GELADA? CONFIRA O QUE
EURICO MIRANDA PODE FAZER NA SIBÉRIA
Em agosto, o cartola vascaíno disse que, se fosse para
pensar em Série B, ele iria para bem longe, na Sibéria. Se for para ver futebol
por lá, os principais clubes estão na... Segundona
Rio - "Já falei que a palavra rebaixamento, aqui, é
proibida. Se eu achar que o Vasco vai ser rebaixado, vou procurar o ponto mais
distante da Sibéria e vou para lá." A declaração data de 14 de agosto. Foi
corajosa e, talvez, imprudente, pois o time estava na lanterna do Brasileirão.
Mas é esse o estilo de Eurico Miranda, o presidente vascaíno que nunca teve
muitas papas na língua, especialmente na hora de falar sobre o clube cujo
comando ele retomou em novembro do ano passado.
Com o empate deste domingo contra o Coritiba, por mais que
tenha lutado, não teve jeito: o Vasco até subiu na tabela, mas não fez o
suficiente para evitar mais um rebaixamento no campeonato nacional. Em 2016,
vai ter de disputar a Série B pela terceira vez em sua história.
Mas, calma, Eurico. A longínqua Sibéria pode não dar praia,
mas há muito o que se fazer e conhecer em seu vasto território, na porção
asiática da Rússia, com uma superposição de regiões e províncias a leste dos
Montes Urais. Caderninho a postos? É só anotar, então, algumas atrações que
valem a visita:
Como chegar lá?
Olha aí: para alcançar a Sibéria, já se pode apagar da lista
um de seus principais atrativos: que é dar uma voltinha pela ferrovia
transiberiana, a mais extensa do mundo, com mais de 9 mil quilômetros de
trilhos entre Moscou e Vladivostok, lá no extremo oriente. Durante o percurso,
são diversas as cidades que pedem escalas mais longas. Além disso, dependendo
do pique, você também pode pegar as ramificações rumo ao centro da Ásia e dar
uma passada pela linha transmanchuriana, em território Chinês, ou, quiçá, se
quiser algo mais alternativao, pela transmongoliana.
A viagem pela segunda classe já proporciona o uso de uma
cabine com ar-condicionado, acomodando quatro pessoas. Na terceira classe é uma
bagunça que só, sem divisórias, mas com a possibilidade de se fazer contato com
famílias russas completas, ainda que o inglês não costuma ser muito falado por
ali -- quanto menos o português.
O lago
Lagoa Rodrigo de Freitas? Muito bonita, mesmo, um
cartão-postal maravilhoso do Rio. Mas não se pode fazer comparações com o lago
Baikal, pelo menos não em relação ao tamanho, já que se trata do terceiro maior
do mundo. Além de ser o mais antigo do mundo, de que se tem nota, com cerca de
20 milhões de anos.
É uma boa área para fazer passeios de lancha ou barco e
chegar à ilha Okhlon. Há quem diga que é possível participar até mesmo de
rituais xamânicos dos nativos. O que será que sai daí? Se não for do interesse,
porém, tudo bem. Dá para apreciar uma bela paisagem no local. A cor do céu, em
especial, promete um espetáculo. Agora, mesmo se for para a ilha, é preciso
levar uma blusa, já que, mesmo no verão, as temperaturas ali podem nem passar
dos 15ºC, e os ventos podem fazer o queixo bater durante a noite.
Se a pedida for fazer mais exercícios físicos, porém, dá
para deixar os veículos náuticos de lado e contornar a margem do Baikai de
bicicleta ou por trilhas, ao mesmo tempo em que se observa a arquitetura pétrea
de outros tempos. O isolamento da região também resulta em fauna e flora com
espécies que só existem por lá.
Irkutsk, terra do escritor Valentin Rasputin, é a cidade
mais próxima do Baikai, às margens do rio Angara, e a transiberiana passa por
lá. A arquitetura típica da Sibéria e os diversos museus são atrativos por lá.
Parque Florestal de Ergaki
De piqueniques familiares, com pinhão cozido na fogueira, a
alpinismo profissional, dá para fazer um bocado de coisas neste parque aos pés
das montanhas Saiani, ao sul da região de Krasnoyarsk, na Sibéria ocidental.
Você encontra cachoeiras e lagos para mergulho, desde que tolere águas geladas
que só.
Se tiver preguiça de se molhar e não encontrar um raio de
sol para se secar, dá para tentar subir a montanha, mesmo, e admirar a linda
paisagem lá do topo, com a vegetação da taiga. A altitude das trilhas pode
variar de 1.500 a 2.000m. Existem centros de recreação também que alugam
cavalos. No inverno, é a vez da turma do esqui downhill, do snowboard ou mesmo
do snowmobile.
As cidades mais próximas são Kyzyl, Abakan, Minusinsk e
Krasnoyarsk, sendo que Abakan é a de acesso mais prático para o parque. Aí
entra em ação o fogão a gás. Se não der para encarar as noites de sono em uma
barraca em meio à natureza, não se preocupe: há chalés preparados para acolher
os turistas, ainda mais aconchegantes no inverno.
Mais cidades
Em Tomsk, reduto universitário, a vida noturna pode ser
agitada, com bares e baladas e uma circulação maior de forasteiros que vêm de
diversos locais da Rússia ou mesmo da Ásia. Um em cada seis habitantes é
estudante. Em Omsk (e quem não se lembra do jogo de tabuleiros War?), a 2.700
km de Moscou, você pode encontrar até KFC, Subway e Friday's nas ruas.
Novosibirsk é a maior cidade siberiana, a 265km de Tomsk, e a terceira maior de
todo o país, com vasto parque industrial. Antes, já serviu de exílio para
Fiódor Dostoievski. Para visitar, vale um pulinho numa praça que leva o nome do
antigo líder comunista Vladimir Lenin, com estátua gigante em sua homenagem.
Também tem o Museu do Trem, nos quais se pode visitar o tipo de vagão que
carregava os prisioneiros do regime para rincões siberianos, nos chamados
gulags, campos de trabalho forçado. À noite, o Balé de Novosibirsk é
obrigatório.
Esportes?
Não consegue ficar tão longe do esporte, mas não quer saber
do futebol? Bom, na Rússia, um caminho recomendado é o do hóquei no gelo,
certo? É o que se tem de mais popular por lá, com jogos frenéticos e torcida
barulhenta. Se não aguentar mais tanta decepção com o time do coração, o
Avangard Omsk é um time vitorioso, que vale seguir. O Sibir Novosibirsk também
é presença constante nos playoffs. Na Conferência Oeste, Divisão Tarasov, são
vários os times siberianos, na verdade. Você pode ver brigas épicas:
E que tal o Bandy? É outro esporte de inverno, derivado do
hóquei, também jogado com taco e patins que busca o gol, que tem dois tempos
de... 45 minutos, com times de... 11 jogadores de cada lado. Lá, ganha o nome
de hóquei russo, terceira modalidade mais popular do país, atrás do futebol. Há
times da Primeira Divisão em Irkutsk, Krasnoyarsk, Novosibirsk e Kemerovo.
Se não entender muito das regras e preferir algo mais
universal, você vai encontrar o basquete em Krasnoyarsk, com o time local,
Enisey, inscrito na Liga VTB, que reúne os principais times russos e de outros
países da região. Dependendo da tabela, é possível ver partidas com atletas
ex-NBA por lá.
Mas... Bem, se o futebol é aquilo que faz a cabeça, mesmo,
fica o aviso: a região não desfruta de grandes clubes. O Sibir Novosibirsk,
Baikal Irkutsk, Enisey Krasnoyarsk e o Tom Tomsk estão todos na... Segundona.
Dicas
Se for para experimentar o inverno russo é recomendado que
se viaje dezembro e fevereiro, quando há mais neve e menos lama. Acreditem, na
época de chuvas, qualquer passeio por lá pode levar uma eternidade e gastar todo
o estoque de analgésicos, de tanta dor de cabeça que dá. A população local,
mesmo, perde a paciência e julga que esse é um fator espanta-turista
praticamente imbatível.
Entre maio e outubro (que abrange o verão e o outono
setentrional), pode chover frequentemente. Ah, e nas estações mais quentes,
mesmo que o termômetro não fique tão vermelho assim, pode haver muitos
mosquitos, dependendo da área siberiana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário