que você faz para dormir?
- Me masturbo…
- Bate uma?
- Sim.
- Sério?
- Sério.
- E goza?
- Não… mas canso. E aí durmo!
NA MINHA TERRA, ISTO
NÃO É JORNALISMO INVESTIGATIVO, ISTO É BANDITISMO
OPINIÃO DO DIA
Jornalista Bob Fernandes
TREVAS AO MEIO-DIA
Por que a mídia nativa fecha-se em copas diante das relações
entre Carlinhos Cachoeira e a revista Veja? O que a induz ao silêncio? O
espírito de corpo? Não é o que acontece nos países onde o jornalismo não se
confunde com o poder e em vez de servir a este serve ao seu público. Ali os
órgãos midiáticos estão atentos aos deslizes deste ou daquele entre seus pares
e não hesitam em denunciar a traição aos valores indispensáveis à prática do jornalismo.
Trata-se de combater o mal para preservar a saúde de todos. Ou seja, a
dignidade da profissão.
O Reino Unido é excelente e atualíssimo exemplo.
Estabelecida com absoluta nitidez a diferença entre o sensacionalismo
desvairado dos tabloides e o arraigado senso de responsabilidade da mídia
tradicional, foi esta que precipitou a CPI habilitada a demolir o castelo
britânico de Rupert Murdoch. Isto é, a revelar o comportamento da tropa
murdoquiana com o mesmo empenho investigativo reservado à elucidação de
qualquer gênero de crime. Não pode haver condão para figuras da laia do magnata
midiático australiano e ele está sujeito à expulsão da ilha para o seu bunker
nova-iorquino, declarado incapaz de gerir sua empresa.
O Brasil não é o Reino Unido, a gente sabe. A mídia
britânica, aberta em leque, representa todas as correntes de pensamento. Aqui,
terra dos herdeiros da casa-grande e da senzala, padecemos a presença maciça da
mídia do pensamento único. Na hora em que vislumbram a chance, por mais remota,
de algum risco, os senhores da casa-grande unem-se na mesma margem, de sorte a
manter seu reduto intocado. Nada de mudanças, e que o deus da marcha da família
nos abençoe. A corporação é o próprio poder, de sorte a entender liberdade de
imprensa como a sua liberdade de divulgar o que bem lhe aprouver. A distorcer,
a inventar, a omitir, a mentir. Neste enredo vale acentuar o desempenho da
revista Veja. De puríssima marca murdoquiana.
Não que os demais não mandem às favas os princípios mais
elementares do jornalismo quando lhes convém. Neste momento, haja vista, omitem
a parceria Cachoeira-Policarpo Jr., diretor da sucursal de Veja em Brasília e
autor de algumas das mais fantasmagóricas páginas da semanal da Editora Abril,
inspiradas e adubadas pelo criminoso, quando não se entregam a alguma pena
inspirada à tarefa de tomar-lhe as dores. Veja, entretanto, superou-se em uma
série de situações que, em matéria de jornalismo onírico, bateram todos os
recordes nacionais e levariam o espelho de Murdoch a murmurar a possibilidade
da existência de alguém tão inclinado à mazela quanto ele. E até mais
inclinado, quem sabe.
O jornalismo brasileiro sempre serviu à casa-grande, mesmo
porque seus donos moravam e moram nela. Roberto Civita, patrão abriliano, é
relativamente novo na corporação. Sua editora, fundada pelo pai Victor, nasceu
em 1951 e Veja foi lançada em setembro de 1968. De todo modo, a se considerarem
suas intermináveis certezas, trata-se de alguém que não se percebe como
intruso, e sim como mestre desbravador, divisor de águas, pastor da grei. O
sábio que ilumina o caminho. Roberto Civita não se permite dúvidas, mas um
companheiro meu na Veja censurada pela ditadura o definia como inventor da
lâmpada Skuromatic, aquela que produz a treva ao meio-dia.
Indiscutível é que a Veja tem
assumido a dianteira na arte de ignorar princípios. A revista exibe um
currículo excepcional neste campo e cabe perguntar qual seria seu momento mais
torpe. Talvez aquele em que divulgou uma lista de figurões encabeçada pelo
então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, apontados como donos
de contas em paraísos fiscais.
Lista fornecida pelo
banqueiro Daniel Dantas, especialista no assunto, conforme informação divulgada
pela própria Veja. O orelhudo logo desmentiu a revista, a qual, em revide,
relatou seus contatos com DD, sem deixar de declinar-lhes hora e local. A
questão, como era previsível, dissolveu-se no ar do trópico. Miúda observação:
Dantas conta entre seus advogados, ou contou, com Luiz Eduardo Greenhalgh e
Márcio Thomaz Bastos, e este é agora defensor de Cachoeira. É o caso de dizer
que nenhuma bala seria perdida?
Sim, sim, mesmo os
mais eminentes criminosos merecem defesa em juízo, assim como se admite que
jornalistas conversem com contraventores. Tudo depende do uso das informações
recebidas. Inaceitável é o conluio. A societas sceleris. A bandidagem em comum.
(jornalista Mino Carta – Carta Capital – 04.05.2012)
VEJA, UM CASO SÉRIO
Desde 1996, Marcus Figueiredo investiga os processos
eleitorais a partir da cobertura feita pelos jornais Folha de S.Paulo, O Globo
e O Estado de S. Paulo. Nesse período, Figueiredo, agora coordenador do Instituto
de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (Uerj), reuniu evidências sólidas para poder afirmar com segurança: “Há
certa resistência, da parte dos jornalistas, em admitir a legitimidade da
análise de mídia. Os próprios meios dedicam pouco espaço ao tema”.
Há poucos dias, no entanto, o veterano jornalista Merval
Pereira, de O Globo, quebrou essa regra não escrita e se dedicou ao tema. Saiu
em defesa da revista Veja, envolvida com questões do receituário da CPI.
“O relacionamento de jornalistas da revista Veja com o
bicheiro Carlinhos Cachoeira e seus asseclas nada tem de ilícito”, assegurou
Merval.
Essa afirmação vigorosa se sustenta em bases frágeis. Merval
enalteceu o “jornalismo investigativo” praticado na revista. Veja, no entanto,
foi parceira de um jogo criminoso. Aliou-se a um contraventor e, no afã de
denunciar escândalos, criou escandalosamente um deles. Cachoeira oferecia a
munição e Veja atirava.
No futuro, esse episódio e outros deverão ser objeto de estudo
acadêmico possivelmente sob o título de “O caso Veja”. Melhor seria abandonar o
formalismo acadêmico e chegar a um título mais adequado à tese “Veja é um caso
sério”.
Não é a primeira vez
que a revista sapateia sobre as regras do jornalismo. Mais do que isso.
Frequentemente, ela sai do jogo e -adota o vale-tudo.
Em 2006, por exemplo,
Veja foi protagonista de um episódio inédito no jornalismo mundial, ao acusar o
então presidente Lula de ter conta no exterior. Na mesma reportagem, no
entanto, confessa não ter conseguido comprovar a veracidade do documento usado
para fazer sustentar o que denunciava. Só o vale-tudo admite acusação sem
provas.
A imprensa
brasileira, particularmente, tem assombrosos erros históricos. Um prontuário
que inclui, entre outros, a participação na pressão que levou Vargas ao
suicídio, em 1954, e quando se tornou porta-voz do movimento de deposição de
Jango, em 1964.
A ascensão de um
operário ao poder é outro marco divisório da imprensa brasileira. A eleição de
Lula acirrou os ânimos dos “barões da mídia”. O noticiário passou a se
sustentar, primeiramente, nas divergências políticas e, depois, mas não menos
importante, no preconceito de classe. A imprensa adotou o que Marcus Figueiredo
chama de “discurso ético de autoqualificação diante dos leitores”.
No exercício diário, semanal ou semestral, porém, essa
propaganda se esfuma. Figueiredo fez um flagrante em 2006:
“(…) o que vimos são diferenças no tratamento conferido aos
candidatos, de amplificação de certos temas negativamente associados a Lula,
contraposto à benevolência no tratamento de temas espinhosos relacionados aos
seus adversários”.
É possível recolher na história das redações inúmeros
exemplos de desvios éticos provocados pela busca da informação exclusiva. Mas
tudo, em geral, provocado pelo afã de profissionais em busca do “furo”
sensacional.
Essa prática se
mantém, mas sustentada muitas vezes em parceria criminosa e não em investigação
jornalística.
Certas reportagens de
Veja nos põem diante de um caso assim. A informação chega à redação de mãos
beijadas. No caso, as mãos de Carlinhos Cachoeira.
Jornalista Mauricio Dias – Carta Capital – 06.05.2012
- Mas parece que, pra grande mídia safada, ordinária e
pusilânime não tem bandidos, nem corruptos no jornalismo, são todos vestais da
moralidade. Seu silêncio corporativo ou cretino é ensurdecedor!
SE HOUVE 'CORRUPÇÃO',
MÍDIA SERÁ INVESTIGADA, DIZ RELATOR DE CPI
"Se houve cooptação e corrupção de alguns atores da
mídia, isso deve ser investigado", disse nesta quinta-feira (3) o relator
da CPI mista do Cachoeira, deputado federal Odair Cunha (PT-MG). Ele afirmou
que "não há tema proibido" nos trabalhos da comissão.
- É o mínimo que se espera, né nobre relator, se é para
apurar a lamaceira nos quatro podre Poderes, por quê deixar o quarto de fora?!
- Ai me vem a dona Ombudsman ou
Ombudswoman, como queirão, da Folha, pálida e dissimuladamente posar de isenta,
senão vejamos:
TEMA PROIBIDO
A imprensa deve revelar sua relação com o bicheiro para que
o leitor decida o que é eticamente aceitável
A imprensa tem-se mostrado ágil e eloquente na publicação de
qualquer evidência de envolvimento com o superbicheiro de Goiás, Carlos
Cachoeira. Já se levantaram suspeitas sobre governadores, senadores, deputados,
policiais, empresários, mas reina um silêncio reverente no que tange à própria
mídia.
O sujeito nem precisa ter sido pego em conversa direta com Cachoeira, uma
citação ao seu nome é suficiente para virar notícia -na semana passada, por
exemplo, a Folha destacou uma tentativa de lobby no Ministério da Educação.
Já menções à imprensa, na grande imprensa, têm sido quase ignoradas. A Folha,
que tem ombudsman para publicar o que a Redação menospreza, aparece em dois
grampos, nada comprometedores.
Num diálogo, Cachoeira comenta nota do Painel, de 7 de julho de 2011, em que o
deputado federal Sandro Mabel, de Goiás, nega ser a fonte das denúncias que
derrubaram o ministro dos Transportes. O bicheiro se diverte e diz que foi o
senador Demóstenes Torres (ex-DEM) quem espalhou isso em Brasília.
Em outra conversa, o contraventor e Claudio Abreu, na época diretor da Delta,
tentam evitar a publicação de uma reportagem. Primeiro, Abreu diz que "nós
tamos bem lá", mas depois lamenta não ter contato no jornal. "Queria
alguma relação com a Folha."
A Secretaria de Redação não identificou o assunto que incomodou a empreiteira,
mas diz que, após o tal telefonema, "a Folha publicou duas reportagens
críticas à Delta: uma falando de sobrepreço em reforma no Maracanã e outra
sobre paralisação de obra em Cumbica".
A "Veja", que aparece várias vezes nos grampos, publicou apenas um
diálogo em que é citada e colocou, no on-line, uma defesa de seus princípios
("Ética jornalística: uma reflexão permanente"). O artigo, do diretor
de Redação, afirma que "ter um corrupto como informante não nos
corrompe" e lembra ao leitor que "maus cidadãos podem, em muitos
casos, ser portadores de boas informações". Cabe ao jornalista avaliar
"se o interesse público maior supera mesmo o subproduto indesejável de
satisfazer o interesse menor e subalterno da fonte".
Trocando em miúdos: mesmo sendo uma pessoa inidônea, Cachoeira pode ter
fornecido à revista dados valiosos, que levaram a importantes denúncias de
corrupção.
Do que veio a
público até o momento, não há nada de ilegal no relacionamento
"Veja"-Cachoeira. O paralelo com o caso Murdoch, que a blogosfera de
esquerda tenta emplacar, soa forçado, porque, no caso inglês, há provas de
crimes, como escutas ilegais e a corrupção de policiais e autoridades.
Não ser ilegal é diferente, porém, de ser "eticamente aceitável".
Foram oferecidas vantagens à fonte? O jornalista sabia como as informações eram
obtidas? Tinha conhecimento da relação próxima de Cachoeira com o senador
Demóstenes? Há muitas perguntas que só podem ser respondidas se todas as cartas
estiverem na mesa.
É preciso divulgar os diálogos relevantes que citem a imprensa. A Secretaria de
Redação diz que tem "publicado reportagens a respeito, quando julga que há
notícia". "Na sexta, entrevista com o relator da CPI tratava do tema
e estava na Primeira Página. Já em abril havia reportagem de Brasília e
colunistas escreveram a respeito", afirma.
É pouco. Grampos mostram que a mídia fazia parte do xadrez de Cachoeira. Que
essa parte do escândalo seja tratada sem indulgência, com a mesma dureza com
que os políticos têm sido cobrados. Permitir-se ser questionado, jogar luz
sobre a delicada relação fonte-jornalista, faz parte do jogo democrático.
(ombusman da Folha Suzana Singer – Folha – 06.05.2012)
- Claro, veio a
público um ou dois diálogos, dos duzentos telefonemas interceptados pela PF, e
o bicheiro mafioso ditando a pauta da revista não é o bastante para
caracterizar banditismo e não jornalismo investigativo?
- E o corporativismo cretino vai dar mais publicidade de
algum outro edificante diálogo entre o jornalista e o mafioso?
- Como não poderia faltar, o “insuspeito” O Globo, vem com
este Editorial cretino:
ROBERTO CIVITA NÃO É
URBERT MURDOCH
Blogs e veículos de
imprensa chapa branca que atuam como linha auxiliar de setores radicais do PT
desfecharam uma campanha organizada contra a revista "Veja", na
esteira do escândalo Cachoeira/Demóstenes/Delta.
A operação tem todas as características de retaliação pelas
várias reportagens da revista das quais biografias de figuras estreladas do
partido saíram manchadas, e de denúncias de esquemas de corrupção urdidos em
Brasília por partidos da base aliada do governo.
É indisfarçável, ainda, a tentativa de atemorização da
imprensa profissional como um todo, algo que esses mesmos setores radicais do
PT têm tentado transformar em rotina nos últimos nove anos, sem sucesso, graças
ao compromisso, antes do presidente Lula e agora da presidente Dilma Roussef,
com a liberdade de expressão.
A manobra se baseia
em fragmentos de grampos legais feitos pela Polícia Federal na investigação das
atividades do bicheiro Carlinhos Cachoeira, pela qual se descobriu a verdadeira
face do senador Demóstenes Torres, outrora bastião da moralidade, e, entre
outros achados, ligações espúrias de Cachoeira com a construtora Delta.
As gravações registraram vários contatos entre o diretor da
Sucursal de "Veja" em Brasília, Policarpo Jr, e Cachoeira. O bicheiro
municiou a reportagem da revista com informações e material de vídeo/gravações
sobre o baixo mundo da política, de que alguns políticos petistas e aliados
fazem parte.
A constatação animou alas radicais do partido a dar o troco.
O presidente petista, Rui Falcão, chegou a declarar formalmente que a CPI do
Cachoeira iria "desmascarar o mensalão".
Aos poucos, os tais
blogs começaram a soltar notas sobre uma suposta conspiração de
"Veja" com o bicheiro. E, no fim de semana, reportagens de TV e
na mídia impressa chapas brancas, devidamente replicados na internet,
compararam Roberto Civita, da Abril, editora da revista, a Rupert Murdoch, o
australiano-americano sob cerrada pressão na Inglaterra, devido aos crimes
cometidos pelo seu jornal "News of the World", fechado pelo próprio
Murdoch.
Comparar Civita a
Murdoch é tosco exercício de má-fé, pois o jornal inglês invadiu, ele próprio,
a privacidade alheia.
Quer-se produzir um escândalo de imprensa sobre um contato
repórter-fonte. Cada organização jornalística tem códigos, em que as regras
sobre este relacionamento — sem o qual não existe notícia — têm destaque, pela
sua importância.
Como inexiste notícia passada de forma desinteressada, é
preciso extremo cuidado principalmente no tratamento de informações vazadas por
fontes no anonimato.
Até aqui, nenhuma das
gravações divulgadas indica que o diretor de “Veja” estivesse a serviço do
bicheiro, como afirmam os blogs, ou com ele trocasse favores espúrios. Ao
contrário, numa das gravações, o bicheiro se irrita com o fato de municiar o
jornalista com informações e dele nada receber em troca.
Estabelecem as Organizações Globo em um dos itens de seus
Princípios Editoriais: "(...) é altamente recomendável que a relação com a
fonte, por mais próxima que seja, não se transforme em relação de amizade. A
lealdade do jornalista é com a notícia".
E em busca da notícia o repórter não pode escolher fontes.
Mas as informações que vêm delas devem ser analisadas e confirmadas, antes da
publicação. E nada pode ser oferecido em troca, com a óbvia exceção do
anonimato, quando necessário.
O próprio braço sindical do PT, durante a CPI de PC/Collor,
abasteceu a imprensa com informações vazadas ilegalmente, a partir da quebra do
sigilo bancário e fiscal de PC e outros.
O "Washington
Post" só pôde elucidar a invasão de um escritório democrata no conjunto
Watergate porque um alto funcionário do FBI, o "Garganta Profunda",
repassou a seus jornalistas, ilegalmente, informações sigilosas.
Só alguém de dentro do esquema do mensalão poderia
denunciá-lo. Coube a Roberto Jefferson esta tarefa.
A questão é como processar as informações obtidas da fonte,
a partir do interesse público que elas tenham. E não houve desmentidos das
reportagens de "Veja" que irritaram alas do PT.
Ao contrário, a maior parte delas resultou em atitudes
firmes da presidente Dilma Roussef, que demitiu ministros e funcionários, no
que ficou conhecido no início do governo como uma faxina ética.
Editorial de O Globo – 07.05.2012
- Não é um primor!!!
- O Murdoch fez arapongagem e corrompeu gente é bandido, o
tal do Civita plantou falsos escândalos pra atender interesses do mafioso; inventou
um áudio pra derrubar o honrado delegado Paulo Lacerda que não dava mole a
corruptos da turma do andar de cima, jornalista da sua revista tenta invadir
apartamento de hotel onde estava hospedado o mensaleiro-mor, é um santo,
acusá-lo seria uma tentativa de mordaça à imprensa, intimidação, vingança e
outras baboseiras!
- E o que imunizaria seu Civita e seu diretor da sucursal de
Brasília de sentar lá na CPI para deporem sobre suas relações promíscuas com o
mafioso? Tem que sentar sim, ele e todos que tiveram envolvimento com o
bandido, inclusive, gente do Poder Judiciário!
- E vamos parar com esta cantilena de que, quem acredita que
o Mensalão existiu, como de fato existiu, é de direita, quem acredita na
bandidagem da Veja é de esquerda e chapa branca, haja vista que, não sou chapa
nenhuma e não acredito em ideologia nenhuma, até porque, é tudo farinha do
mesmo saco, mas, pra mim, existiu sim o Mensalão e a revista Veja fez sim
banditismo mancomunado com o mafioso!
- Agora, na verdade, o que lhes faltam é vergonha na cara ou
coragem de fazerem mea culpa e admitirem que a revista bandida, muitas vezes,
serviu fonte pra eles também repercutirem “escândalos” fabricados por um
mafioso!
O delegado Paulo Lacerda, que por seis anos e meio dirigiu a
Polícia Federal e a Abin durante os governos Lula, aguarda um pedido de
desculpas. Ele espera (talvez sentado) que Gilmar Mendes, ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) e o senador Demóstenes Torres reconheçam as respectivas
responsabilidades nos seus dois anos e meio de exílio.
Início da tarde de 9 de setembro de 2008. A sessão vai
começar em instantes. O delegado Paulo Lacerda, diretor da Abin, está na
ante-sala da Comissão Mista das Atividades de Inteligência do Congresso
Nacional. Uma dezena de parlamentares na sala. Sorrateiro, quase sem ser
notado, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), ex-secretário de Segurança
Pública de Goiás, aproxima-se de Paulo Lacerda e diz:
- Eu o conheço. Sei que o senhor
é um homem sério e, com certeza, não está envolvido com estes fatos, com
grampos. Estou aqui pessoalmente para lhe prestar minha solidariedade e
demonstrar o meu apreço…
Exatos dois meses antes, a Polícia Federal havia prendido o
banqueiro Daniel Dantas na Operação Satiagraha, comandada pelo delegado
Protógenes Queiroz, hoje deputado federal do PCdoB (SP).
No rastro da operação, e tornados personagens de reportagem
da Revista Veja de 3 de setembro, o senador Demóstenes Torres e Gilmar Mendes,
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), denunciaram: tinham sido grampeados
pela Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, dirigida por Paulo Lacerda.
O juiz Mendes, em companhia de outros ministros do
STF, fora ao Palácio do Planalto "chamar o presidente Lula às falas".
Paulo Lacerda seria temporariamente suspenso de suas funções; depois, sob
intensa pressão política, seguiu para o exílio. Por quase dois anos e meio, com
a família junto, Paulo Lacerda foi Adido Policial na embaixada do Brasil em
Portugal.
Nessa tarde de 9 de setembro de 2008, Lacerda ouve,
perplexo, a manifestação de solidariedade sussurrada por Demóstenes, justamente
um dos homens que o acusam de ter comandado grampos durante a Satiagraha.
Acusam-no de ter ordenado, ou permitido, escuta ilegal contra um senador da
República e um ministro do Supremo Tribunal Federal.
Recuperado da surpresa, percebendo a pressa de Demóstenes,
prestes a deixar a sala, Paulo Lacerda responde ao senador:
- Que bom que o senhor pensa
assim, que vê as coisas desse modo. A sessão já vai começar e aí o senhor
terá a oportunidade de dizer isso, de dizer a verdade, e esclarecer as coisas…
- Tenho um compromisso, vou dar
uma saidinha, mas voltarei a tempo – promete o senador Demóstenes Torres.
A sessão arrastou-se
por horas. O senador Demóstenes, o acusador, não voltou.
Naquela tarde, o delegado Lacerda foi duramente questionado.
E acusado de ter montado um esquema de grampos ilegais na Abin. Em vão, ele
repetia:
- Não comandei, não participei, não compactuei, nem tomei conhecimento
de qualquer ilegalidade no procedimento da Abin…
Naquele dia, a estrela da comissão foi o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM). Às 16h53, Virgílio perguntou a
Paulo Lacerda se o ministro da Defesa, Nelson Jobim, tinha mentido ao dizer que
a Abin possuía "equipamento de escutas". Lacerda pediu ao senador
para "fazer a pergunta a Jobim".
Levemente exaltado, com um tom avermelhado na pele, o
político amazonense bradou: disse não ser um "preso", nem estar
"pendurado" num pau-de-arara. E que Paulo Lacerda não estava
"numa delegacia" e, sim, numa sessão do Congresso. Como acusado.
Fim da sessão. O senador Arthur Virgílio se aproxima de
Paulo Lacerda e discorre sobre o que é a política:
- O senhor entende…
eu sou da oposição, temos que ser duros…
Paulo Lacerda é o delegado que comandou a prisão de PC
Farias e a investigação do chamado "Caso Collor", quando mais de 400
empresas e 100 grandes empresários foram indiciados num inquérito de 100 mil
páginas. Tudo, claro, dormitou nas gavetas do Judiciário, ninguém acompanhou
nada e tudo prescreveu.
Anos depois, no governo Lula e com o Ministério da Justiça
sob direção de Márcio Thomaz Bastos, por quase cinco anos Paulo Lacerda dirigiu
– e refundou – a Polícia Federal. A PF teve, então, orçamento que jamais teve
ou voltaria a ter.
Mais de 5 mil
operações foram realizadas, centenas de criminosos de "colarinho
branco" foram presos, o PCC foi atacado em seu coração financeiro. Na
Satiagraha, a PF, já sob direção de Luis Fernando Correa, dividiu-se. Uma banda
trabalhou para prender Daniel Dantas e os seus. Outra banda trabalhou contra a Operação; com a estreita
colaboração, digamos assim, de jornalistas e colunistas que seguem por aí.
Paulo Lacerda, no comando da Abin, foi
acusado por um grampo que nunca ninguém ouviu, que, pelo até hoje se sabe,
nunca existiu. Demóstenes e Gilmar Mendes, por exemplo, nunca ouviram o suposto
grampo; souberam por uma transcrição.
De resto, aquele teria sido um grampo
inédito na história da espionagem. Não flagrou nenhum conversa imprópria. Um
grampo a favor.
A Polícia Federal, ao investigar o caso,
não encontrou vestígio algum de grampo feito pela Abin. Mas, claro, a notícia
de inexistência do grampo saiu em poucas linhas, escondida, aqui e ali.
Quase quatro anos depois, caiu a máscara de Demóstenes
Torres, o homem de muitas faces. Uma delas abrigava em seu gabinete uma enteada
do amigo, o ministro Gilmar Mendes.
Paulo Lacerda voltou do exílio. Toca sua vida. E aguarda que
Demóstenes Torres e Gilmar Mendes, entre tantos outros, lhe peçam desculpas.
- Ah, num país sério, saberíamos
muito bem as consequências!!!