terça-feira, julho 22, 2014





ACUADA POR BANDIDOS, POLÍCIA CANCELA PATRULHAS NOTURNAS DE UPPS
Um documento oficial não deixa dúvidas: acuados por bandos numerosos e bem armados, policiais de UPPs têm ordem expressa para evitar confrontos em favelas do Rio
O timbre faz referência, por ordem de importância, ao governo do estado, à Secretaria de Segurança, à Polícia Militar e à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Arará/Mandela. Data de 16 de julho de 2014. Assunto: “Alteração no serviço”. A autoria é do comandante da UPP, capitão Paulo Cesar de Oliveira Ramos Filho, com carimbo de recebimento do supervisor do dia, sargento Rodrigo de Andrade Pellegrini. O texto, em português claudicante, é um choque: “Este comandante informa este supervisor que determine as Guarnições para não realização de Patrulhamentos noturno no interior das comunidades Arará e Mandela”. Soa absurdo, mas é isso mesmo, leitor: segundo o comunicado interno a que VEJA teve acesso, a tropa da UPP instalada para anular o poder do tráfico e garantir a ordem em duas das mais conflagradas favelas do Complexo de Manguinhos, na porta de entrada do Rio de Janeiro, tem ordem expressa para não trabalhar à noite. O documento sela por escrito algo já bem visível e conhecido nas principais UPPs: em número reduzido, com fraco poder de fogo e a desvantagem de não dominar a geografia do emaranhado de becos e vielas, os PMs buscam evitar o confronto com a bandidagem, que voltou a circular fortemente armada.
VEJA ouviu relatos de policiais lotados em UPPs que confirmam a prática da vista grossa em grandes favelas da cidade. O recuo se presta ao duplo objetivo de preservar a tropa e refrear os conflitos que vinham fazendo o medo transbordar dos morros para o asfalto, inclusive na rota turística. Durante a Copa do Mundo, os soldados do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da PM receberam instruções claras para não pôr os pés em lugares mais remotos do Complexo do Alemão, onde a gangue local fica entocada e tem força para fazer disseminar o crime pela cidade. “Quando rodamos o morro, o risco de haver uma troca de tiros aumenta. Então, o melhor é ficar parado mesmo. Isso evita que mais pessoas se machuquem”, diz um cabo lotado na região. Os números confirmam a desfaçatez cada vez mais aberta do tráfico, que avança sob a inépcia policial. Apenas nestes sete meses de 2014, cinco PMs morreram e 44 foram feridos a bala por bandidos em favelas com UPP — em todos os outros anos do programa somados, foram oito mortos e 39 feridos.
Quanto mais a polícia se preserva, mais os criminosos se sentem à vontade para retomar territórios que as 38 UPPs inauguradas desde 2008 anunciam como pacificados. No Complexo de Manguinhos, os marginais que não arredaram pé de lá atearam fogo em cinco bases policiais em março passado, ferindo o comandante. Na Rocinha, em dezembro, PMs foram agredidos a tijoladas depois de prenderem um suspeito. Não só os traficantes, aliás, agem com acinte. Na cracolândia colada ao Complexo de Manguinhos, centenas de viciados perambulam a qualquer hora do dia e da noite, em uma área cercada de UPPs e a apenas 200 metros da Cidade da Polícia Civil, um complexo de delegacias, sem que ninguém os incomode. “Estamos sempre em menor número. Vamos fazer o quê? A gente vai convivendo com a realidade, fingindo que nada acontece”, diz um policial baseado em uma das entradas da favela. Sem um bom reforço na tropa e o cerco implacável aos marginais, as UPPs, saudadas como o derradeiro capítulo de décadas de reinado do crime no Rio, correm o risco de entrar para o rol das siglas vistosas que fizeram água.
- O sonho acabou, não dá nem pra emitir aquelas notas cínicas de desmentido, é a capitulação de joelhos do Estado brasileiro para crime organizado!
CASA DE ZELITO VIANA, NO COSME VELHO, É ASSALTADA PELA QUARTA VEZ
Ele e a mulher foram amordaçados e trancados em um dos quartos da casa
GÁVEA TEVE 14 SAIDINHAS DE BANCO DE JANEIRO DE 2013 A JUNHO DESTE ANO
Em oito dos casos registrados, ladrões usaram motos, como os que mataram sócia do Guimas
ASSALTOS NAS ÁREAS NOBRES DO RIO SÃO O DOBRO DA ‘META’ DA SECRETARIA DE SEGURANÇA
Somente no primeiro semestre de 2014 houve 106% de roubos a mais do que o esperado na região onde empresária foi morta durante um assalto
O cruel e banal assassinato da empresária Maria Cristina Bittencourt Mascarenhas, de 66 anos, dona de um dos mais badalados restaurantes do Rio de Janeiro, o Guimas, na última quarta-feira, explicitou um problema que vem sendo tratado com leniência pelas autoridades que comandam a Segurança Pública do Estado. Mês após mês, os índices de criminalidade do 23º BPM (Leblon) – responsável pelo policiamento da região mais nobre da cidade, englobando Jardim Botânico, Lagoa, São Conrado, Ipanema, Leblon e Gávea, onde ocorreu o crime – vêm ultrapassando com folga todas as "metas" estabelecidas pelo governo. Sim, a Secretaria de Segurança têm metas estipuladas para o que considera tolerável. Para resumir o cenário do primeiro semestre de 2014, a "meta" para a área neste período era de 399 assaltos nas ruas dos seis bairros, mas o número total chegou a 824 roubos, ou seja, 106% acima do previsto.
Os dados obtidos por VEJA constam num relatório interno feito no próprio batalhão da área, com base em dados que são enviados para o Instituto de Segurança Pública. E eles mostram um nítido aumento dos crimes no asfalto depois que as duas favelas da área, o Morro do Vidigal e a Favela da Rocinha, foram ocupadas pelas forças de segurança, em outubro de 2011 e, em seguida, receberam Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Hoje, o efetivo do projeto nessas duas localidades é de 869 policiais, para uma população total de 82.153 moradores, fazendo com que a relação policial por habitante chegue a um para cada 94,5 moradores. O problema é que, com o cobertor curto, a proporção para o restante da região (onde vivem 156.449 pessoas e há 643 policiais lotados) é de um PM para cada 243 pessoas.
Esta proporção fica pior ainda se levarmos em conta o fato de 191 policiais do 23º BPM não estarem aptos para atuar nas ruas (por motivos diversos, de saúde, férias ou afastados por indisciplina). Assim, com 452 policiais prontos para defender o cidadão, a proporção chega a um PM por 346 habitantes. Para se ter uma ideia do reflexo desse abismo de patrulhamento, o número de assaltos nas ruas da região ao longo dos seis primeiros meses de 2011 (pré-UPP) foi de 482 (70% a menos do que os 824 de hoje). Outro dado impressionante é relacionado ao roubo de veículos, que há três anos registrou 25 e, agora, chegou a 57, um acréscimo de 128%. A "meta"’ de carros roubados para o primeiro semestre de 2014 era de 21.
Outro item utilizado pelos técnicos do Instituto de Segurança Pública para avaliar as taxas de criminalidade é classificado como "Letalidade Violenta", que engloba homicídio doloso, homicídio decorrente de intervenção policial (auto de resistência), lesão corporal seguida de morte e latrocínio (roubo seguido de morte). É nesta última legenda que se enquadra o caso de Maria Cristina Mascarenhas. Vítima de uma "saidinha de banco", ela havia sacado 13.000 reis numa agência próxima e estava parada em frente à Praça Santos Dumont, ao lado do bar BG (local que foi o point principal de turistas no Rio durante a Copa do Mundo), quando um homem tentou levar sua bolsa. A empresária tentou evitar o roubo, levou um tiro na cabeça e morreu na hora. A Divisão de Homicídios assumiu as investigações. O problema é que, sem o patrulhamento, esses índices de letalidade violenta têm apresentado números bem acima do que os especialistas previam. A "meta" deste item, que era de sete em todo o primeiro semestre, chegou a 17.
- Moral da história, dona Fifa vai embora com seus milhões de dólares com a chancela do respeitabilíssimo Supremo Tribunal Federal (STF DECIDE VALIDAR BENEFÍCIOS À FIFA PREVISTOS NA LEI GERAL DA COPA - http://www.jornalnh.com.br/_conteudo/2014/05/noticias/regiao/41696-stf-decide-validar-beneficios-a-fifa-previstos-na-lei-geral-da-copa.html), junto com ela, os gringos falando maravilhas da Segurança Pública, a polícia entra em férias, instâncias superiores do inacreditável Poder Judiciário despeja a bandidagem na rua, sai o Padrão Fifa, entra o Padrão Brasil e corra pra sobreviver se conseguir escapar das balas da bandidagem!

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