quarta-feira, agosto 19, 2015
























OS QUE AMAVAM DANIEL
Quatro anos depois de afirmar a mim e a Roberto D’Ávila a sua ‘coerência’, Dirceu foi condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha
Em 2008, José Dirceu declarou a Roberto D’Ávila e a mim numa entrevista: “Mudei muito, mas não nos meus ideais, nos meus sonhos. (...) Se tem uma pessoa coerente, sou eu”. Referia-se à juventude, quando se destacou como um carismático e promissor líder do movimento de 1968 contra a ditadura. Segundo o senador Cristovam Buarque, ele foi “o mais importante personagem de sua geração estudantil; a sua destruição é um pouco a destruição da minha geração”. Quatro anos depois de nos afirmar a sua “coerência”, Dirceu foi condenado no processo do mensalão pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. E anteontem foi recolhido à prisão de novo, agora na operação Lava-Jato, acusado de receber propinas de pelo menos R$ 90 milhões. O petista alega inocência e diz que não há provas, mas quando o então deputado Ricardo Fiuza foi cassado, Dirceu decretou: “O que é público e notório dispensa provas”.
Nos últimos quase 50 anos, Dirceu passou por várias encarnações. Preso em 68 no Congresso de Ibiúna, foi solto em 69, quando alguns companheiros sequestraram o embaixador americano e, para devolvê-lo, exigiram a libertação de 15 presos políticos, entre os quais Dirceu, que foi banido do país, indo para Cuba. Ali treinou guerrilha, em1971 voltou escondido e mudou o rosto com uma plástica (aliás, o amor à revolução foi maior do que a vaidade de quem era louvado também pela beleza e que chegou a implantar 6.710 fios de cabelo numa incipiente calvície). Também adotou o codinome de Daniel e, depois, com o heterônimo Carlos Henrique Gouveia de Melo, foi viver clandestinamente em Cruzeiro do Oeste, no Paraná, onde esteve casado por quatro anos com Clara Becker, que se separou ao saber da verdadeira identidade do pai de seu filho. “Eu amava Carlos Henrique, não José Dirceu”, teria dito.
Com a abertura democrática, Dirceu teve rápida ascensão, chegando ao cargo de todo poderoso ministro da Casa Civil de Lula, de quem se cogitou até que seria sucessor. Nos últimos 12 anos, porém, o consultor de empresas se meteu em tenebrosas transações com as suspeitas empreiteiras da Lava-Jato, o que pode ter-lhe valido sucesso financeiro, mas com certeza lhe custou a reputação. O grande articulador, que era elogiado inclusive pelos adversários por sua competência política, é hoje reconhecido pelo juiz Sérgio Moro por seu “profissionalismo na prática do crime”. Terá valido a pena trocar tanto dinheiro por um melancólico fim de carreira? Parodiando a ex-mulher de Carlos Henrique, os antigos admiradores podem dizer com pesar que amavam Daniel, não José Dirceu — o de agora. (jornalista Zuenir Ventura – O Globo – 05.08.2015)
- Só gostaria de ver a cara de um destes “amigos do Dirceu” que andou tirando dinheiro do bolso pra pagar a multa do “injustiçado preso político” e se incompatibilizou com ouros amigos lúcidos que não embarcaram no cinismo do corrupto!
- A propósito:
EM CONTRAPONTO A PT, ARTISTAS E INTELECTUAIS DEFENDEM DIRCEU
Em um contraponto ao comando nacional petista, que decidiu não fazer um desagravo público ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, intelectuais e artistas de esquerda saíram em defesa nesta terça-feira (4) do petista e criticaram sua prisão no rastro da Operação Lava Jato.
Para o cineasta Luiz Carlos Barreto, a detenção do petista foi "redundante", uma vez que ele já cumpria prisão domiciliar pelo mensalão. Para ele, sem poder fazer grandes deslocamentos, José Dirceu não tinha condições de fugir do país ou de pressionar ninguém.
"Nós estamos caminhando por um caminho muito perigoso. É claro que é preciso extirpar ou diminuir a corrupção, que é universal. Agora, há exagero e é preciso que as pessoas saibam que existe um estado de direito democrático e uma Constituição Federal vigente", afirmou o cineasta, para quem as garantias individuais "estão sendo atingidas".
Na avaliação dele, é necessário ser respeitada a história de vida e a trajetória política do petista.
"José Dirceu não é um bandido. Ele lutou e arriscou a vida dele pela democracia, conduziu um partido ao poder e estabeleceu um projeto [para o país]", enumerou.
Para o escritor Fernando Morais, o petista foi "vitimado" por uma tentativa de se atingir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, José Dirceu é uma espécie de "degrau" em uma escalada para tentar prejudicar o antecessor da presidente Dilma Rousseff (PT).
"Na verdade, não é nem o Dirceu nem a Dilma que querem, mas o Lula. O problema é 2018. Eu acho que ele acabou sendo vitimado por isso", avaliou.
Na avaliação do ator José de Abreu, é uma "piada" prender alguém que já foi condenando sob a alegação de que ele continua a praticar crimes.
"O juiz Sérgio Moro é o único juiz do mundo que prende preventivamente preso condenado", criticou.
Segundo o escritor Luis Fernando Veríssimo, "pelo que o José Dirceu significa, mesmo que sua prisão não fosse politica, seria política". Para ele, que apoiou publicamente a reeleição de Dilma no ano passado, o PT "ainda não usou todo o seu poder de reação. Ou talvez não o tenha mais".
"A estratégia do PT nesse imbróglio todo eu não sei qual é", disse.
O ator Paulo Betti reconheceu que ficou "perplexo" com a prisão do petista e avaliou que apenas no futuro será possível fazer uma avaliação do atual momento.
"No fundo, sempre desconfio que só mais adiante vamos saber. A história vai dizer o que está acontecendo nesse momento", disse.
- Ah, nossos brilhantes e respeitáveis “intelectuais” e “artistas” ... de “esquerda”!!!
- Para uns, muito “progressistas igualitários”, bandido é só a turma do andar de cima, mas os que se locupletam com a corrupção através da roubalheira do dinheiro público não é bandido, não, já para outros porque lutaram conta a ditadura lhe dá um salvo-conduto para cometer crimes! Belo critério de justiça este dos “progressistas”!
- Alguém tem que avisar ao ator “progressista” José de Abreu que, de acordo com as investigações, “mesmo condenado” com aquela peninha de fazer rir qualquer Poder Judiciário de um país sério o companheiro milionário, para o qual contribuíram com vaquinha para pagar sua multa, continuou a praticar crimes de dentro da cadeia e depois, em sua confortável residência!
- Mas se querem, tal qual hiena, com a cabeça enfiada na lama que continuem com sua solidariedade ao bandido do anda de cima em nome de seus dogmas ideológicos, mas claro, todos são contra a corrupção e os corruptos devem ser punidos, desde que não sejam os da turma deles, mas, por favor, não me venham com o papo de que, quem defende sua punição é “coxinha” e de “direita”, senão eu vomito!
- Relembrando o diretor de TV Mauro Mendonça Filho:
O brasileiro tem uma tendência a ser leniente e tolerante com a realidade, tipo o “sujeito rouba mais faz”, a gente tende a crucificar as vítimas, entender as razões pelos crimes, a gente acaba reelegendo pessoas corruptas que roubam a gente e quer uma exigência que a dramaturgia seja quase jurídica, isso é um paradoxo que não faz o menor sentido. (Programa do Jô – 31.07.2015)
COM R$ 238 MIL DA EMPRESA DE DIRCEU, BARRETÃO ENTRA NO RADAR DA PF
Dinheiro para produtora do cineasta foi dada pela JD Consultoria entre 2009 e 2010 para fazer filme sobre o ex-ministro preso; ele repassou à polícia extratos bancários e documentos
RIO E SÃO PAULO - Qualquer um que tenha feito transações financeiras com a JD Assessoria e Consultoria — empresa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, preso na segunda-feira pela Operação Lava-Jato — pode ser convocado a prestar esclarecimentos à Polícia Federal. Nesta quinta-feira foi a vez do cineasta Luiz Carlos Barreto.
Produtor do filme “Lula, o Filho do Brasil” (2010) e amigo de longa data de Dirceu, Barreto recebeu logo cedo um ofício assinado pelo delegado da PF Márcio Adriano Anselmo solicitando informações. No documento de uma única página, onde se lia em letras garrafais “Urgente - Op. Lava Jato. Indiciado Preso”, a polícia pedia que Barreto esclarecesse, “no prazo de cinco dias, as operações que embasaram o recebimento de valores oriundos da empresa JD”. Logo abaixo, uma tabela reunia registros de nove transferências bancárias feitas pela empresa do petista ao cineasta entre 22 de dezembro de 2009 e 27 de setembro de 2010. No total: R$ 238.155,00. Por volta das 18h, Barreto já tinha a resposta pronta.
— Mandei à PF os extratos bancários da Filmes do Equador, minha produtora, mostrando que esses depósitos realmente caíram na minha conta. Em 2009, procurei Dirceu com a ideia de fazer um filme sobre a clandestinidade dele. O longa-metragem se chamaria “O homem invisível”, e nós assinamos um contrato para o desenvolvimento de um roteiro — conta o cineasta. — No meio do processo, Dirceu me procurou dizendo que achava aquilo tudo meio cabotino e sugeriu que a história fosse sobre o movimento estudantil dos anos 1960 em São Paulo. Seria um filme e um minissérie de TV com 13 capítulos.
Barreto diz ter enviado à PF documentos que compravam que mais de 80 pessoas já foram entrevistadas desde 2009 como parte desses projetos — ainda sem previsão de estreia.
A suspeita da Polícia Federal partiu não só dos repasses mas do fato de que, entre as empresas que patrocinaram o filme sobre Lula, estavam as empreiteiras Odebrecht, Camargo Corrêa, OAS e Estre Ambiental.
Barreto diz que não se incomodou com a ação policial e, ontem, elogiou o trabalho de investigação.
— É um procedimento bastante rigoroso. Do ponto de vista técnico, é bastante profissional e eficaz. O lado político é que causa certo exagero. Dirceu já estava preso. Prendê-lo de novo foi redundante.
Em 2014, Barreto contribuiu para o pagamento da multa imposta ao ex-ministro no julgamento do mensalão.
A JD não se pronunciou.
- Bom, aí justifica-se o apoio incondicional ao “injustiçado” companheiro de infortúnio no pixuleco!
- Aliás, o Boechat definiu bem a indignação dos nossos “progressistas” “intelectuais” e “artistas”:


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