sexta-feira, outubro 03, 2014






PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR
Entre os novos e honestos que entrarão na Casa, vários vão se corromper, mas quem acredita que algum dos velhos picaretas já instalados vai se regenerar? (jornalista Nelson Motta – O Globo – 11.04.2014)





AMENIDADES



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AMENIDADES
- Se você tivesse dois apartamentos de luxo, doaria um para o partido?
- Sim – respondeu o militante.
- E se você tivesse dois carros de luxo, doaria um para o partido?
- Sim – novamente respondeu o valoroso militante.
- E se tivesse um milhão na conta bancária, doaria 500 mil para o partido?
- É claro que doaria” – respondeu o orgulhoso companheiro.
- E se você tivesse duas galinhas, doaria uma para o partido?
- Não – respondeu o camarada.
- Mas porque você doaria um apartamento de luxo se tivesse dois, um carro de luxo se tivesse dois e 500 mil se tivesse um milhão, mas não doaria uma galinha se tivesse duas?
- Porque as galinhas eu tenho.

DIGA LÁ BOECHAT


PENSAMENTO DO DIA:
... Ao contrário do que pode parecer, voto nulo é coisa muito séria. Tão séria que não deve ser considerada estúpida. (jornalista Elio Gaspari – O Globo – 01.01.2006)
PENSAMENTOS
"Em países ainda em fase de consolidação institucional, ou que tenham instituições débeis, a reeleição funciona como o carro-chefe, a mãe de todas as corrupções de toda a espécie. Ela condiciona tudo: de projetos essenciais à coletividade à pauta diária do governo e até mesmo a projetos individuais e pessoais daqueles que se associam ao governante que busca se manter perene no poder". (ministro aposentado do STF Joaquim Barbosa – Folha – 16.09.2014 - http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2014/09/16/reeleicao-e-a-mae-de-todas-as-corrupcoes-diz-barbosa.htm)
“Não adianta Marina me dizer que o Estado deve ser laico se ela faz entusiasmada profissão de fé criacionista, se é indiferente à homofobia se ela se recusa a admitir casamento entre pessoas do mesmo sexo, se vota contra as pesquisas com células tronco se se opõe a ganhos civilizatórios já tão difíceis de se impor num país como o nosso. A pouca esperança que seu programa me dá agrava-se com a posterior eliminação dos direitos dos homossexuais. O que mais Marina eliminará (por “erro de editoração” ou não) de seu programa no futuro, assim que for eleita?” (fragmento do artigo do cineasta Cacá Diegues – O Globo – 07.09.2014)
PÉROLA
O Brasil deve muito ao Maranhão, porque aqui nasceu Sarney, um homem equilibrado, extraordinário que promulgou a nova Constituição e permitiu a criação do novo Estado brasileiro. (nobre vice-presidente Michel Temer – O Globo – 18.09.2014)
PÉROLA
“Como é que você acha que ela vai conseguir esse apoio sem fazer acordos? E será que ela quer? Será que ela tem jeito pra negociar? Duas vezes em sua história, o Brasil elegeu salvadores da pátria, chefes do partido do eu sozinho.” (nobre presidente Dilma Rouseff – em debate na TV comparando a candidata Marina Silva ao não menos nobre senador Fernando Collor – fonte: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2014/09/05/nao-tenho-nada-a-ver-com-isso-diz-eduardo-jorge-veja-frases-da-semana.htm)
- Como quem diz o que quer, ouve o que não quer...
“Eu comecei como vereadora, comecei como deputada, senadora por 16 anos, ministra do Meu Ambiente. Imagina se eu dissesse se uma pessoa que nunca foi eleita nem vereadora, ser eleita presidente do Brasil. Aí, sim poderia parecer Collor de Mello.” (nobre candidata à Presidência Marina Silva - http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2014/09/05/nao-tenho-nada-a-ver-com-isso-diz-eduardo-jorge-veja-frases-da-semana.htm
DESASTRES BRASILEIROS
Se eu comparecesse à minha zona (boa palavra) eleitoral, anularia o voto
Diante deste circo (ou cerco, no caso da presidente) de mídia em torno de Marina D’Arc, também quero fazer meu número meio desequilibrado, copos e garrafas quebrados.
A candidatura de Marina D’Arc caiu do céu na forma de um avião em chamas. Aí, tivemos pedidos de orações e chororô por medalhinhas chamuscadas. Tenho justificada fama de cético, cínico e já fui chamado — um tremendo elogio, vindo de quem veio — de escroto. Tão tá. Se orações e medalhinhas servissem para alguma coisa, a p(*) do avião não cairia.
Aplicando a Lei de Murphy, tudo que começa com uma desgraça sobre cadáveres pulverizados, a ponto de não se encontrar nem um fragmento de osso, tende a piorar. A prova é o primeiro ti-ti-ti da campanha santa, “Apertem os cintos, o avião não tem dono", até surgirem dois caras convenientes “emprestando” o jato, tudo seria pago no final, blá-blá-blá. Quer dizer, Marina D’Arc mente ou empurra com a barriguinha a verdade desagradável, como qualquer outro candidato. Há também a hilariante participação majoritária na campanha de Neca Setubal, filha do banqueiro Olavo Setubal, do Itaú e outras bancas, que entra no jogo com o maior, digamos, cacife. O valor de mercado da cota de Nhá Neca nos negócios que herdou vale quase um bilhão de reais (por baixo, muito por baixo). Talvez Nhá Neca se julgue ambientalista por ter montanhas de verdinhas. Citemos palavras da colaboradora-mor de Marina d’Arc: “Pretendo aproximar o mercado de Marina” ou vice-versa. Nhá Neca manda Marina tirar os óculos no debate, Marina obedece. Lindo. Eu pensei que o perigo viesse só dos evangélicos sujos. Detratores dirão: o Aldir está escrevendo isso porque é Dilma. Não sou, não. Desde a injustiça com Ana de Hollanda, que culminou com aquela senhora de grife e seus costureiros a reboque no MinC, não sou Dilma. Estou em desobediência civil. Se comparecesse à minha zona (boa palavra) eleitoral, anularia o voto. Do Rio, vemos, como num samba-enredo, uma “maravilha de cenário” digna de “Zorra total”. Bumbum Garoto, também evangélico, e ex-candidato do PSB, uma aventura eleitoreira que manchou a legenda, deve ganhar no primeiro turno, mas, como tem altíssimo nível de rejeição, daria Pezão, uma espécie de contínuo do PMDB, na final, ou Lindbergh, um dos membros da farsesca CPI do Ecad, ao lado de ínclito Randolph Scott. Concluíram brilhantemente que os compositores são os verdadeiros bandidos no desmoronamento do direito autoral, abençoado pelas gestões de Gil, Juquinha e Suplícyo. Tô fora. Vocês lerão palavras minhas de apoio a vários candidatos que podem melhorar o Brasil, como Chico Alencar, Robson Leite e outros. Eles merecem cada sílaba que escrevi. Eu acho que merecem. Está claro, não?
Por acaso, estou lendo “O nascimento do purgatório”, de Jacques Le Goff. Muito instrutivo. Caso Marina D’Arc vença, governará no purgatório dos infiltrados, sendo sugada pelas forças da reação até a medula — e, depois, como aconteceu com a santa francesa, fogueira nela. Good luck. Strike! (compositor Aldir Blanc – O Globo – 31.08.2014)
- Gosto do que o Aldir escreve por isso, é curto e grosso, porém, preciso e verdadeiro!
POLÍTICA LUCRATIVA
Controlados por poucos, que se perpetuam no comando, os partidos políticos se tornaram valioso ativo financeiro, com dinheiro público pagando contas privadas
Um dos melhores negócios do mercado brasileiro é ser dono de partido político. Convive-se com 32 deles, dos quais duas dezenas têm bancadas no Congresso. Na essência, diz o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, se transformaram num “agregado de pessoas que querem um pedacinho do orçamento”.
Partido político no Brasil se tornou ativo financeiro de alto retorno, sem risco e com recursos públicos garantidos por lei, elaborada e votada pelos próprios interessados.
Em ano de eleição, as doações de empresas representam cerca de 60% das receitas declaradas, mas é do orçamento federal que sai o financiamento das despesas regulares da estrutura e da propaganda partidária (o horário eleitoral gratuito só é gratuito para partidos e candidatos, quem paga a conta é o público, telespectador ou não, via isenção fiscal).
Nunca os partidos brasileiros receberam tanto dinheiro público como neste ano: R$ 313,4 milhões, dos quais 57% já repassados.
O Fundo de Assistência Financeira, que sustenta as máquinas partidárias, aumentou 184,5% nos últimos dez anos. Seu valor nesse período subiu em ritmo muito acima da inflação, da correção da poupança e do salário mínimo, da valorização da Bolsa de Valores (Ibovespa) e do Certificado de Depósito Bancário (CDB).
Os contribuintes vão pagar, além disso, mais R$ 600 milhões como compensação fiscal às emissoras de rádio e televisão pelo horário de propaganda eleitoral.
Todos os 32 partidos registrados na Justiça Eleitoral têm direito a um pedaço do orçamento. É o que diferencia o Brasil. Há países com mais de 50 organizados e em atividade, mas o acesso ao dinheiro público é limitado àqueles que têm representação legislativa.
A maioria dos partidos brasileiros é controlada por duas dezenas de famílias, em regime de revezamento nos cargos de direção e com mandato variável entre cinco e oito anos.
Caso exemplar é o Partido Trabalhista Cristão (PTC). Há 25 anos atendia pela sigla PRN e hospedou Fernando Collor como candidato à Presidência. Tem 14 pessoas na cúpula. Cinco partilham o mesmo sobrenome (Tourinho) e cerca de R$ 150 mil mensais do fundo.
No Legislativo funciona um condomínio partidário baseado na perpetuação do poder familiar. Metade dos deputados federais eleitos em 2010 tem pais, filhos, irmãos, avós, tios, primos, sobrinhos, cônjuges, genros, noras ou cunhados em cargos eletivos. Sete de cada dez estão nas ruas, batalhando a reeleição.
Dos deputados eleitos em 2010, e que na época tinham menos de 30 anos de idade, 79% eram herdeiros (filhos ou netos) de clãs políticos — informa a ONG Transparência.
Ser dono de partido no Brasil é ótimo negócio porque garante acesso a dinheiro fácil, sem custo, direto do orçamento. Basta ter o registro da Justiça Eleitoral.
Melhor ainda é ser dono de partido com bancada na Câmara. A fatia do fundo partidário é maior e já vem com a garantia de um tempo mínimo na propaganda eleitoral. É mercadoria passível de negociação, a dinheiro ou em barganhas por cargos.
O que se vê nesta eleição é que nenhum partido político pode ser tão ruim quanto seus líderes. (jornalista José Casado – O Globo – 26.08.2014)
O FILME É O MESMO
Essa presepada regida pelo PMDB, à frente do saco de gatos conhecido como base aliada, augura um ano eleitoral bem movimentado. Nossos governantes começam a engalfinhar-se, no estressante afã de cada um garantir o seu e fazer as escolhas certas, antes que seja tarde, pois um erro de cálculo, a esta altura, pode sair muito caro. Com o possível intervalo da Copa, tudo agora é campanha eleitoral e tudo o que se faz em política é com o olho nas eleições, não importa quanto se minta em contrário. Lá vamos nós outra vez, pagar ingresso caro por um filme que já vimos.
Ninguém está pensando, ainda que remotamente, no interesse público ou nos destinos do país. Para muitos, isto não acontece nunca e, em época de eleição, fica pior. A briga é por poder e — por que não dizer? — dinheiro, porquanto, mesmo onde não haja corrupção, há o desfrute de incontáveis vantagens, traduzíveis em bastante dinheiro. Os partidos políticos não querem dizer nada, são meros aglutinadores de interesses frequentemente passageiros e mutáveis, segundo as circunstâncias. Já há muito tempo, conta-se entre os nossos padecimentos sermos expostos à propaganda partidária gratuita, com o que nos passam um permanente, embora talvez merecido, atestado de burrice, desimportância e ignorância.
Se os nomes e siglas dos partidos fossem retirados desses programas, todos serviriam para todos, são obras-primas de vacuidade e ambiguidade, que os tornam praticamente intercambiáveis. Se se quiser, através deles, definir a identidade de um partido, a dificuldade será grande. Às vezes sem mudar nem o palavreado, são todos pela justiça social, pela criação de empregos, pela melhoria da saúde, da educação e dos transportes, pela segurança pública e por tudo mais com que qualquer um concorda, só o Amigo da Onça seria contra melhorias em todas essas áreas.
Mas nenhum diz o que fará concretamente para mudar o que tanto se deplora. E, principalmente, nenhum diz como fará para atingir objetivos porventura explicitados. Farão precisamente o quê, planejam que ações? Se prometem tal ou qual reforma, como procederão para superar os obstáculos e concretizá-la além do nível do gogó? De que instrumentos pretendem dispor ou que instrumentos pretendem criar, que mudanças reais pretendem fazer, além das cansadas invectivas contra a má qualidade da educação, da saúde, dos transportes e assim por diante?
Há muito tempo que não se vislumbra uma estratégia, por parte dos governantes e dos partidos, para o nosso destino como país e como sociedade. Que tipo de país queremos para nós, aonde queremos conduzir nosso futuro, que projetos temos? O governo atual dá a impressão de agir topicamente, conforme a necessidade. Apareceu um problema, faz um plano para atacá-lo. Não parece haver nada orgânico, nada estruturado, nada definido de acordo com uma visão mais abrangente. Priorizar o social e criar empregos também são objetivos vagos, que tinham de pertencer a um todo bem mais especificado. O que parece acontecer é que se tomam decisões meio ao deus-dará — vamos fazer um trem-bala ali, uma transposição de água do São Francisco acolá e por aí vamos, aos solavancos.
O que se disputa é poder e dinheiro mesmo. O poder e suas mordomias significam tanto que, muito frequentemente, se prefere morrer a perdê-los. No Brasil, pense o cidadão comum nas vantagens de muitos governantes (governantes, talvez seja bom lembrar, de todos os poderes da República, não somente o Executivo), que nunca mais vão entrar numa fila; nunca usarão transporte público; têm salários elevados, ajudas de custo e todo o tipo de verba especial — alguns com cartão corporativo; nunca mais enfrentarão nenhuma das indignidades enfrentadas pelo cidadão comum, no dia a dia; têm jornadas de trabalho, férias e licenças especialíssimas; gozam de aposentadorias integrais e outras vantagens depois de pouquíssimo tempo de serviço; não gastam nada com planos de saúde, mas, pelo contrário, têm direito a atendimento nos melhores hospitais do país, direito estendido também à parentela. Ninguém pode avaliar o significado de toda essa tranquilidade, em comparação às incertezas em que vivem aqueles fora do poder ou da riqueza — e se compreende a observação atribuída a Darcy Ribeiro: “O Senado é o céu.”
Enquanto durar o presente fuzuê, nada mais deverá ocupar os parlamentares. Esse negócio da sobrevivência é uma briga difícil e absorvente, o sujeito não pensa em mais nada. Além disso, a moeda de troca do governo talvez esteja até ficando escassa. Depois do mensalão, ficou meio fora de moda comprar diretamente o apoio — e os ministérios estão aí mesmo, para serem negociados. A escassez, contudo, pode atrapalhar, restando apenas a criação de mais uns dois ministérios, para tentar com isto, juntamente com uma dúzia de diretorias e umas três dúzias de conselhos deliberativos e mais uns assemelhados, suprir a demanda. Não creio que, para quem já é recordista em número de ministérios, mais uns dois sejam problema; onde comem 39, comem 41.
Um combativo guerreiro do PMDB disse que não se trata de cargos, mas de palanques. Acho o reparo irrelevante, porque claro que no fundo é a mesma coisa. O certo é que podemos ter certeza de que, mais uma vez, não é em nós que eles estão pensando, é neles. Não querem independência nenhuma, nem fazem nenhuma reivindicação nossa, querem é garantir o deles. Mas passa e vai acabar dando em nada. A não ser, é claro, que venham a sentir que o governo vai perder a eleição. Aí declararão outra vez independência e dirão que fazem tudo isso para o bem do Brasil. (saudoso jornalista e acadêmico João Ubaldo Ribeiro – O Globo – 16.03.2014)
MARINA E A CONFIDENCIALIDADE
Há uma semana os repórteres Fernanda Odilla e Aguirre Talento mostraram que, entre março de 2011 e maio deste ano, Marina Silva assinou 65 contratos, fez 72 palestras e recebeu R$ 1,6 milhão de seus clientes. Ela e sua empresa não informam quem foram os fregueses, pois os contratos tinham uma cláusula de confidencialidade. Jogo jogado.
Nessa faina, ela ganhou menos que Lula ou Fernando Henrique Cardoso. Um quebrou a barreira do milhão de dólares em apenas quatro meses. O outro, em um ano. Ambos, como Marina, fazem dezenas de palestras sem cobrar. Ambos, como Marina, não divulgaram as listas de quem pagou. Nenhum deles é obrigado a fazê-lo, e nem seria justo cobrar isso da candidata se ela não se anunciasse como arcanjo de uma nova política. “Cláusula de confidencialidade” é uma expressão maldita desde que o ex-ministro Antonio Palocci usou-a para não revelar os clientes de sua consultoria. Todo mundo ganharia se a nova política exigisse a divulgação voluntária dessas listas. (Quem quiser cobrar isso também aos jornalistas, é bem-vindo.)
Marina faz em ponto menor o que fazem os outros. Novamente, jogo jogado. O problema surge quando ela explica:
1- O PT estaria criando um “factoide”. Falso, o fato surgiu com a reportagem, baseada em documentos fornecidos pela campanha da própria candidata.
2- “Nós pagamos todo os encargos, está na Receita Federal”. Ninguém diz que Marina deixou de cumprir suas obrigações legais. A curiosidade está na lista que, repetindo, ela não tem obrigação de revelar. Poderia, contudo, pedir aos clientes que a desobrigassem da cláusula de confidencialidade. Um, dois, três, quantos quiserem.
O novo é sempre bem-vindo, mas é sempre útil saber-se onde acaba o velho.
(jornalista Elio Gaspari – O Globo – 07.09.2014)
O ANTI-MARCOS VALÉRIO
O petrocomissário Paulo Roberto Costa percebeu que arriscava ser condenado a 40 anos de prisão
Paulo Roberto Costa decidiu não ser o novo Marcos Valério. Decidiu também proteger a liberdade dos familiares que envolveu em seus negócios. Aos 53 anos, Valério, o publicitário mineiro celebrizado com o mensalão, foi condenado a 40 anos de cadeia. Desde o dia 29 de agosto, Costa depõe para o Ministério Público, com vídeo e áudio, em longas sessões diárias. Durante oito anos ele dirigiu o setor de abastecimento e refino da Petrobras e a doutora Dilma disse ser “estarrecedor” que as denúncias e a confissão partam de um “quadro de carreira” da empresa. É verdade, pois ele entrou para a Petrobras em 1978. Contudo, só ascendeu à diretoria porque foi indicado pelo deputado José Janene. Depois de uma militância no malufismo, Janene aliou-se ao PT do Paraná, tornando-se um dos pilares do mensalão. Isso a doutora sabia. Bastava ler jornal.
Os procuradores que ouvem Paulo Roberto acautelaram-se para impedir que entregue pão dormido fingindo colaborar com a investigação. O acervo de informações do doutor tem três vertentes. Numa, estão suas relações com políticos. Noutra, a banda das empresas, desde grandes multinacionais que operam no mercado de petróleo a fornecedores. A lista das empreiteiras, como a dos políticos, é a dos suspeitos de sempre. Já as companhias de comércio de petróleo formam uma lista nova, com cifras e nomes. Finalmente, Paulo Roberto Costa e seu cúmplice, o doleiro Alberto Youssef, deverão mostrar suas contas ao Ministério Público. Isso será facilitado porque ambos estão presos e Youssef é um veterano colaborador. Daí poderão surgir os caminhos do dinheiro. As provas, enfim.
Circula a informação de que, das três vertentes, o Ministério Público concluiu a oitiva da primeira. Ele pode dizer o que quiser, mas só exercerá o benefício se produzir provas. Listas de nomes servem para nada. Paulo Roberto Costa é um homem organizado. Sabe-se desde abril que a Polícia Federal apreendeu em seu escritório transferências de dinheiro de duas das três maiores tradings de petróleo e minérios do mundo, a Glencore e a Trafigura. A primeira, uma empresa anglo-suíça, é maior que a Petrobras. A outra comprou o porto da MMX em Itaguaí. Nessa papelada, como ocorre há décadas, apareceram pagamentos suspeitos de eternos fregueses, como a Camargo Corrêa e a OAS. Paulo Roberto Costa guardava papéis desse tipo no escritório. Talvez tenha mantido um arquivo eletrônico em lugar seguro, sobretudo quando viu o que sucedeu a Marcos Valério.
Se as oitivas do doutor forem profícuas, o escândalo do pretrocomissariado será duradouro, o maior e mais bem documentado da história nacional. Coisa para durar anos, estendendo-se à Justiça de outros países. É sempre bom lembrar que o cartel da Alstom, com suas propinas para tucanos, só andou porque teve a colaboração e o estímulo do Judiciário suíço. Marc Rich, o fundador da Glencore, encrencou-se nos Estados Unidos e tomou sentenças que somaram 300 anos de cadeia. Foi perdoado pelos instintos jurídicos e comerciais do presidente Bill Clinton, no seu último dia de governo. Já a Trafigura foi condenada por exportar lixo tóxico para a Africa e encrencou-se numa história de propinas para o secretário-geral do partido do governo em Zâmbia.
(jornalista Elio Gaspari é jornalista – O Globo – 10.09.2014)
É SEMPRE BOM REMEMORAR AO FINAL DESTA VIA CRUCIS QUE É O PERÍODO ELEITORAL
SENADO REJEITA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL PARA 16 ANOS
Texto rejeitado pela CCJ previa que adolescentes reincidentes e acusados de crimes inafiançáveis fossem julgados como adultos em casos específicos. Maioria da comissão entendeu que mudança é inconstitucional por violar direitos fundamentais da criança e do adolescente
VOTARAM CONTRA A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL PARA OS 16 ANOS:
Angela Portela (PT-RR) Aníbal Diniz (PT-AC) Antônio Carlos Valadares (PSB-PE) Eduardo Braga (PMDB-AM) Eduardo Suplicy (PT-SP) Gleisi Hofmann (PT-PR) Inácio Arruda (PCdoB-CE) José Pimentel (PT-CE) Lúcia Vânia (PSDB-GO) Randolfe Rodrigues (Psol-AP) – autor do voto em separado que derrubou o relatório oficial Roberto Requião (PMDB-PR)
QUESTÃO FECHADA A presidente Dilma avisou aos ministros que não aceita em hipótese alguma projetos que mudem o Estatuto da Criança e do Adolescente ou que reduzam a maioridade penal, como quer o PSDB. A ordem à base aliada é rejeitar as propostas no Congresso. E, se forem aprovadas, Dilma vai vetar. (coluna Panorama Político – O Globo – 30.05.2013)
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É direito do menor

 

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