REGRAS DO PROGRAMA
‘MAIS MÉDICOS’ SÃO PUBLICADAS NO DIÁRIO OFICIAL
RIO - O governo federal publicou nesta terça-feira no Diário
Oficial da União as regras para o funcionamento do programa “Mais Médicos”,
que tem como principal objetivo aumentar a quantidade de médicos no Sistema
Único de Saúde (SUS), principalmente no interior do país e nas periferias das
cidades.
O programa prevê o preenchimento das vagas na atenção básica
à saúde nas regiões onde há carência desses profissionais. Será dada prioridade
aos médicos com registro no Brasil, que deverão começar suas atividades em 2 de
setembro. As vagas que sobrarem vão primeiramente para os brasileiros formado
no exterior e, por fim, para os médicos estrangeiros. Estes devem começar a
trabalhar em 18 de setembro. O número de vagas ainda não foi fechado e vai
depender da demanda.
Os estudantes de medicina que começarem o curso em 2015
terão que trabalhar por dois anos no SUS como requisito necessário para ter o
diploma. A medida valerá para todas as
escolas de medicina públicas e privadas do país, mas ainda vai demorar a ter
resultados. Os estudantes vão começar esse segundo ciclo da formação apenas
em 2021, quando tiverem passado pelos seis anos do primeiro ciclo de formação.
- Pior do que isto, só na ilha do companheiro Fidel!
IMPOSTO SOCIALISTA
O governo Dilma rejeitou acordo com Cuba para a vinda de médicos. O país de Raúl Castro queria um acordo governamental com o qual ficaria com grande parte dos salários. O Mais Médico prevê uma relação trabalhista direta com os médicos. (coluna Panorama Político – O Globo – 09.07.2013)
O governo Dilma rejeitou acordo com Cuba para a vinda de médicos. O país de Raúl Castro queria um acordo governamental com o qual ficaria com grande parte dos salários. O Mais Médico prevê uma relação trabalhista direta com os médicos. (coluna Panorama Político – O Globo – 09.07.2013)
COMPASSO
O projeto para a vinda de médicos cubanos ao Brasil já tinha sido colocado em banho-maria, ainda no segundo mandato de Lula. Em viagem a Cuba, o então presidente chegou a se empolgar com a ideia. Mas a informação de que, dos US$ 4.000 pagos por profissional ao governo da ilha, só US$ 40 ficam com os doutores, fez com que ele desistisse de firmar convênio. (coluna Painel – Folha – 09.07.2013)
O projeto para a vinda de médicos cubanos ao Brasil já tinha sido colocado em banho-maria, ainda no segundo mandato de Lula. Em viagem a Cuba, o então presidente chegou a se empolgar com a ideia. Mas a informação de que, dos US$ 4.000 pagos por profissional ao governo da ilha, só US$ 40 ficam com os doutores, fez com que ele desistisse de firmar convênio. (coluna Painel – Folha – 09.07.2013)
- É mais negócio bater calçada na Atlântica, o cafetão faz um
preço mais em conta pro pedágio.
MERCADANTE, O ARTICULADOR
DO CAOS
Na condição de articulador de iniciativas da doutora Dilma,
o comissário Aloizio Mercadante patrocinou três lances de gênio. A saber:
1) A convocação de uma Constituinte exclusiva para fazer uma
reforma política. Durou 24 horas.
2) A convocação de um plebiscito para que o eleitorado
definisse os marcos da reforma. Durou duas semanas.
3) Com o copatrocínio do ministro Alexandre Padilha, da
Saúde, propôs a reorganização do ensino médico, aumentando-o de seis para oito
anos.
Na semana passada, informou-se aqui que as burocracias do
MEC e das universidades federais faziam uma exigência maluca para médicos
formados no exterior que quisessem revalidar seus diplomas. Caso queira
trabalhar no Brasil, um doutor que se formou em Harvard e trabalha na clínica
de Cleveland é obrigado a atestar que mora em Pindorama, mesmo tendo nascido
aqui. Sem isso, não pode pedir a revalidação, que demora até um ano. Até lá,
vive de quê?
A exigência será eliminada, tudo bem, mas havia coisa pior.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, Inep, não sabe dizer
quem pôs o jabuti na forquilha do programa Revalida, muito menos por quê. Essa
mesma condição é exigida na rotina das revalidações de universidades federais.
Puro obstáculo para blindar o mercado. Produto da onipotência dos educatecas.
Agora Mercadante e Padilha querem que os estudantes de
Medicina trabalhem no SUS por dois anos. Novamente, trata-se de um exercício de
onipotência.
Ele se esconde atrás do argumento do aperfeiçoamento dos
médicos. Trata-se de uma lorota, pois o Brasil tem Medicina há séculos e suas
deficiências não derivam da formação dos doutores, mas do desperdício de
dinheiro público e da ganância dos interesses privados, inclusive de médicos.
Imaginem-se dois estudantes. Aloizio é filho de um
banqueiro, estudou em bons colégios e entrou para uma das melhores faculdades
de Medicina. Como são todas públicas, fará o curso sem desembolsar um tostão.
Alexandre é filho de um bancário que trabalha para o pai de Aloizio. Não teve
boas escolas, mas foi aprovado numa instituição privada. A família cacifou algo
como R$ 300 mil, só em anuidades.
Seria razoável que Aloizio devolvesse em serviços para o SUS
os seis anos de faculdade gratuita. Essa é uma antiga proposta de médicos do
setor público. Alexandre, contudo, precisa trabalhar para aliviar o orçamento
do pai bancário. Tem 26 anos, estudá há 18 e agora querem obrigá-lo a ir para
um regime de liberdade condicional trabalhando no SUS por mais dois, ganhando
entre R$ 3 mil e R 8 mil (só os mandarins de Brasília acham que essas duas
quantias são similares).
Se os comissários fossem menos onipotentes, os dois anos de
serviço ao SUS seriam opcionais para quem estudou Medicina em faculdade
privada.
Quem entende do assunto jura que essa iniciativa, que
começaria a valer em 2015, terá o mesmo destino que a Constituinte e o
plebiscito, pois é mais fácil mudar um cemitério de lugar do que alterar os
currículos das faculdades de Medicina. (jornalista Elio Gaspari – O Globo –
14.07.2013)
DILMA, DEIXA EU TE
FALAR UMA COISA!
Fernanda Melo, médica, moradora e trabalhadora de Cabo Frio,
cidade da baixada litorânea do estado do Rio de Janeiro.
Este ano completo 7 anos de formada pela Universidade
Federal Fluminense e desde então, por opção de vida, trabalho no interior.
Inclusive hoje, não moro mais num grande centro. Já trabalhei em cada canto...
Você não sabe o que eu já vi e vivi, não só como médica, mas como cidadã brasileira. Já tive que comprar remédio com meu dinheiro, porque a mãe da criança só tinha R$ 2,00 para comprar o pão.
Por que comprei?
Porque não tinha vaga no hospital para internar e eu já tinha usado todos os espaços possíveis (inclusive do corredor!) para internar os mais graves.
Você sabe o que é puxadinho?
Agora, já viu dentro de enfermaria? Pois é, eu já vi. E muitos. Sabe o que é mãe e filho dormirem na mesma maca porque simplesmente não havia espaço para sequer uma cadeira?
Já viu macas tão grudadas, mas tão grudadas, que na hora da visita médica era necessário chamar um por um para o consultório porque era impossível transitar na enfermaria?
Já trabalhei num local em que tive que autorizar que o familiar trouxesse comida ( não tinha, ora bolas!) e já trabalhei em outro que lotava na hora do lanche (diga-se refresco ralo com biscoito de péssima qualidade) que era distribuído aos que aguardavam na recepção.
Já esperei 12 horas por um simples hemograma. Já perdi o paciente antes de conseguir um mera ultrassonografia. Já vi luva descartável ser reciclada. Já deixei de conseguir vaga em UTI pra doente grave porque eu não tinha um exame complementar que justificasse o pedido.
Já fui ambuzando um prematuro de 1Kg (que óbvio, a mãe não tinha feito pré natal!) por 40 Km para vê-lo morrer na porta do hospital sem poder fazer nada. A ambulância não tinha nada...
Tem mais, calma! Já tive que escolher direta ou indiretamente quem deveria viver. E morrer...
Já ouvi muito desaforo de paciente, revoltando com tanto descaso e que na hora da raiva, desconta no médico, como eu, como meus colegas, na enfermeira, na recepcionista, no segurança, mas nunca em você.
Já ouviu alguém dizer na tua cara: meu filho vai morrer e a culpa é tua? Não, né? E a culpa nem era minha, mas era tua, talvez. Ou do teu antecessor. Ou do antecessor dele...
Já vi gente morrer! Óbvio, médico sempre vê gente morrendo, mas de apendicite, porque não tinha centro cirúrgico no lugar, nem ambulância pra transferir, nem vaga em outro hospital?
Agonizando, de insuficiência respiratória, porque não tinha laringoscópio, não tinha tubo, não tinha respirador?
De sepse, porque não tinha antibiótico, não tinha isolamento, não tinha UTI?
A gente é preparado pra ver gente morrer, mas não nessas condições.
Ah Dilma, você não sabe mesmo o que eu já vi! Mas deixa eu te falar uma coisa: trazer médico de Cuba, de Marte ou de qualquer outro lugar, não vai resolver nada!
E você sabe bem disso.
Só está tentado enrolar a gente com essa conversa fiada. É tanto descaso, tanta carência, tanto despreparo...
As pessoas adoecem pela fome, pela sede, pela falta de saneamento e educação e quando procuram os hospitais, despejam em nós todas as suas frustrações, medos, incertezas...
Mas às vezes eu não tenho luva e fio pra fazer uma sutura, o que dirá uma resposta para todo o seu sofrimento!
O problema do interior não é falta de médico. É falta de estrutura, de interesse, de vergonha na cara. Na tua cara e dessa corja que te acompanha!
Não é só salário que a gente reivindica. Eu não quero ganhar muito num lugar que tenha que fingir que faço medicina. E acho que a maioria dos médicos brasileiros também não.
Quer um conselho?
Pare de falar besteira em rede nacional e admita: já deu pra vocês!
Eu sei que na hora do desespero, a gente apela, mas vamos combinar, você abusou!
Se você não sabe ser "presidenta", desculpe-me, mas eu sei ser médica, mas por conta da incompetência de vocês, não estou conseguindo exercer minha função com louvor!
Não sei se isso vai chegar até você, mas já valeu pelo desabafo!
Você não sabe o que eu já vi e vivi, não só como médica, mas como cidadã brasileira. Já tive que comprar remédio com meu dinheiro, porque a mãe da criança só tinha R$ 2,00 para comprar o pão.
Por que comprei?
Porque não tinha vaga no hospital para internar e eu já tinha usado todos os espaços possíveis (inclusive do corredor!) para internar os mais graves.
Você sabe o que é puxadinho?
Agora, já viu dentro de enfermaria? Pois é, eu já vi. E muitos. Sabe o que é mãe e filho dormirem na mesma maca porque simplesmente não havia espaço para sequer uma cadeira?
Já viu macas tão grudadas, mas tão grudadas, que na hora da visita médica era necessário chamar um por um para o consultório porque era impossível transitar na enfermaria?
Já trabalhei num local em que tive que autorizar que o familiar trouxesse comida ( não tinha, ora bolas!) e já trabalhei em outro que lotava na hora do lanche (diga-se refresco ralo com biscoito de péssima qualidade) que era distribuído aos que aguardavam na recepção.
Já esperei 12 horas por um simples hemograma. Já perdi o paciente antes de conseguir um mera ultrassonografia. Já vi luva descartável ser reciclada. Já deixei de conseguir vaga em UTI pra doente grave porque eu não tinha um exame complementar que justificasse o pedido.
Já fui ambuzando um prematuro de 1Kg (que óbvio, a mãe não tinha feito pré natal!) por 40 Km para vê-lo morrer na porta do hospital sem poder fazer nada. A ambulância não tinha nada...
Tem mais, calma! Já tive que escolher direta ou indiretamente quem deveria viver. E morrer...
Já ouvi muito desaforo de paciente, revoltando com tanto descaso e que na hora da raiva, desconta no médico, como eu, como meus colegas, na enfermeira, na recepcionista, no segurança, mas nunca em você.
Já ouviu alguém dizer na tua cara: meu filho vai morrer e a culpa é tua? Não, né? E a culpa nem era minha, mas era tua, talvez. Ou do teu antecessor. Ou do antecessor dele...
Já vi gente morrer! Óbvio, médico sempre vê gente morrendo, mas de apendicite, porque não tinha centro cirúrgico no lugar, nem ambulância pra transferir, nem vaga em outro hospital?
Agonizando, de insuficiência respiratória, porque não tinha laringoscópio, não tinha tubo, não tinha respirador?
De sepse, porque não tinha antibiótico, não tinha isolamento, não tinha UTI?
A gente é preparado pra ver gente morrer, mas não nessas condições.
Ah Dilma, você não sabe mesmo o que eu já vi! Mas deixa eu te falar uma coisa: trazer médico de Cuba, de Marte ou de qualquer outro lugar, não vai resolver nada!
E você sabe bem disso.
Só está tentado enrolar a gente com essa conversa fiada. É tanto descaso, tanta carência, tanto despreparo...
As pessoas adoecem pela fome, pela sede, pela falta de saneamento e educação e quando procuram os hospitais, despejam em nós todas as suas frustrações, medos, incertezas...
Mas às vezes eu não tenho luva e fio pra fazer uma sutura, o que dirá uma resposta para todo o seu sofrimento!
O problema do interior não é falta de médico. É falta de estrutura, de interesse, de vergonha na cara. Na tua cara e dessa corja que te acompanha!
Não é só salário que a gente reivindica. Eu não quero ganhar muito num lugar que tenha que fingir que faço medicina. E acho que a maioria dos médicos brasileiros também não.
Quer um conselho?
Pare de falar besteira em rede nacional e admita: já deu pra vocês!
Eu sei que na hora do desespero, a gente apela, mas vamos combinar, você abusou!
Se você não sabe ser "presidenta", desculpe-me, mas eu sei ser médica, mas por conta da incompetência de vocês, não estou conseguindo exercer minha função com louvor!
Não sei se isso vai chegar até você, mas já valeu pelo desabafo!
(recebido por e-mail)
NO REINO UNIDO E NA
SUÉCIA, MÉDICOS PRECISAM SERVIR NO SETOR PÚBLICO
LONDRES E PARIS — No Reino Unido e na Suécia, países que teriam inspirado o governo
brasileiro, os jovens recém- saídos das universidades de Medicina
precisam cumprir um período de treinamento remunerado no setor público antes de
receberam licença para exercer a profissão.
Para os britânicos, são obrigatórios dois anos de
treinamento em hospitais públicos, após o período da universidade. Os cursos de
Medicina no país variam de cinco a seis anos e conferem aos estudantes uma
registro provisório, com o qual se inscrevem no chamado “The Foundation
Progamme”.
No primeiro ano, o salário-base do jovem médico é de 24
mil libras anuais (quase R$ 80 mil), segundo estatísticas de 2012. A
quantia pode variar de acordo com as dificuldades do hospital, do cronograma do
profissional e das dificuldades do ofício. Completados os 12 meses iniciais,
ele recebe a licença, mas é obrigado a terminar o segundo ano.
— Só então o médico poderá partir para o período de
especialização e residência, que pode durar outros cinco anos — explica a
assessora da faculdade de Medicina da George's University of London, Elenor
Sheppard.
Na Suécia, o curso dura cinco anos e meio. O programa de
treinamento, conhecido por AT, dura pelo menos 18 meses. É cada vez mais
frequente terminá-lo em 21 meses, ao final dos quais o profissional é submetido
a um exame, sem o qual não pode trabalhar. Após o AT, ele pode escolher sua
especialização, que dura, no mínimo, cinco anos.
Na França, a formação pode levar de 9 a 11 anos. O
vestibular dá direito a cursar um ano de faculdade de Medicina, num aprendizado
mais abrangente em aulas de biologia, bioquímica ou biofísica. Depois, os
melhores alunos são admitidos e prosseguem a formação, em seis anos. A partir
do terceiro ano, passam a praticar atendimento externo remunerado em hospitais
conveniados com as universidades. Com a conclusão do curso, inicia-se um
período também remunerado, equivalente à residência no Brasil, que pode durar
de três a cinco anos.
- Dizem os ufanistas que a republiqueta tem complexo de
vira-lata, diria que é um vira-lata com completo de cão com pedigree!
MAIS MÉDICOS
Estamos despreparados para atender à demanda das
enfermidades responsáveis pela maioria das mortes
A saúde no Brasil padece de dois grandes males: falta de dinheiro e gerenciamento incompetente.
Impossível levar a sério qualquer projeto que não enfrente ao mesmo tempo esses dois desafios. Investir apenas na organização é tão insuficiente quanto alocar mais recursos para um sistema perdulário, contaminado pela corrupção e por interesses políticos da pior espécie.
Há anos gravo programas de educação em saúde pelo interior do Brasil e na periferia das cidades maiores. Nessas andanças, aprendi que o Programa Saúde da Família (PSF) foi um grande avanço para o atendimento dos mais necessitados.
Por meio do PSF, iniciado em 1994, equipes formadas por médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários acompanham até 4.000 pessoas distribuídas em áreas geográficas delimitadas. Seus objetivos são a "promoção, prevenção, recuperação, reabilitação e manutenção da saúde da comunidade."
Mais de 30 mil equipes, que contam com pelo menos 250 mil agentes comunitários, estão espalhadas pelo país. Aos olhos do visitante é notável a diferença das condições de saúde das populações que contam com elas. Estudo conjunto das Universidades de São Paulo e de Nova York mostrou que para cada 10% de aumento da população assistida, a mortalidade infantil cai 4,6%.
Pois bem, esse programa de sucesso precisa de médicos nem sempre fáceis de atrair, mesmo com salários mais altos. Precisa também de enfermeiras, dentistas e de técnicos qualificados, mas vamos nos deter na parte médica.
Médicos forçados a passar dois anos nessas equipes antes de receber a autorização definitiva para clinicar podem dar impulso considerável em busca da universalização do programa.
Se a Constituição permitir que o Estado obrigue alguém a trabalhar em local que não deseja, acho que os recém-formados poderão se beneficiar da experiência: aprenderão a exercer uma medicina que não é ensinada nas faculdades, conhecerão melhor as grandezas do país e a realidade perversa que condena à miséria, que governantes ufanistas insistem em proclamar extinta.
Essa medicina de pés descalços, no entanto, é incapaz de resolver problemas mais complexos. Estes dependem de profissionais motivados, com carreiras no serviço público bem estruturadas, unidades de saúde aparelhadas, hospitais equipados e administrados sem corrupção ou ingerências políticas.
Na Constituição de 1988, declaramos que saúde é um direito do cidadão e um dever do Estado. Nenhum país com mais de 100 milhões de habitantes teve a ousadia de fixar meta tão pretensiosa. Infelizmente, os constituintes levantaram da mesa sem indagar quem pagaria a conta.
Passados 25 anos, constatamos que 56% do investimento em saúde vêm da iniciativa privada, para cobrir os gastos dos 48 milhões de brasileiros com mais recursos. Aos 150 milhões que dependem do governo cabe menos da metade do bolo.
Como consequência, esses 48 milhões de usuários dos planos de saúde têm à disposição quatro vezes mais médicos do que os 150 milhões atendidos pelo SUS.
Tal distorção acontece por uma razão óbvia: o médico procura estar no mercado que oferece salários mais altos e melhores condições de trabalho. Num sistema capitalista como o nosso, não são essas as expectativas de advogados, engenheiros, lixeiros, metalúrgicos e agricultores?
Apregoar como um grande salto na qualidade do atendimento à população a medida de obrigar recém-formados a prestar serviços em localidades desprovidas da infraestrutura mais elementar é simplificação demagógica.
Sem equipes treinadas, laboratórios de análises, imagens, centros cirúrgicos, acesso a medicamentos e a hospitais de referência para encaminhar os casos mais graves não se faz assistência médica digna desse nome.
Os especialistas calculam que no Brasil faltem 70 mil leitos hospitalares. Estamos vergonhosamente despreparados para atender à demanda das enfermidades responsáveis pela maioria dos óbitos: ataques cardíacos, câncer, diabetes, obesidade, derrames cerebrais, acidentes de trânsito, tabagismo, doenças pulmonares.
Atribuir a responsabilidade pelo descaso com o SUS à simples falta de médicos é jogar areia nos olhos do povo descontente. (Dr. Drauzio Varella – Folha – 13.07.2013)
A saúde no Brasil padece de dois grandes males: falta de dinheiro e gerenciamento incompetente.
Impossível levar a sério qualquer projeto que não enfrente ao mesmo tempo esses dois desafios. Investir apenas na organização é tão insuficiente quanto alocar mais recursos para um sistema perdulário, contaminado pela corrupção e por interesses políticos da pior espécie.
Há anos gravo programas de educação em saúde pelo interior do Brasil e na periferia das cidades maiores. Nessas andanças, aprendi que o Programa Saúde da Família (PSF) foi um grande avanço para o atendimento dos mais necessitados.
Por meio do PSF, iniciado em 1994, equipes formadas por médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários acompanham até 4.000 pessoas distribuídas em áreas geográficas delimitadas. Seus objetivos são a "promoção, prevenção, recuperação, reabilitação e manutenção da saúde da comunidade."
Mais de 30 mil equipes, que contam com pelo menos 250 mil agentes comunitários, estão espalhadas pelo país. Aos olhos do visitante é notável a diferença das condições de saúde das populações que contam com elas. Estudo conjunto das Universidades de São Paulo e de Nova York mostrou que para cada 10% de aumento da população assistida, a mortalidade infantil cai 4,6%.
Pois bem, esse programa de sucesso precisa de médicos nem sempre fáceis de atrair, mesmo com salários mais altos. Precisa também de enfermeiras, dentistas e de técnicos qualificados, mas vamos nos deter na parte médica.
Médicos forçados a passar dois anos nessas equipes antes de receber a autorização definitiva para clinicar podem dar impulso considerável em busca da universalização do programa.
Se a Constituição permitir que o Estado obrigue alguém a trabalhar em local que não deseja, acho que os recém-formados poderão se beneficiar da experiência: aprenderão a exercer uma medicina que não é ensinada nas faculdades, conhecerão melhor as grandezas do país e a realidade perversa que condena à miséria, que governantes ufanistas insistem em proclamar extinta.
Essa medicina de pés descalços, no entanto, é incapaz de resolver problemas mais complexos. Estes dependem de profissionais motivados, com carreiras no serviço público bem estruturadas, unidades de saúde aparelhadas, hospitais equipados e administrados sem corrupção ou ingerências políticas.
Na Constituição de 1988, declaramos que saúde é um direito do cidadão e um dever do Estado. Nenhum país com mais de 100 milhões de habitantes teve a ousadia de fixar meta tão pretensiosa. Infelizmente, os constituintes levantaram da mesa sem indagar quem pagaria a conta.
Passados 25 anos, constatamos que 56% do investimento em saúde vêm da iniciativa privada, para cobrir os gastos dos 48 milhões de brasileiros com mais recursos. Aos 150 milhões que dependem do governo cabe menos da metade do bolo.
Como consequência, esses 48 milhões de usuários dos planos de saúde têm à disposição quatro vezes mais médicos do que os 150 milhões atendidos pelo SUS.
Tal distorção acontece por uma razão óbvia: o médico procura estar no mercado que oferece salários mais altos e melhores condições de trabalho. Num sistema capitalista como o nosso, não são essas as expectativas de advogados, engenheiros, lixeiros, metalúrgicos e agricultores?
Apregoar como um grande salto na qualidade do atendimento à população a medida de obrigar recém-formados a prestar serviços em localidades desprovidas da infraestrutura mais elementar é simplificação demagógica.
Sem equipes treinadas, laboratórios de análises, imagens, centros cirúrgicos, acesso a medicamentos e a hospitais de referência para encaminhar os casos mais graves não se faz assistência médica digna desse nome.
Os especialistas calculam que no Brasil faltem 70 mil leitos hospitalares. Estamos vergonhosamente despreparados para atender à demanda das enfermidades responsáveis pela maioria dos óbitos: ataques cardíacos, câncer, diabetes, obesidade, derrames cerebrais, acidentes de trânsito, tabagismo, doenças pulmonares.
Atribuir a responsabilidade pelo descaso com o SUS à simples falta de médicos é jogar areia nos olhos do povo descontente. (Dr. Drauzio Varella – Folha – 13.07.2013)
BEBÊ MORRE POR FALTA
DE UTI NEONATAL EM DUAS MATERNIDADES DE TERESINA
O jardineiro Sildane da Silva, 29 anos, denuncia que sua
filha nasceu praticamente morta por conta da falta vagas na Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal de duas maternidades de Teresina. O bebê
morreu neste sábado (13), horas depois da realização do parto. Ele conta que
sua esposa, Leonice Samia Nascimento, 24 anos, estava internada em uma clínica
particular desde terça-feira (9), quando apresentou sangramento e perda de
líquido.
“A gravidez dela era de risco porque teve pressão alta e dois sangramentos durante a gestação. Na terça-feira, ela chegou à unidade de saúde da rede privada com estes sintomas, recebeu cuidados médicos e permaneceu internada. Já na noite de sexta-feira (12), o médico de plantão disse que não havia vaga na UTI Neonatal e por isso ele não se responsabilizaria pelo que ocorresse após o parto, pois o nascimento seria prematuro”, explica o pai do bebê.
“A gravidez dela era de risco porque teve pressão alta e dois sangramentos durante a gestação. Na terça-feira, ela chegou à unidade de saúde da rede privada com estes sintomas, recebeu cuidados médicos e permaneceu internada. Já na noite de sexta-feira (12), o médico de plantão disse que não havia vaga na UTI Neonatal e por isso ele não se responsabilizaria pelo que ocorresse após o parto, pois o nascimento seria prematuro”, explica o pai do bebê.
...
AMENIDADES
POLÍTICOS BRASILEIROS
TERÃO QUE TRABALHAR DOIS ANOS NO SUS ANTES DE SE ELEGEREM
BRASÍLIA - Aturdida com a velocidade de Rubens Barrichello
que o Congresso imprime na aprovação da Reforma Política, Dilma Rousseff
resolveu alterar sua proposta inicial: "Vamos propor um programa nacional
batizado Reforma Político", anunciou a mandatária, após se reunir com
Lula, João Santana, José de Abreu, Zezé Di Camargo e Slavoj Zizek.
Entre as medidas, há um projeto de lei que obriga todos os aspirantes a cargos legislativos e executivos a gerir uma unidade do SUS por dois anos antes de se eleger. "Caso não haja quantidade suficiente de políticos qualificados na próxima eleição, importaremos legisladores e gestores do Sudão do Sul e da Coreia do Norte", explicou o porta-voz da presidência, Aloizio Mercadante.
O programa também estipula que os candidatos tenham frequentado o ensino público por dois anos, morado por pelo menos seis meses numa residência do Minha Casa Minha Vida e andado de ônibus cinco vezes na vida.
Entre as medidas, há um projeto de lei que obriga todos os aspirantes a cargos legislativos e executivos a gerir uma unidade do SUS por dois anos antes de se eleger. "Caso não haja quantidade suficiente de políticos qualificados na próxima eleição, importaremos legisladores e gestores do Sudão do Sul e da Coreia do Norte", explicou o porta-voz da presidência, Aloizio Mercadante.
O programa também estipula que os candidatos tenham frequentado o ensino público por dois anos, morado por pelo menos seis meses numa residência do Minha Casa Minha Vida e andado de ônibus cinco vezes na vida.
Solidário, Sérgio Cabral colocou a frota de helicópteros do
Rio de Janeiro à disposição dos candidatos que quiserem otimizar suas
agendas no cumprimento de suas novas funções no SUS.
- Com esta gente irresponsável que na crise ao invés de
resolver procura um marqueteiro, só na galhofa mesmo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário