AMENIDADES
A paciente liga pro hospital e grita com o médico:
- Doutor, pelo amor de deus, eu estou entalada com meu
vibrador.
- Calma que eu já estou mandando uma ambulância pra tirar
isso da senhora.
- Tirar? Quem falou em tirar? Eu quero é trocar a pilha.
PENSAMENTO DO DIA
(SEMPRE ATUAL)
“De tanto ver triunfar as nulidades, de
tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver
agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da
virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” (Ruy Barbosa - discurso de 17/12/1914, no Senado Federal)
COBRAS E LAGARTOS
DISPUTA EMPRESARIAL:
Em um processo judicial conturbado Inocêncio Coelho,
ex-sócio de Gilmar Mendes no IDP, acusa ministro de desvio de dinheiro e
sonegação
Por Leandro Fortes.
Em abril de 2011, o ministro
Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), passeava por Berlim, na
Alemanha, ao lado do senador Demóstenes
Torres no que parecia ser um momento de descontração compartilhado por dois
velhos amigos com dinheiro suficiente para curtir alegres passeios na Europa. O
senador estava bem tranqüilo, curtia suas segundas núpcias com a jovem esposa e
nem sequer imaginada como sua vida mudaria após a prisão do amigo Carlinhos Cachoeira, em fevereiro do
ano seguinte. O magistrado não estava, porém, na mesma sintonia. Algo
preocupava.
Pudera. Uma briga judicial iniciada um ano antes pelo
controle do Instituto Brasiliense de
Direito Público (IDP) do qual é sócio, havia desaguado em acusações arrasadoras contra Mendes
registradas em papel e anexadas aos autos do processo. Nos documentos outro
sócio-fundador do Instituto e ex-professor do ministro no curso de
pós-graduação da Universidade de Brasília, não poderia ter sido mais explícito.
Procurador-geral da República durante o governo do ditador João Figueiredo, Inocêncio
Mártires Coelho acusa Mendes de fazer retiradas ilegais de dinheiro do
instituto, sonegar impostos, desfalcar o caixa da empresa e exigir “pedágio”
dos outros sócios para servir, como ministro do STF, de “garoto propaganda” da
instituição educacional. Tudo ao arrepio da lei Orgânica da
Magistratura, que veda aos juízes o exercício de outra atividade a não ser a de
professor. Como conseqüência, aponta Coelho, o IDP estaria sob risco de
falência.
Até o momento da
viagem a Berlim, o processo iniciado em 12 de agosto de 2010 não tramitava em
segredo de Justiça. Poderia, portanto, ser consultado por qualquer
advogado, daí a apreensão do ministro.
Por meio da ação, Coelho
tentava manter-se no cargo de sócio-administrador do instituto, cargo que
ocupava desde a criação do estabelecimento em 1998. Contra ele se uniram Mendes e o terceiro sócio, Paulo Gustavo Gomet Branco, procurador-regional da República.
Formalmente, o ministro encabeçou o movimento para afastar o procurador
aposentado da função, porque pretendia levar a cabo uma “reformulação
empresarial” no IDP após a instituição apresentar mãos resultados financeiros
em 2010. Na última década, o IDP havia se transformado em uma máquina de arrecadar
dinheiro, beneficiado em boa medida por convênios com órgãos públicos.
O instituto organiza palestras, seminários e treinamento de
pessoal, além de oferecer cursos superiores de graduação e pós-graduação. Por influência dos sócios, principalmente
Mendes, consegue reunir um time seleto de professores entre ministros de
tribunais superiores, ex-ministros, advogados influentes, procuradores e
promotores. Já ministraram aulas no IDP, entre outros, o agora desafeto Nelson
Jobim e o ex-colega de STF Eros Grau.
Entre 2000 e 2008, o instituto havia faturado mais 2,4
milhões de reais em contratos com órgãos ligados ao governo federal, todos
firmados sem licitação. O terreno onde está instalado, na Asa Norte de Brasíli,
foi conseguido graças a um desconto de 80% concedido pelo ex-governador do
Distrito Federal Joaquim Roriz, em 2004. Para a obra do prédio, Mendes
conseguiu em 2005 um empréstimo de 3 milhões de reais do Banco do Brasil, de um
fundo curiosamente destinado a estimular a produção de alimentos em zonas rurais.
Parecia um negócio
próspero. Parecia. A empresa começou a ter dificuldades, segundo Coelho, por causa da “voracidade pecuniária” e dos “desmandos” de Mendes,
afoito em fazer polpudas retiradas de dinheiro para bancar festas familiares e
viagens. Todas as acusações contra o ministro foram registradas
nas 13 laudas da réplica assinada pela advogada Fernanda Santos Silva,
integrante do escritório do advogado Eduardo Lycurgo Leite, contratado pelo
ex-procurador, em Brasília.
O documento reporta-se ao tempo em que Mendes e Branco, nos
anos 1990, se referiam a Coelho como “o cara”, o “querido, respeitável e
generoso professor Inocêncio”. Um tempo, diz o documento, em que não havia
impedimento algum à nomeação do procurador aposentado como sócio-administrador.
Foi em sua casa, aliás, que o IDP foi fundado. Em 1998, Coelho recebia uma
remuneração simbólica de um salário mínimo mensal.
Segundo o sócio em litígio, Mendes desde sempre ocupante de cargos no serviço público – subchefe de
Assuntos Jurídicos da Presidência da República, advogado-geral da União e
ministro do STF – costumava engordar sua renda mensal com “retiradas extras” do
IDP. “Nalgumas (sic) vezes, quando alegava estar precisando de dinheiro para
custear festas familiares cujas despesas excediam as forças do seu erário
particular, o sócio Gilmar Mendes
fazia retiradas mais significativas na perspectiva de acertos futuros, que,
efetivamente jamais ocorreram.” Em outras palavras,
o ministro é acusado de dar desfalques na sociedade.
Coelho também acusa
Mendes de ter montado um esquema de cobrança de comissões sobre os patrocínios
e eventos do IDP, o que teria desencadeado o conflito societário. Segundo
ele, o ministro alegou estar cansado de ser o “garoto-propaganda” sem levar
nenhuma “vantagem diferenciada” por isso. Queria esse dinheiro, anota o sócio,
para custear “eventos extracurriculares”. Apesar da pressão de Banco, que
aparentemente jamais se opôs a Mendes, Coelho afirma não ter aceitado a
proposta do juiz.
A recusa teria feito desandar a relação com os demais
sócios. Mendes então passou a colocar em dúvida o modelo de gestão do IDP. E,
na versão de Coelho, iniciou uma frenética troca de e-mails com Branco, a quem
dizia não mais tolerar o comando de seu venerado ex-professor, o “cara” que até
então era uma espécie de mentor de ambos na profissão. O motivo do
inconformismo, segundo consta da réplica preparada pelo ex-procurador, era um
só: “Nenhum pagamento seria feito ao sócio Gilmar Ferreira Mendes,
principalmente as almejadas/exigidas ‘comissões’ pelo seu trabalho como
garoto-propaganda do IDP”.
A intenção real do ministro, diz Coelho, era removê-lo do
cargo de administrador para garantir acesso irrestrito ao dinheiro e a
contabilidade da empresa. A maneira de fazer isso, anota, seria justamente
nomear uma administradora não sócia, a advogada Dalide Correa. Daí em diante,
conclui, Mendes poderia fazer as “retiradas especiais” sem a vigilância do
antigo sócio. “Essa é a verdade, doa a quem doer e sejam quais forem as
conseqüências”, registro.
Ao saber do teor da resposta anexada ao processo, e do
perigo que significaria o vazamento das acusações, Mendes entrou em pânico, em
plena temporada alemã ao lado do amigo Torres. Em 19 de abril de 2011, exatos
12 dias após Coelho apresentar as acusações, o escritório de defesa de Mendes,
comandado por Sergio
Bermudes, entrou com pedido urgente de segredo de Justiça
para esconder as denúncias feitas pelo ex-sócio no processo em torno da briga
societária. Em 2 de maio de 2011, com o ministro de volta ao Brasil, a juíza
substituta Andreza Alves de Souza acatou o pedido da defesa. O processo então passou a correr sob sigilo.
Mendes ainda tomaria outra precaução. No mesmo dia em que conseguiu
a ordem de sigilo, enviou à juíza a cópia de uma carta supostamente enviada por
ele a Coelho datada de 28 de abril de 2011. São seis laudas de destempero e vaidade, regadas a ódio e
ressentimento, escrito no mesmo estilo formal usado para proferir seus votos no
STF. Diz que se deve a ele a boa reputação do instituto, destila fel contra o
sócio e retira esqueletos do armário. Alega ter sido o sucesso do IDP que
permitiu a Coelho “reescrever” sua biografia e passar a ser lembrado como
constitucionalista, “e não apenas como o último procurador-geral que serviu ao
regime militar”.
A seguir liga o nome
de Coelho, de 70 anos, ao assassinato do procurador Pedro Jorge de Melo e Silva
no chamado “Escândalo da Mandioca”. E assim, o mentor de Mendes e seu sócio por
mais de uma década, em poucas linhas, tornou-se um ser abjeto e indigno.
Um pouco de memória. Em 1982, quando era procurador-0geral
da República, Coelho afastou o procurador Melo e Silva das investigações sobre
um golpe perpetrado por fazendeiros em Pernambuco a partir de simulações de
perda da safra de mandioca. O objetivo era conseguir empréstimos fraudulentos
no Banco do Brasil. Logo após o afastamento, o procurador foi assassinado a
tiros em Olinda (OPEP. Nunca se provou qualquer ligação entre a destituição de
Melo e Silva e a participação de Coelho no crime.
O ministro também inverte as baterias e culpa o
sócio-administrador pela situação pré-falimentar do IDP no fim de 2010, sem
levar em conta os dados de uma auditoria por ele mesmo contratada e
posteriormente anexada aos autos do processo. Concluída em 18 de outubro de
2010 pela SBessa & Associados, do Rio de Janeiro, a auditoria revelou um quadro desolador nas contas do instituto, ao
contrário daquilo que o ministro costuma propagar entre seus pares e pela pena
de jornalistas amigos. Em 2008, Mendes havia colocado no cargo de diretor-geral
um coronel da Aeronáutica, Luiz Fernandes, que se mostrou um desastre
administrativo. Quando descobriu o tamanho do buraco deixado pelo auxiliar,
jogou a responsabilidade no colo de Coelho.
De acordo com a auditoria, o que de mais grave ocorria
eram as “remunerações extras”, eufemismo usado pelos auditores para as
retiradas ilegais, conforme denunciou Coelho. A auditoria revelou que o valor pago como “remuneração bruta” chegava a
14% da folha do instituto, e era feito “por fora”, ou seja, de forma criminosa,
por meio de sonegação de impostos.
Eis as recomendações expressas de Sergio Bessa, diretor da
SBessa & Associados, no documento endereçado a Mendes. “Além de estarmos falando de uma prática ilegal, tal fato é
extremamente agravado pela posição profissional de cada um dos sócios do IDP”.
E ressalta, na mira exata do ministro: “reputamos este fato um ato bastante temerário para a
reputação dos atuais sócios do IDP”.
Além disso, constataram os auditores, o IDP tinha
funcionários demais e receita de menos, além de ser dependente, para não dar
prejuízo, de “patrocínios” e “doações”, exatamente sobre os quais Mendes
pretendia cobrar “pedágio”, segundo Coelho. A auditoria insiste: o elevado
“consumo de caixa” estava comprometendo o pagamento da dívida com o Bando do
Brasil, tomada para construção do prédio, cujo valor era, em 2010, de 77 mil
reais mensais. Para não quebrar, o IDP viu-se obrigado a contrair naquele ano
314 mil reais de empréstimo do Banco do Brasil e Bradesco para capital de giro.
“Isso demonstra que a empresa está com incapacidade para pagar seus
compromissos de curto prazo”, concluíram os auditores.
Interessante constatar que Mendes cometeu uma inconfidência
na ânsia de diminuir a importância de Coelho. Na resposta enviada à Justiça, revelou que a
responsável pela implantação do sistema de informatização do IDP fora Ana
Carolina Chaer, então diretora do Departamento de Gestão Estratégica do Conselho
Nacional de Justiça, durante a gestão de Mendes em 2010. Ou seja, o ministro
usou uma servidora pública contratada por ele, quando presidente do CNJ, para
tocar um trabalho paralelo em sua empresa privada. Outro detalhe importante Ana
Carolina é sobrinha de Marcio Chaer, diretor do site Consultor Jurídico e amigo
íntimo do magistrado.
Para fortalecer a tese de Mendes, contrária àquela de
Coelho, de que era possível contratar uma administradora não sócia para
substituir o ex-procurador, Bermudes
contou com o
apoio até da Advocacia-Geral da União, autarquia que Mendes comandou antes de
ser nomeado ministro do STF em 2002. O advogado acionou o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a título de consulta,
para saber da possibilidade de registro na Jnta Comercial do Distrito Federal
da ata relativa à nomeação de Dalide Corrêa como
administradora.
O ministro do STF queria saber se era necessário ou não
fazer alteração estatutária para a admissão de escolha de pessoa estranha à sociedade
para funcionar como administradora, como havia sido o caso da advogada Dalide.
Chamada a se pronunciar, a AGU, por
intermédio do advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, produziu em 24 de
agosto de 2010 um incomum parecer de sete páginas do mais puro juridiquês sobre
a divergência societária de uma empresa privada.
No texto, classificado pela defesa de Coelho como “peça de
encomenda”, Adams toma partido de Mendes e Branco, a ponto de adivinhar-lhes a
intenção. “Não é razoável supor-se que o objeto dos sócios fosse que o único
deles sem impedimentos legais, Inocêncio Mártires Coelho, tivesse de exercer a
função de administrador do IDP ad perpetuam”.
Adiante, Adams demonstra preocupação com um eventual “sério
comprometimento da atividade empresarial” do IDP e conclui não haver razão para
a Junta Comercial não registrar as vontades de Mendes e Branco e nomear Dalide
Corrêa para o cargo. A manifestação foi encaminhada ao MDIC para
providências.
Não adiantou muito. A solução encontrada pelas duas bancas
de advogados para acabar com a guerra entre os sócios e, principalmente, evitar
que o entrevero vazasse foi costurar um acordo entre as partes. O silêncio do
professor Coelho não saiu barato para os sócios e ex-alunos. Mendes e Branco desembolsaram em 24 de
junho de 2011 exatos 8 milhões e 1 reais para comprar cotadas de Coelho e
sepultar o processo. De onde os dois servidores públicos de carreira, sócios de
uma empresa em estado pré-falimentar, tiraram tanto dinheiro, é uma boa
pergunta.
Antes, uma petição assinada e encaminhada à 20ª. Vara Cível
do DF pelo advogado de Coelho, Eduardo Lycurgo, havia tentado sem sucesso
retirar dos autos a réplica com as denúncias contra Mendes. Após a tentativa,
Lycurgo abandonou o caso justo quando o ex-procurador vendeu as cotas e decidiu
pedir a extinção do processo, decretada pela juíza Andreza de Souza, em 13 de
setembro de 2011. “Houve um estranhamento entre mim e o professor Inocêncio”,
afirma o advogado. Amigo da família Coelho, ele garante não ter cobrado honorários
do ex-procurador.
Procurado por CartaCapital, Mendes preferiu responder por
meio da assessoria de imprensa do IDP. Em uma nota lacônica, a assessoria do
instituto alega que as “irregularidades detectadas” pela auditoria foram
sanadas. Afirma ainda que os 8 milhões de reais pagos ao ex-sócio foram
levantados graças a um empréstimo bancário.
Revista Carta Capital
13.06.2012
Edição 701 – Ano XVII
- Ante ao exposto, fica a pergunta: em que
país sério do mundo um cidadão com este perfil teria condições de ocupar a
relevante cadeira de magistrado da mais alta Corte de Justiça do país?
- Não sei não, mas acho que Sua Excelência
não foi muito feliz na escolha de seu porta-voz ou advogado de defesa, senão
vejamos:
REVISTA MOSTRA COMO
SE DESFAZ REPORTAGEM PARA ATACAR
A revista CartaCapital desta semana publicou metade de uma
reportagem sobre processo judicial, já encerrado, que acusa de falcatruas o
ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. O texto da revista
menciona este site.
A metade da reportagem que a revista ficou devendo aos
leitores é a que deveria informar o lado da defesa no litígio. Textos apenas
com acusação, sabem os profissionais do ramo, são tão autênticos quanto um jogo
de futebol com um time só em campo ou uma luta de vale-tudo em que apenas um
lutador sobe ao ringue: já se tem o resultado antes da peleja.
No trecho que fala desta publicação, o jornalista investigativo
da revista, em meio a um amontoado de insinuações criminosas, diz que detalhe
importante da trama é que uma especialista em informática e administração que
trabalhou no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), do ministro, “é
sobrinha de Márcio Chaer, diretor do site Consultor Jurídico”. O desmazelo
apontado seria o seguinte: Gilmar Mendes “usou uma servidora pública contratada
por ele, quando presidente do CNJ, para tocar um trabalho paralelo em sua
empresa privada”.
Este redator não tem sobrinha nenhuma em Brasília, não
conhece a moça, seus pais ou parentes — há apenas coincidência de sobrenome.
Feita averiguação, o que jornalistas profissionais fazem sem dificuldade,
constatou-se: é fato, a moça trabalhou no IDP até 2007 e quase 1 ano depois foi
contratada no Conselho Nacional de Justiça. Não acumulou funções, não foi
contratada pelo ministro e, é claro, não guarda nenhum parentesco com ninguém
deste site.
O autor da lambança é Leandro Fortes, dono de um itinerário
atípico na profissão. Ele foi da Aeronáutica no governo militar; na
administração FHC era considerado aliado pelas hostes tucanas (quando trabalhou
no jornal O Globo e na revista Época). Na era Lula foi trabalhar para o
governo. Mas nem sempre se deu bem. Acabou demitido de O Globo e do jornal O
Estado de S.Paulo “por inépcia”. Na Radiobrás respondeu ação por assédio moral.
Nessa trajetória de adesão, CartaCapital veio a ser um desdobramento natural da
carreira. Ali, seus talentos e suas características são valorizadas e bem aproveitadas
para os propósitos da publicação.
Procurado para se manifestar, justificar sua conduta e
explicar as áreas nebulosas de sua trajetória, Leandro Fortes parece ter se
assustado. Gaguejou, silenciou e desligou o telefone abruptamente assim que
este interlocutor se identificou. Nova tentativa. A ligação foi rejeitada. No
recado, como costumam fazer jornalistas que querem fazer reportagens inteiras,
ficaram gravadas as perguntas e um número de telefone para resposta, que não
veio. Foram feitas mais duas tentativas. Em ambas o telefone foi desligado pelo
não tão incisivo jornalista.
Leandro Fortes chegou a Brasília apresentando-se como
sargento da Aeronáutica. Há dúvidas a respeito. Até onde se sabe, sua maior
patente na Força Aérea foi de cadete na Escola Preparatória de Barbacena. Ele é
lembrado nas redações por momentos emocionantes do jornalismo, como quando
foram divulgadas como verdadeiras as falsidades do famoso “dossiê Cayman”.
Fortes chegou a ser denunciado pelo Ministério Público Federal por ataques
contra os policiais federais que investigaram a origem do dossiê.
Precisão e acurácia não parecem ser características de seus
textos. Entre um desmentido e outro, como quando levou a revista Época a
publicar que uma reunião de trabalho no Palácio do Planalto tivera a
participação de um torturador — o que não acontecera —, Fortes deixou de
herança à revista uma condenação de R$ 40 mil, mais uma vez por notícia errada.
Esta, contra o atual presidente do Tribunal Regional Eleitoral. A revista
também arcou com outra condenação,
de R$ 38 mil, devido a reportagem assinada pelo jornalista, que deu a
entender que o advogado Marcos Malan, irmão do ex-ministro da Fazenda Pedro
Malan, fez parte de um esquema de tráfico de influência para atrapalhar o
andamento de um processo administrativo no Banco Central — segundo o juiz do
caso, sem provas e
distorcendo declarações. Ainda cabe recurso.
Recentemente investiu contra três profissionais respeitáveis
de Brasília: atacou o chefe da sucursal da revista Veja, Policarpo Júnior;
o assessor de imprensa do Tribunal Superior do Trabalho, Renato Parente; e o
diretor da sucursal da revista Época, Eumano Silva, seu desafeto e a quem
Fortes atacou, reconhecidamente, por vingança. Diferentemente de seu algoz,
Eumano detém o respeito de dez em cada dez jornalistas de Brasília.
A fraude estampada na CartaCapital desta semana é um
prodígio e pode ser resumida em três parágrafos. Gilmar Mendes, um dos três
sócios do IDP, encomendou uma auditoria para entender o que acontecia com a
escola. A conclusão foi que a administração precisava ser profissionalizada. O
sócio-gerente não quis sair e recorreu à Justiça.
Escorou suas razões justamente na auditoria que condenou sua
gestão. Mas imputou a Gilmar Mendes as mazelas pelas quais só quem tinha a
caneta (o administrador) poderia responder. O gestor, Inocêncio Mártires
Coelho, foi derrotado em todas as tentativas judiciais.
Sem alternativa, vendeu sua parte por R$ 8 milhões — valor
que os sócios restantes tomaram emprestado em banco privado, que não hesitou
aceitar a garantia do prédio, avaliado em valor bem superior ao do empréstimo.
Para o atilado Leandro Fortes, hoje apelidado pelos muitos ex-amigos de
Brasília como “sargento Demóstenes”, isso tudo foi altamente suspeito. Não foi
difícil fazer parecer convincente, contando apenas metade da história.
- Ainda bem que o ético jornalista, que não se constrange em usar graciosamente as
dependências públicas da Suprema Corte para lançar seus anuários e assim
faturar algum com a divulgação, não advoga para
o nobre ministro, se o fizesse, mesmo com seu amplo prestigio junto a
magistratura, em especial nas instâncias superiores do nosso mavioso Poder
Judiciário, dificilmente conseguiria convencer na defesa do ínclito ministro,
visto que, mais se preocupou em atacar o autor da reportagem do que,
propriamente dito, fazer a defesa de seu dileto amigo, pois em nenhum momento,
exceto o desmentido de seu grau de parentesco, negou o conteúdo das afirmações
constantes da peça do sócio desafeto do nobre ministro. Felizmente, Sua
Excelência conta com outro amigo de fé, irmão camarada e renomado causídico
para representá-lo junto aos tribunais, diga-se de passagem, ainda que não lhe
cause nenhum desconforto em julgar na Suprema Corte demandas em que o brilhante
civilista tenha interesses a defender, conforme declarou à Revista Piauí.
- Aliás, conheço o ético e probo jornalista de outros
carnavais, sempre disposto a abrir espaços àqueles que defendem causas nobres,
inclusive, certa ocasião tive oportunidade de assistir sua atuação, como
entrevistador, no Programa Roda Viva, tendo como entrevistado o honrado e digno
juiz Fausto De Sanctis constatando, na ocasião, seu esforço hercúleo de
imprensar na parede o sério magistrado com perguntas capciosas, pra não dizer
levianas!
- Mas, quem sou eu para fazer a defesa do jornalista Leandro
Fortes e ninguém melhor do que o próprio para fazê-lo:
LEANDRO FORTES: SOBRE
BAJULADORES E BAJULADORES
publicado em 16 de junho de 2012 às 13:17
por Leandro Fortes
Aos muitos amigos que se pronunciaram em público e em
particular, recomendo não entrar no jogo do Bajulador Jurídico, muito menos no
do Exu da Veja. Um escreveu para o outro, numa espécie de subtabelinha, para me
desqualificar, uma vez que se tornou impossível desqualificar a matéria que fiz
sobre as fraudes na escolinha de Gilmar Mendes, o IDP. O Bajulador Jurídico faz
assessoria de imprensa para Mendes, no pior sentido da expressão. Ele me ligou,
na quinta-feira à noite, fazendo mimimimi para dizer que uma sobrinha dele não
era sobrinha dele. Eu disse que não iria conversar a respeito porque o acho um
tremendo picareta. Mas isso ele não contou no confuso texto que fez publicar.
Logo em seguida, o sujeito surtou. Ao que parece, não dormiu
a noite toda. Ficou fazendo essa apuração maluca na qual descobriu, entre
coisas hilárias e fantásticas:
1) Que cheguei a Brasília me apresentando como
sargento da Aeronáutica (!)
2) Que era aliado dos tucanos porque trabalhei em O
Globo e na revista Época (?!)
3) Que fui demitido dos jornais O Globo e O Estado de
S.Paulo por “inépcia”(??)
4) Que fui denunciado por policais federais por conta
do Dossiê Cayman (!?)
5) Que deixei de herança à revista Época uma
condenação de 40 mil reais (???)
6) Que investi contra três profissionais respeitáveis:
Policarpo Junior, da Veja; Renato Parente, do TST; e Eumano Silva, da revista
Época (opa, será que achei uma fonte do Bajur?)
7) E, finalmente, que meu apelido entre meus muitos
“ex-amigos” seria “sargento Demóstenes” (hahahahaha!)
Bom, só para que a versão do hospício não fique por aí,
boiando que nem merda, uns rápidos esclarecimentos:
1) Nunca fui sargento da FAB, mas bem que poderia
tê-lo sido, com muito orgulho. Fui aluno (não cadete) da Escola Preparatória de
Cadetes do Ar, entre 1982 e 1984, entre os 16 e 18 anos de idade, onde fiz meu
ensino médio. Cheguei a Brasília em 1990, vindo de Salvador, já jornalista
formado e repórter com alguma experiência;
2) Nunca fui aliado de tucanos, até porque nunca fui aliado
de partido algum. Essa é uma concepção binária típica assessores financiados
por esse mundinho da política de Brasília;
3) Fui demitido do Estadão porque levei um furo quando
era setorista da Polícia Federal, em novembro de 1990, quando tinha 24 anos.
Era isso que acontecia com repórter que levava furo, naquela época. Ao
contrário de hoje, que repórteres produzem fichas falsas, usam informações de
quadrilhas e, em seguida, são promovidos; de O Globo, fui demitido, com muito
orgulho, por um chefete que foi colocado na redação de Brasília, em 1998, para
impedir qualquer crítica à criminosa reeleição de FHC. Na certa, ele não sabia
que eu era aliado dos tucanos…
4) Escrevi o único livro sobre o caso do Dossiê
Cayman, “Cayman: o Dossiê do Medo” (Record, 2002), depois de meses de apuração
que me levaram aos Estados Unidos e à Jamaica, onde recolhi os depoimentos dos
três brasileiros envolvidos na fraude. Os policiais que me processaram, dois
delegados bastante atrapalhados, o fizeram porque descobri que eles não tinham
ido ao exterior investigar nada, mas abafar o escândalo e descobrir o que os
falsários de Miami sabiam, de fato, sobre o dinheiro desviado das privatizações
– o que depois ficou esclarecido pelo livro “A Privataria Tucana”, do
jornalista Amaury Ribeiro Jr. A propósito, fui absolvido das acusações dos dois
policiais, mais tarde apelidados, dentro da PF, de “Fucker & Sucker”;
5) A única herança que deixei à revista Época foi um
sem número de excelentes matérias jornalísticas feitas com extrema dedicação e
zelo pelo bom jornalismo;
6) Nunca “investi” contra ninguém, muito menos contra
profissionais respeitáveis. Sobre Policarpo Junior, citei-o em reportagens,
como centenas de outros repórteres, ao me referir aos 200 telefonemas trocados
entre ele e Carlinhos Cachoeira. Sobre Renato Parente, revelei que ele
falsificou, por 20 anos, o próprio currículo, no qual mentia dizendo ter uma
formação superior que nunca teve, apenas para ocupar, de forma fraudulenta,
cargos comissionados nos tribunais superiores, entre os quais, o STF, onde
assessorou Gilmar
Mendes. Eumano Silva foi flagrado pela PF negociando
matérias com o araponga Idalberto Matias, o Dadá, para prejudicar uma
concorrente da Delta, empresa-mãe do esquema de Carlinhos Cachoeira. Era coisa,
aliás, que também provocava demissão, em épocas outras.
7) “Sargento Demóstenes” é uma tentativa infantil de Márcio
Chaer de tentar emplacar um apelido em mim, depois que popularizei o dele,
Bajulador Jurídico, e de seu irmão de fel, o Exu da Veja.
QUEM É QUEM
NOBRE ADVOGADA DALIDE CORREA
VIDEO DA SRA DALIDE FUNCIONARIA DO STF NO DEPOIMENTO DE
PROTOGENES NA CPI DOS GRAMPOS.
- Há que se perguntar: o que fazia a nobre servidora do STF
em outro Poder, independente, assistindo e colendo dados numa CPI?
- Vale lembrar que, “coincidentemente”, período em que foi
plantado na grande mídia, comprometida e altamente suspeita, o tal “estado
policial” acabando por derrubar o honrado delegado Paulo Lacerda da ABIN e,
também, “coincidentemente”, ocasião em que o Dr. Daniel Dantas obteve do
respeitabilíssimo STF dois HCs em menos de 48 horas, diga-se de passagem, hoje
fazendo parte da edificante galeria do banco de dados do Banco Mundial como um
dos quatro protagonistas dos maiores escândalos de corrupção no país. (fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,quatro-brasileiros-em-lista-internacional-de-corrupcao,886454,0.htm)
NOBRE JORNALISTA MARCIO CHAER
“O primeiro palanque no qual Peluso subiu, horas depois de
eleito presidente, em 10 de março, foi numa festa do site Consultor Jurídico, o
Conjur. O
palanque foi montado no salão principal do Supremo para comemorar o lançamento
da edição de 2010 do Anuário da Justiça, publicado pelo
site e pela Fundação Armando Álvares Penteado, a Faap. Mendes, Celso de Mello,
Toffoli, Britto e Lewandowski estavam no tablado de honra com Peluso. Marco
Aurélio circulou pelo salão, em meio a cerca de 300 pessoas, entre
desembargadores, juízes, promotores e advogados de Brasília, do Rio e de São
Paulo.
...
O dono do Conjur e editor do Anuário é o jornalista Márcio Chaer, proprietário também de uma assessoria de imprensa, a Original 123. As empresas estão instaladas numa casa de três andares na Vila Madalena, em São Paulo. O site faz uma cobertura intensa e extensa dos eventos e decisões do Poder Judiciário. Chaer é amigo de Guiomar e Gilmar Mendes. Troca e-mails e telefonemas amiúde com o juiz.
A Faap responde a condenações e processos por crimes contra a ordem tributária e o sistema financeiro. Alguns desses processos estão no Supremo. A pessoa jurídica do Conjur, a Dublê Editorial, também tem processos tramitando no tribunal. “Não vejo problema nenhum de lançar o Anuário no Supremo”, disse Mendes. O primeiro lançamento foi feito em 2007, quando a presidente era a ministra Ellen Gracie. Ela se declara suspeita quando recebe processos que envolvam a Faap. Joaquim Barbosa acha “um escândalo” que o Anuário seja lançado no Supremo.
Chaer também não vê problemas: “O presidente da República não visita os jornais? É a mesma coisa. Além do mais, todo tribunal lança livros, e até a Suprema Corte tem uma livraria”, disse, mostrando um volume que comprou lá.
O professor de direito Conrado Hübner Mendes, doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo e autor do livro Controle de Constitucionalidade e Democracia, tem outra opinião: “O Anuário pode até produzir informações de interesse público, mas não é isso que está em questão. Uma empresa privada não deveria ter o privilégio de ter seu produto promovido dentro do próprio tribunal. A integridade das instituições depende da separação entre o público e o privado.”
Em boa parte, os clientes da assessoria Original 123 são escritórios de advocacia. Teriam contratado a empresa pelo fato de Chaer ser amigo de Mendes e lançar o Anuário no Supremo? “De forma alguma, esses escritórios nem atuam no Supremo”, respondeu. E ligou em seguida para um funcionário da Original. “Quantos dos nossos clientes atuam no Supremo?”, perguntou. “Praticamente todos”, respondeu o funcionário. “Mas isso não quer dizer absolutamente nada”, esclareceu Chaer.”
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Fonte:
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O dono do Conjur e editor do Anuário é o jornalista Márcio Chaer, proprietário também de uma assessoria de imprensa, a Original 123. As empresas estão instaladas numa casa de três andares na Vila Madalena, em São Paulo. O site faz uma cobertura intensa e extensa dos eventos e decisões do Poder Judiciário. Chaer é amigo de Guiomar e Gilmar Mendes. Troca e-mails e telefonemas amiúde com o juiz.
A Faap responde a condenações e processos por crimes contra a ordem tributária e o sistema financeiro. Alguns desses processos estão no Supremo. A pessoa jurídica do Conjur, a Dublê Editorial, também tem processos tramitando no tribunal. “Não vejo problema nenhum de lançar o Anuário no Supremo”, disse Mendes. O primeiro lançamento foi feito em 2007, quando a presidente era a ministra Ellen Gracie. Ela se declara suspeita quando recebe processos que envolvam a Faap. Joaquim Barbosa acha “um escândalo” que o Anuário seja lançado no Supremo.
Chaer também não vê problemas: “O presidente da República não visita os jornais? É a mesma coisa. Além do mais, todo tribunal lança livros, e até a Suprema Corte tem uma livraria”, disse, mostrando um volume que comprou lá.
O professor de direito Conrado Hübner Mendes, doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo e autor do livro Controle de Constitucionalidade e Democracia, tem outra opinião: “O Anuário pode até produzir informações de interesse público, mas não é isso que está em questão. Uma empresa privada não deveria ter o privilégio de ter seu produto promovido dentro do próprio tribunal. A integridade das instituições depende da separação entre o público e o privado.”
Em boa parte, os clientes da assessoria Original 123 são escritórios de advocacia. Teriam contratado a empresa pelo fato de Chaer ser amigo de Mendes e lançar o Anuário no Supremo? “De forma alguma, esses escritórios nem atuam no Supremo”, respondeu. E ligou em seguida para um funcionário da Original. “Quantos dos nossos clientes atuam no Supremo?”, perguntou. “Praticamente todos”, respondeu o funcionário. “Mas isso não quer dizer absolutamente nada”, esclareceu Chaer.”
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Fonte:
Reportagem da Revista Piauí: O SUPREMO, QUOSQUE TANDEM?
NOBRE ADVOGADO SERGIO BERMUDES
“Mendes e Guiomar já
se hospedaram nos apartamentos de Sergio Bermudes no Rio, no Morro da Viúva, e
em Nova York, na Quinta Avenida. Também usam a sua Mercedes-Benz, com o
motorista. Logo depois da solenidade de transferência da presidência do Supremo
para Cezar Peluso, Mendes e Guiomar embarcaram em uma viagem de cinco dias a
Buenos Aires – presente
de Sergio Bermudes, que os acompanhou.”
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Fonte: Revista Piauí
Reportagem: Data Venia, o Supremo
- Como sou apenas “um rapaz latino-americano, sem dinheiro no
bolso, sem parentes importantes” e observador do cenário da degradada República
amoral e aética, comungo com ponto de vista do eminente professor Conrado
Hübner Mendes e fico com a
credibilidade do jornalista da Carta Capital seguindo os ensinamentos da vovó
que pregava:
“dize-me com quem andas que eu te direi
que és.”
Antes lhe digo que sou leitor assíduo e fan do seu Blog. E o que tenho a dizer, parafraseando o poeta Mario Quintana: "vou morar em mim". No meu caso vou me exilar em mim. Aqui no meu cantinho na roça, humilde mas decente do sertão da "Gerais".
ResponderExcluirUm grande abraço e parabéns pelo Blog.