quinta-feira, fevereiro 26, 2015



DORA CAVALCANTI: DE MINISTROS E MINISTROS
Em meio aos festejos de Carnaval, o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa resolveu vociferar contra o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reputando incompatível com a ética do cargo sua atitude de receber advogados de empresas investigadas na Operação Lava Jato.
O comentário não chega a surpreender dado o histórico do ex-presidente do Supremo, avesso ao direito de defesa, nele incluídos os advogados e sua obrigação profissional de zelar pelo respeito às garantias individuais do cidadão.
Como bem disse o jornalista Ricardo Noblat, mereceria ser lido apenas como "flor do recesso", típica dos períodos de marasmo no noticiário, não fosse o clima de ódio à defesa instalado no país. A manifestação de Barbosa é a tradução perfeita do momento de quase suspensão dos direitos individuais que estamos atravessando. Explico.
Considero-me uma advogada técnica. Em vez da oratória cativante ou do traquejo com a mídia, forjei meu sucesso na dedicação ao estudo da causa, do processo, dos detalhes. Todavia, não posso deixar de estranhar o fato de que nem um único jornalista me procurou para falar sobre a audiência que tive no Ministério da Justiça em 5 de fevereiro.
Afinal, tivesse sido questionada, eu poderia ter esclarecido que a petição endereçada ao ministro da Justiça em nada diferia de outra anteriormente dirigida ao ministro Teori Zavascki, relator do caso no STF, e ainda se somava a outras três protocoladas diretamente perante a 13ª Vara Federal de Curitiba.
Em todas essas manifestações a defesa protestou contra o vazamento criminoso de informações protegidas pelo sigilo processual, que em outros países levaria à aplicação de penalidades severas ou à invalidação dos procedimentos.
Assim, a defesa foi ao Ministério da Justiça noticiar que a única providência adotada no bojo do inquérito nº 1.017/14, instaurado na Delegacia de Polícia Federal em Curitiba para apurar os vazamentos, fora a oitiva de três ou quatro jornalistas.
Em outras palavras, nada foi feito, pois é óbvio que o jornalista está vinculado ao sigilo de fonte, e sobre sua conduta não recai qualquer irregularidade. Ocorre que o real trabalho da defesa já não interessa. A paridade de armas pode ir às favas.
Certamente uma audiência do ministro da Justiça com o procurador-geral da República para tratar das investigações em Curitiba não despertaria qualquer repulsa. A defesa é que deve ficar calada, tímida, vexada. Pobres cláusulas pétreas.
A presunção de inocência e o devido processo legal aparecem como obstáculos incômodos ao combate à corrupção e ao justiçamento daqueles que detêm poder político e econômico. E isso me aflige. Aflige-me pelos clientes de hoje e, sobretudo, pelos de amanhã. Angustia-me o risco que corre meu principal cliente, o direito de defesa em si.
Por isso, é preciso denunciar a falácia: o Brasil não precisa optar entre o combate à corrupção e o Estado de Direito. Não estamos diante de alternativas excludentes! É salutar e essencial desvendar e coibir os saques às verbas públicas, é igualmente essencial que façamos isso sem jogar fora o núcleo duro dos direitos fundamentais inseridos na Constituição Federal.
Aos que adoram postar aos quatro ventos que estaria em curso a "venezualização" do país, peço que reflitam sobre esse esforço concentrado liderado pela Operação Lava Jato para cravejar de morte o Estado de Direito. Afinal, há algo mais totalitarista do que condenar sem processo? Prisões ilegais, desnecessárias, representam a pior forma de violência do Estado contra o indivíduo.
Já que estou a tratar de ministros, atuais e passados, não posso deixar de pensar na falta que me faz aquele que foi meu ministro de vocação, Márcio Thomaz Bastos. Que o ministro Cardozo tome a ácida comparação com ele como o maior dos elogios, e encontre sabedoria e novos caminhos nas críticas recebidas.
DORA CAVALCANTI CORDANI, 44, advogada criminal, é sócia do escritório Cavalcanti & Arruda Botelho - Advogados. É conselheira nata do IDDD - Instituto de Defesa do Direito de Defesa
- Quase chorei quanto li o brilhante artigo da nobre causídica, mas guardei as lágrimas pra mais adiante, aliás, me lembrou os velhos tempos das ditaduras sangrentas da América Latrina, dentre elas, nossos anos de chumbo, dos ordinários ditadores país afora e porque não dizer, do Tribunal de Nuremberg, tamanhas são as atrocidades jurídicas que o honrado juiz Sergio Moro vem praticando contra estes pobres inocentes corruptos e corruptores!
- Mas, na qualidade de um fuleiro blogueiro apedeuta jurídico, malvado e desalmado, que, diga-se de passagem, embora não pareça, preza a legalidade depreza “o legalismo”, defende o devido processo legal tem ojeriza pelo “devido processo legal”, respeita o amplo direito de defesa e ao contraditório e abomina o “amplo, geral, irrestrito, universal, interplanetário e intergaláctico direito de defesa e ao contraditório”,  peço vênia a eminente jurista, para ficar com os pontos de vista do “desprezível” ministro Joaquim Barbosa, do algoz juiz Sergio Moro e do carrasco Ricardo Boechat;
Diga lá ministro Joaquim Barbosa:
“Se você é advogado num processo criminal e entende que a polícia cometeu excessos/deslizes, você recorre ao juiz. Nunca a políticos! Os que recorrem à política para resolver problemas na esfera judicial não buscam a Justiça. Buscam corrompê-la. É tão simples assim.” (http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/02/1590931-joaquim-barbosa-acusa-advogados-de-tentar-corromper-processos-na-justica.shtml)
Diga lá juiz Sergio Moro:
“Intolerável, porém, que emissários dos dirigentes presos e das empreiteiras pretendam discutir o processo judicial e as decisões judiciais com autoridades políticas, em total desvirtuamento do devido processo legal e com risco à integridade da Justiça e à aplicação da lei penal... não socorre os acusados e as empreiteiras o fato da autoridade política em questão ser o Ministro da Justiça. Apesar da Polícia Federal, órgão responsável pela investigação, estar vinculada ao Ministério, o Ministro da Justiça não é o responsável pelas ações de investigações, cabendo-lhe apenas dar à Polícia Federal as condições estruturais de realizar o seu trabalho com independência e, se for o caso, definir orientações gerais de política criminal e de atuação dela”. (http://oglobo.globo.com/brasil/juiz-critica-advogados-de-empreiteiras-por-encontro-com-ministro-da-justica-15373912)
AMB PEDE AUDIÊNCIA COM MINISTRO DA JUSTIÇA PARA APROFUNDAR INVESTIGAÇÕES SOBRE EMPREITEIRAS
Preocupado com a pressão política que parece se intensificar sobre as investigações da Operação Lava Jato, o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), João Ricardo Costa, encaminhou hoje (19) um pedido de audiência ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Costa deverá propor uma varredura na gestão das empreiteiras citadas.
“O Judiciário precisa conduzir esse processo e avançar com independência no combate à corrupção e à impunidade. A Operação Lava Jato trouxe fortes indícios de que muitas dessas empreiteiras que estão sendo investigadas atuam como verdadeiras organizações criminosas cartelizadas que estão saqueando os cofres públicos há anos. É necessário que o Executivo promova uma investigação profunda, além das denúncias da Petrobras”, defende.
Costa avalia, ainda, a postura dos advogados de defesa dos acusados na Operação, ao solicitarem audiência com ministro. “É fundamental para a democracia que os advogados atuem na amplitude das suas prerrogativas, de forma incondicional. Porém, estas mesmas garantias devem ser exercidas dentro de um conceito radicalmente republicano. Neste caso específico, a conduta dos advogados induz em uma atuação voltada para pressionar o uso do poder político sobre o Judiciário”, afirma.
O presidente da AMB defende o Poder Judiciário como instância para o exercício da ampla defesa, já devidamente estruturado para recepcionar todo e qualquer pleito em relação ao caso. “Para cada decisão da Justiça, contamos com infindáveis recursos. O que não podemos admitir é a tentativa de pressionar o Poder Judiciário e os juízes que atuam no processo, muito menos qualquer conduta que tente desqualificar o magistrado que preside as investigações em questão”, alerta Costa.
Espera-se que o encontro entre o presidente da AMB e o ministro Cardozo seja confirmado para a próxima semana, em Brasília.
É permitida a reprodução, total ou parcial, do conteúdo publicado no Portal da AMB desde que citada a fonte.
Diga lá Boechat

NO MAIS
Seria prudente que José Eduardo Cardozo convidasse para uma audiência no Ministério da Justiça os advogados dos 24.881 presos pela PF, entre 2003 e 2014, nestas operações, como Caverna de Platão, Terra Prometida e Ressurreição dos Mortos.
É a forma de o ministro provar que recebe todo mundo e não só advogados de bacanas.
Com todo o respeito. (coluna Ancelmo Góis – O Globo -  20.02.2015)
- Pois é, pior é que teve jornalista “imparcial” que até bem pouco tempo se “indignava” com a amoralidade e falta de ética em todos os níveis que se abate sobre a  republiqueta que saiu em defesa do nobre ministro levando-me a acreditar que, talvez, tenha entrado para o seleto clube dos jornalistas “imparciais” agraciados com generosas verbas publicitárias estatais!
- Enfim, podem promover toda esta promiscuidade, entre público e privado, entre corruptos, corruptores e as instituições republicanas, pode até por decreto presidencial banir o juiz Sergio Moro e transferir todo o processo para o respeitabilíssimo Supremo Tribunal Federal que anularia todo o processo em razão do deslocamento de uma vírgula na denúncia do MP ou, como disse Boechat, numa das interceptações telefônicas o policial o fez com a orelha direita e de acordo com o parágrafo D da Constituição “Cidadã” deveria ser com a da esquerda, e, já que andam tão emotivos, podem até propor à Indonésia a troca do juiz Sergio Moro pelo traficante condenado à morte, mas, estão esquecendo de uns pequenos detalhes, suas excelências os investidores estrangeiros que não pretendem deixar barato; a Justiça holandesa, a Justiça suíça e a americana que estão de olhos arregalados para a republiqueta e seu inacreditável Poder Judiciário e por lá não tem essa de estender tapete vermelho pra nobres e respeitáveis patronos de corruptores, não é Madoff?!
- Aliás, os nobres, brilhantes e eminentes advogados, regiamente remunerados, até agora têm demonstrado que são excelentes... na exploração de prestígio, mas, no campo jurídico ainda não conseguiram derrubar, por mais que se esforcem, as competentes investigações da PF, do Ministério Público e as decisões do juiz Sergio Moro!



- Ah sim, quanto as lágrimas que poupei ao ler o brilhante e comovente artigo da eminente causídica, tivesse que vertê-las o faria pelos condenados à penas capitais sem o devido processo legal e sem o amplo direito de defesa e ao contraditório, porque as verbas que poderiam salvá-los foram roubadas e escorreram pelo esgoto putrefato da corrupção, e aqui vão alguns mínimos exemplos a titulo de ilustração:







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