quarta-feira, junho 20, 2012






























































































AMENIDADES
A paciente liga pro hospital e grita com o médico:
- Doutor, pelo amor de deus, eu estou entalada com meu vibrador.
- Calma que eu já estou mandando uma ambulância pra tirar isso da senhora.
- Tirar? Quem falou em tirar? Eu quero é trocar a pilha.

PENSAMENTO DO DIA (SEMPRE ATUAL)
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” (Ruy Barbosa -  discurso de 17/12/1914, no Senado Federal)

COBRAS E LAGARTOS
DISPUTA EMPRESARIAL:
Em um processo judicial conturbado Inocêncio Coelho, ex-sócio de Gilmar Mendes no IDP, acusa ministro de desvio de dinheiro e sonegação
Por Leandro Fortes.
Em abril de 2011, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), passeava por Berlim, na Alemanha, ao lado do senador Demóstenes Torres no que parecia ser um momento de descontração compartilhado por dois velhos amigos com dinheiro suficiente para curtir alegres passeios na Europa. O senador estava bem tranqüilo, curtia suas segundas núpcias com a jovem esposa e nem sequer imaginada como sua vida mudaria após a prisão do amigo Carlinhos Cachoeira, em fevereiro do ano seguinte. O magistrado não estava, porém, na mesma sintonia. Algo preocupava.
Pudera. Uma briga judicial iniciada um ano antes pelo controle do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) do qual é sócio, havia desaguado em acusações arrasadoras contra Mendes registradas em papel e anexadas aos autos do processo. Nos documentos outro sócio-fundador do Instituto e ex-professor do ministro no curso de pós-graduação da Universidade de Brasília, não poderia ter sido mais explícito. Procurador-geral da República durante o governo do ditador João Figueiredo, Inocêncio Mártires Coelho acusa Mendes de fazer retiradas ilegais de dinheiro do instituto, sonegar impostos, desfalcar o caixa da empresa e exigir “pedágio” dos outros sócios para servir, como ministro do STF, de “garoto propaganda” da instituição educacional. Tudo ao arrepio da lei Orgânica da Magistratura, que veda aos juízes o exercício de outra atividade a não ser a de professor. Como conseqüência, aponta Coelho, o IDP estaria sob risco de falência.
Até o momento da viagem a Berlim, o processo iniciado em 12 de agosto de 2010 não tramitava em segredo de Justiça. Poderia, portanto, ser consultado por qualquer advogado, daí a apreensão do ministro.
Por meio da ação, Coelho tentava manter-se no cargo de sócio-administrador do instituto, cargo que ocupava desde a criação do estabelecimento em 1998. Contra ele se uniram Mendes e o terceiro sócio, Paulo Gustavo Gomet Branco, procurador-regional da República. Formalmente, o ministro encabeçou o movimento para afastar o procurador aposentado da função, porque pretendia levar a cabo uma “reformulação empresarial” no IDP após a instituição apresentar mãos resultados financeiros em 2010. Na última década, o IDP havia se transformado em uma máquina de arrecadar dinheiro, beneficiado em boa medida por convênios com órgãos públicos.

O instituto organiza palestras, seminários e treinamento de pessoal, além de oferecer cursos superiores de graduação e pós-graduação. Por influência dos sócios, principalmente Mendes, consegue reunir um time seleto de professores entre ministros de tribunais superiores, ex-ministros, advogados influentes, procuradores e promotores. Já ministraram aulas no IDP, entre outros, o agora desafeto Nelson Jobim e o ex-colega de STF Eros Grau.
Entre 2000 e 2008, o instituto havia faturado mais 2,4 milhões de reais em contratos com órgãos ligados ao governo federal, todos firmados sem licitação. O terreno onde está instalado, na Asa Norte de Brasíli, foi conseguido graças a um desconto de 80% concedido pelo ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, em 2004. Para a obra do prédio, Mendes conseguiu em 2005 um empréstimo de 3 milhões de reais do Banco do Brasil, de um fundo curiosamente destinado a estimular a produção de alimentos em zonas rurais.
 Parecia um negócio próspero. Parecia. A empresa começou a ter dificuldades, segundo Coelho, por causa da “voracidade pecuniária” e dos “desmandos” de Mendes, afoito em fazer polpudas retiradas de dinheiro para bancar festas familiares e viagens. Todas as acusações contra o ministro foram registradas nas 13 laudas da réplica assinada pela advogada Fernanda Santos Silva, integrante do escritório do advogado Eduardo Lycurgo Leite, contratado pelo ex-procurador, em Brasília.

O documento reporta-se ao tempo em que Mendes e Branco, nos anos 1990, se referiam a Coelho como “o cara”, o “querido, respeitável e generoso professor Inocêncio”. Um tempo, diz o documento, em que não havia impedimento algum à nomeação do procurador aposentado como sócio-administrador. Foi em sua casa, aliás, que o IDP foi fundado. Em 1998, Coelho recebia uma remuneração simbólica de um salário mínimo mensal.
Segundo o sócio em litígio, Mendes desde sempre ocupante de cargos no serviço público – subchefe de Assuntos Jurídicos da Presidência da República, advogado-geral da União e ministro do STF – costumava engordar sua renda mensal com “retiradas extras” do IDP. “Nalgumas (sic) vezes, quando alegava estar precisando de dinheiro para custear festas familiares cujas despesas excediam as forças do seu erário particular, o sócio Gilmar Mendes fazia retiradas mais significativas na perspectiva de acertos futuros, que, efetivamente jamais ocorreram.” Em outras palavras, o ministro é acusado de dar desfalques na sociedade.
Coelho também acusa Mendes de ter montado um esquema de cobrança de comissões sobre os patrocínios e eventos do IDP, o que teria desencadeado o conflito societário. Segundo ele, o ministro alegou estar cansado de ser o “garoto-propaganda” sem levar nenhuma “vantagem diferenciada” por isso. Queria esse dinheiro, anota o sócio, para custear “eventos extracurriculares”. Apesar da pressão de Banco, que aparentemente jamais se opôs a Mendes, Coelho afirma não ter aceitado a proposta do juiz.
A recusa teria feito desandar a relação com os demais sócios. Mendes então passou a colocar em dúvida o modelo de gestão do IDP. E, na versão de Coelho, iniciou uma frenética troca de e-mails com Branco, a quem dizia não mais tolerar o comando de seu venerado ex-professor, o “cara” que até então era uma espécie de mentor de ambos na profissão. O motivo do inconformismo, segundo consta da réplica preparada pelo ex-procurador, era um só: “Nenhum pagamento seria feito ao sócio Gilmar Ferreira Mendes, principalmente as almejadas/exigidas ‘comissões’ pelo seu trabalho como garoto-propaganda do IDP”.

A intenção real do ministro, diz Coelho, era removê-lo do cargo de administrador para garantir acesso irrestrito ao dinheiro e a contabilidade da empresa. A maneira de fazer isso, anota, seria justamente nomear uma administradora não sócia, a advogada Dalide Correa. Daí em diante, conclui, Mendes poderia fazer as “retiradas especiais” sem a vigilância do antigo sócio. “Essa é a verdade, doa a quem doer e sejam quais forem as conseqüências”, registro.
Ao saber do teor da resposta anexada ao processo, e do perigo que significaria o vazamento das acusações, Mendes entrou em pânico, em plena temporada alemã ao lado do amigo Torres. Em 19 de abril de 2011, exatos 12 dias após Coelho apresentar as acusações, o escritório de defesa de Mendes, comandado por Sergio Bermudes, entrou com pedido urgente de segredo de Justiça para esconder as denúncias feitas pelo ex-sócio no processo em torno da briga societária. Em 2 de maio de 2011, com o ministro de volta ao Brasil, a juíza substituta Andreza Alves de Souza acatou o pedido da defesa. O processo então passou a correr sob sigilo.
Mendes ainda tomaria outra precaução. No mesmo dia em que conseguiu a ordem de sigilo, enviou à juíza a cópia de uma carta supostamente enviada por ele a Coelho datada de 28 de abril de 2011. São seis laudas de destempero e vaidade, regadas a ódio e ressentimento, escrito no mesmo estilo formal usado para proferir seus votos no STF. Diz que se deve a ele a boa reputação do instituto, destila fel contra o sócio e retira esqueletos do armário. Alega ter sido o sucesso do IDP que permitiu a Coelho “reescrever” sua biografia e passar a ser lembrado como constitucionalista, “e não apenas como o último procurador-geral que serviu ao regime militar”.
A seguir liga o nome de Coelho, de 70 anos, ao assassinato do procurador Pedro Jorge de Melo e Silva no chamado “Escândalo da Mandioca”. E assim, o mentor de Mendes e seu sócio por mais de uma década, em poucas linhas, tornou-se um ser abjeto e indigno.
Um pouco de memória. Em 1982, quando era procurador-0geral da República, Coelho afastou o procurador Melo e Silva das investigações sobre um golpe perpetrado por fazendeiros em Pernambuco a partir de simulações de perda da safra de mandioca. O objetivo era conseguir empréstimos fraudulentos no Banco do Brasil. Logo após o afastamento, o procurador foi assassinado a tiros em Olinda (OPEP. Nunca se provou qualquer ligação entre a destituição de Melo e Silva e a participação de Coelho no crime.
O ministro também inverte as baterias e culpa o sócio-administrador pela situação pré-falimentar do IDP no fim de 2010, sem levar em conta os dados de uma auditoria por ele mesmo contratada e posteriormente anexada aos autos do processo. Concluída em 18 de outubro de 2010 pela SBessa & Associados, do Rio de Janeiro, a auditoria revelou um quadro desolador nas contas do instituto, ao contrário daquilo que o ministro costuma propagar entre seus pares e pela pena de jornalistas amigos. Em 2008, Mendes havia colocado no cargo de diretor-geral um coronel da Aeronáutica, Luiz Fernandes, que se mostrou um desastre administrativo. Quando descobriu o tamanho do buraco deixado pelo auxiliar, jogou a responsabilidade no colo de Coelho.
De acordo com a auditoria, o que de mais grave ocorria eram as “remunerações extras”, eufemismo usado pelos auditores para as retiradas ilegais, conforme denunciou Coelho. A auditoria revelou que o valor pago como “remuneração bruta” chegava a 14% da folha do instituto, e era feito “por fora”, ou seja, de forma criminosa, por meio de sonegação de impostos.
Eis as recomendações expressas de Sergio Bessa, diretor da SBessa & Associados, no documento endereçado a Mendes. “Além de estarmos falando de uma prática ilegal, tal fato é extremamente agravado pela posição profissional de cada um dos sócios do IDP”. E ressalta, na mira exata do ministro: “reputamos este fato um ato bastante temerário para a reputação dos atuais sócios do IDP”.

Além disso, constataram os auditores, o IDP tinha funcionários demais e receita de menos, além de ser dependente, para não dar prejuízo, de “patrocínios” e “doações”, exatamente sobre os quais Mendes pretendia cobrar “pedágio”, segundo Coelho. A auditoria insiste: o elevado “consumo de caixa” estava comprometendo o pagamento da dívida com o Bando do Brasil, tomada para construção do prédio, cujo valor era, em 2010, de 77 mil reais mensais. Para não quebrar, o IDP viu-se obrigado a contrair naquele ano 314 mil reais de empréstimo do Banco do Brasil e Bradesco para capital de giro. “Isso demonstra que a empresa está com incapacidade para pagar seus compromissos de curto prazo”, concluíram os auditores.

Interessante constatar que Mendes cometeu uma inconfidência na ânsia de diminuir a importância de Coelho. Na resposta enviada à Justiça, revelou que a responsável pela implantação do sistema de informatização do IDP fora Ana Carolina Chaer, então diretora do Departamento de Gestão Estratégica do Conselho Nacional de Justiça, durante a gestão de Mendes em 2010. Ou seja, o ministro usou uma servidora pública contratada por ele, quando presidente do CNJ, para tocar um trabalho paralelo em sua empresa privada. Outro detalhe importante Ana Carolina é sobrinha de Marcio Chaer, diretor do site Consultor Jurídico e amigo íntimo do magistrado.

Para fortalecer a tese de Mendes, contrária àquela de Coelho, de que era possível contratar uma administradora não sócia para substituir o ex-procurador, Bermudes contou com o apoio até da Advocacia-Geral da União, autarquia que Mendes comandou antes de ser nomeado ministro do STF em 2002. O advogado acionou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a título de consulta, para saber da possibilidade de registro na Jnta Comercial do Distrito Federal da ata relativa à nomeação de Dalide Corrêa como administradora.
O ministro do STF queria saber se era necessário ou não fazer alteração estatutária para a admissão de escolha de pessoa estranha à sociedade para funcionar como administradora, como havia sido o caso da advogada Dalide. Chamada a se pronunciar, a AGU, por intermédio do advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, produziu em 24 de agosto de 2010 um incomum parecer de sete páginas do mais puro juridiquês sobre a divergência societária de uma empresa privada.
No texto, classificado pela defesa de Coelho como “peça de encomenda”, Adams toma partido de Mendes e Branco, a ponto de adivinhar-lhes a intenção. “Não é razoável supor-se que o objeto dos sócios fosse que o único deles sem impedimentos legais, Inocêncio Mártires Coelho, tivesse de exercer a função de administrador do IDP ad perpetuam”.
Adiante, Adams demonstra preocupação com um eventual “sério comprometimento da atividade empresarial” do IDP e conclui não haver razão para a Junta Comercial não registrar as vontades de Mendes e Branco e nomear Dalide Corrêa para o cargo. A manifestação foi encaminhada ao MDIC para providências.
Não adiantou muito. A solução encontrada pelas duas bancas de advogados para acabar com a guerra entre os sócios e, principalmente, evitar que o entrevero vazasse foi costurar um acordo entre as partes. O silêncio do professor Coelho não saiu barato para os sócios e ex-alunos. Mendes e Branco desembolsaram em 24 de junho de 2011 exatos 8 milhões e 1 reais para comprar cotadas de Coelho e sepultar o processo. De onde os dois servidores públicos de carreira, sócios de uma empresa em estado pré-falimentar, tiraram tanto dinheiro, é uma boa pergunta.

Antes, uma petição assinada e encaminhada à 20ª. Vara Cível do DF pelo advogado de Coelho, Eduardo Lycurgo, havia tentado sem sucesso retirar dos autos a réplica com as denúncias contra Mendes. Após a tentativa, Lycurgo abandonou o caso justo quando o ex-procurador vendeu as cotas e decidiu pedir a extinção do processo, decretada pela juíza Andreza de Souza, em 13 de setembro de 2011. “Houve um estranhamento entre mim e o professor Inocêncio”, afirma o advogado. Amigo da família Coelho, ele garante não ter cobrado honorários do ex-procurador.
Procurado por CartaCapital, Mendes preferiu responder por meio da assessoria de imprensa do IDP. Em uma nota lacônica, a assessoria do instituto alega que as “irregularidades detectadas” pela auditoria foram sanadas. Afirma ainda que os 8 milhões de reais pagos ao ex-sócio foram levantados graças a um empréstimo bancário.
Revista Carta Capital
13.06.2012
Edição 701 – Ano XVII
- Ante ao exposto, fica a pergunta: em que país sério do mundo um cidadão com este perfil teria condições de ocupar a relevante cadeira de magistrado da mais alta Corte de Justiça do país?
- Não sei não, mas acho que Sua Excelência não foi muito feliz na escolha de seu porta-voz ou advogado de defesa, senão vejamos:
REVISTA MOSTRA COMO SE DESFAZ REPORTAGEM PARA ATACAR
A revista CartaCapital desta semana publicou metade de uma reportagem sobre processo judicial, já encerrado, que acusa de falcatruas o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. O texto da revista menciona este site.
A metade da reportagem que a revista ficou devendo aos leitores é a que deveria informar o lado da defesa no litígio. Textos apenas com acusação, sabem os profissionais do ramo, são tão autênticos quanto um jogo de futebol com um time só em campo ou uma luta de vale-tudo em que apenas um lutador sobe ao ringue: já se tem o resultado antes da peleja.
No trecho que fala desta publicação, o jornalista investigativo da revista, em meio a um amontoado de insinuações criminosas, diz que detalhe importante da trama é que uma especialista em informática e administração que trabalhou no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), do ministro, “é sobrinha de Márcio Chaer, diretor do site Consultor Jurídico”. O desmazelo apontado seria o seguinte: Gilmar Mendes “usou uma servidora pública contratada por ele, quando presidente do CNJ, para tocar um trabalho paralelo em sua empresa privada”.
Este redator não tem sobrinha nenhuma em Brasília, não conhece a moça, seus pais ou parentes — há apenas coincidência de sobrenome. Feita averiguação, o que jornalistas profissionais fazem sem dificuldade, constatou-se: é fato, a moça trabalhou no IDP até 2007 e quase 1 ano depois foi contratada no Conselho Nacional de Justiça. Não acumulou funções, não foi contratada pelo ministro e, é claro, não guarda nenhum parentesco com ninguém deste site.
O autor da lambança é Leandro Fortes, dono de um itinerário atípico na profissão. Ele foi da Aeronáutica no governo militar; na administração FHC era considerado aliado pelas hostes tucanas (quando trabalhou no jornal O Globo e na revista Época). Na era Lula foi trabalhar para o governo. Mas nem sempre se deu bem. Acabou demitido de O Globo e do jornal O Estado de S.Paulo “por inépcia”. Na Radiobrás respondeu ação por assédio moral. Nessa trajetória de adesão, CartaCapital veio a ser um desdobramento natural da carreira. Ali, seus talentos e suas características são valorizadas e bem aproveitadas para os propósitos da publicação.
Procurado para se manifestar, justificar sua conduta e explicar as áreas nebulosas de sua trajetória, Leandro Fortes parece ter se assustado. Gaguejou, silenciou e desligou o telefone abruptamente assim que este interlocutor se identificou. Nova tentativa. A ligação foi rejeitada. No recado, como costumam fazer jornalistas que querem fazer reportagens inteiras, ficaram gravadas as perguntas e um número de telefone para resposta, que não veio. Foram feitas mais duas tentativas. Em ambas o telefone foi desligado pelo não tão incisivo jornalista.
Leandro Fortes chegou a Brasília apresentando-se como sargento da Aeronáutica. Há dúvidas a respeito. Até onde se sabe, sua maior patente na Força Aérea foi de cadete na Escola Preparatória de Barbacena. Ele é lembrado nas redações por momentos emocionantes do jornalismo, como quando foram divulgadas como verdadeiras as falsidades do famoso “dossiê Cayman”. Fortes chegou a ser denunciado pelo Ministério Público Federal por ataques contra os policiais federais que investigaram a origem do dossiê.
Precisão e acurácia não parecem ser características de seus textos. Entre um desmentido e outro, como quando levou a revista Época a publicar que uma reunião de trabalho no Palácio do Planalto tivera a participação de um torturador — o que não acontecera —, Fortes deixou de herança à revista uma condenação de R$ 40 mil, mais uma vez por notícia errada. Esta, contra o atual presidente do Tribunal Regional Eleitoral. A revista também arcou com outra condenação, de R$ 38 mil, devido a reportagem assinada pelo jornalista, que deu a entender que o advogado Marcos Malan, irmão do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, fez parte de um esquema de tráfico de influência para atrapalhar o andamento de um processo administrativo no Banco Central — segundo o juiz do caso, sem provas e
distorcendo declarações. Ainda cabe recurso. 
Recentemente investiu contra três profissionais respeitáveis de Brasília: atacou o chefe da sucursal da revista Veja, Policarpo Júnior; o assessor de imprensa do Tribunal Superior do Trabalho, Renato Parente; e o diretor da sucursal da revista Época, Eumano Silva, seu desafeto e a quem Fortes atacou, reconhecidamente, por vingança. Diferentemente de seu algoz, Eumano detém o respeito de dez em cada dez jornalistas de Brasília.
A fraude estampada na CartaCapital desta semana é um prodígio e pode ser resumida em três parágrafos. Gilmar Mendes, um dos três sócios do IDP, encomendou uma auditoria para entender o que acontecia com a escola. A conclusão foi que a administração precisava ser profissionalizada. O sócio-gerente não quis sair e recorreu à Justiça.
Escorou suas razões justamente na auditoria que condenou sua gestão. Mas imputou a Gilmar Mendes as mazelas pelas quais só quem tinha a caneta (o administrador) poderia responder. O gestor, Inocêncio Mártires Coelho, foi derrotado em todas as tentativas judiciais.
Sem alternativa, vendeu sua parte por R$ 8 milhões — valor que os sócios restantes tomaram emprestado em banco privado, que não hesitou aceitar a garantia do prédio, avaliado em valor bem superior ao do empréstimo. Para o atilado Leandro Fortes, hoje apelidado pelos muitos ex-amigos de Brasília como “sargento Demóstenes”, isso tudo foi altamente suspeito. Não foi difícil fazer parecer convincente, contando apenas metade da história.
- Ainda bem que o ético jornalista, que não se constrange em usar graciosamente as dependências públicas da Suprema Corte para lançar seus anuários e assim faturar algum com a divulgação, não advoga para o nobre ministro, se o fizesse, mesmo com seu amplo prestigio junto a magistratura, em especial nas instâncias superiores do nosso mavioso Poder Judiciário, dificilmente conseguiria convencer na defesa do ínclito ministro, visto que, mais se preocupou em atacar o autor da reportagem do que, propriamente dito, fazer a defesa de seu dileto amigo, pois em nenhum momento, exceto o desmentido de seu grau de parentesco, negou o conteúdo das afirmações constantes da peça do sócio desafeto do nobre ministro. Felizmente, Sua Excelência conta com outro amigo de fé, irmão camarada e renomado causídico para representá-lo junto aos tribunais, diga-se de passagem, ainda que não lhe cause nenhum desconforto em julgar na Suprema Corte demandas em que o brilhante civilista tenha interesses a defender, conforme declarou à Revista Piauí.
- Aliás, conheço o ético e probo jornalista de outros carnavais, sempre disposto a abrir espaços àqueles que defendem causas nobres, inclusive, certa ocasião tive oportunidade de assistir sua atuação, como entrevistador, no Programa Roda Viva, tendo como entrevistado o honrado e digno juiz Fausto De Sanctis constatando, na ocasião, seu esforço hercúleo de imprensar na parede o sério magistrado com perguntas capciosas, pra não dizer levianas!
- Mas, quem sou eu para fazer a defesa do jornalista Leandro Fortes e ninguém melhor do que o próprio para fazê-lo:
LEANDRO FORTES: SOBRE BAJULADORES E BAJULADORES
publicado em 16 de junho de 2012 às 13:17
por Leandro Fortes
Aos muitos amigos que se pronunciaram em público e em particular, recomendo não entrar no jogo do Bajulador Jurídico, muito menos no do Exu da Veja. Um escreveu para o outro, numa espécie de subtabelinha, para me desqualificar, uma vez que se tornou impossível desqualificar a matéria que fiz sobre as fraudes na escolinha de Gilmar Mendes, o IDP. O Bajulador Jurídico faz assessoria de imprensa para Mendes, no pior sentido da expressão. Ele me ligou, na quinta-feira à noite, fazendo mimimimi para dizer que uma sobrinha dele não era sobrinha dele. Eu disse que não iria conversar a respeito porque o acho um tremendo picareta. Mas isso ele não contou no confuso texto que fez publicar.
Logo em seguida, o sujeito surtou. Ao que parece, não dormiu a noite toda. Ficou fazendo essa apuração maluca na qual descobriu, entre coisas hilárias e fantásticas:
1)  Que cheguei a Brasília me apresentando como sargento da Aeronáutica (!)
2)  Que era aliado dos tucanos porque trabalhei em O Globo e na revista Época (?!)
3)  Que fui demitido dos jornais O Globo e O Estado de S.Paulo por “inépcia”(??)
4)  Que fui denunciado por policais federais por conta do Dossiê Cayman (!?)
5)  Que deixei de herança à revista Época uma condenação de 40 mil reais (???)
6)  Que investi contra três profissionais respeitáveis: Policarpo Junior, da Veja; Renato Parente, do TST; e Eumano Silva, da revista Época (opa, será que achei uma fonte do Bajur?)
7) E, finalmente, que meu apelido entre meus muitos “ex-amigos” seria “sargento Demóstenes” (hahahahaha!)
Bom, só para que a versão do hospício não fique por aí, boiando que nem merda, uns rápidos esclarecimentos:
1)  Nunca fui sargento da FAB, mas bem que poderia tê-lo sido, com muito orgulho. Fui aluno (não cadete) da Escola Preparatória de Cadetes do Ar, entre 1982 e 1984, entre os 16 e 18 anos de idade, onde fiz meu ensino médio. Cheguei a Brasília em 1990, vindo de Salvador, já jornalista formado e repórter com alguma experiência;
2)  Nunca fui aliado de tucanos, até porque nunca fui aliado de partido algum. Essa é uma concepção binária típica assessores financiados por esse mundinho da política de Brasília;
3)  Fui demitido do Estadão porque levei um furo quando era setorista da Polícia Federal, em novembro de 1990, quando tinha 24 anos. Era isso que acontecia com repórter que levava furo, naquela época. Ao contrário de hoje, que repórteres produzem fichas falsas, usam informações de quadrilhas e, em seguida, são promovidos; de O Globo, fui demitido, com muito orgulho, por um chefete que foi colocado na redação de Brasília, em 1998, para impedir qualquer crítica à criminosa reeleição de FHC. Na certa, ele não sabia que eu era aliado dos tucanos…
4)  Escrevi o único livro sobre o caso do Dossiê Cayman, “Cayman: o Dossiê do Medo” (Record, 2002), depois de meses de apuração que me levaram aos Estados Unidos e à Jamaica, onde recolhi os depoimentos dos três brasileiros envolvidos na fraude. Os policiais que me processaram, dois delegados bastante atrapalhados, o fizeram porque descobri que eles não tinham ido ao exterior investigar nada, mas abafar o escândalo e descobrir o que os falsários de Miami sabiam, de fato, sobre o dinheiro desviado das privatizações – o que depois ficou esclarecido pelo livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. A propósito, fui absolvido das acusações dos dois policiais, mais tarde apelidados, dentro da PF, de “Fucker & Sucker”;
5)  A única herança que deixei à revista Época foi um sem número de excelentes matérias jornalísticas feitas com extrema dedicação e zelo pelo bom jornalismo;
6)  Nunca “investi” contra ninguém, muito menos contra profissionais respeitáveis. Sobre Policarpo Junior, citei-o em reportagens, como centenas de outros repórteres, ao me referir aos 200 telefonemas trocados entre ele e Carlinhos Cachoeira. Sobre Renato Parente, revelei que ele falsificou, por 20 anos, o próprio currículo, no qual mentia dizendo ter uma formação superior que nunca teve, apenas para ocupar, de forma fraudulenta, cargos comissionados nos tribunais superiores, entre os quais, o STF, onde assessorou Gilmar
Mendes. Eumano Silva foi flagrado pela PF negociando matérias com o araponga Idalberto Matias, o Dadá, para prejudicar uma concorrente da Delta, empresa-mãe do esquema de Carlinhos Cachoeira. Era coisa, aliás, que também provocava demissão, em épocas outras.
7) “Sargento Demóstenes” é uma tentativa infantil de Márcio Chaer de tentar emplacar um apelido em mim, depois que popularizei o dele, Bajulador Jurídico, e de seu irmão de fel, o Exu da Veja.
QUEM É QUEM
NOBRE ADVOGADA DALIDE CORREA
VIDEO DA SRA DALIDE FUNCIONARIA DO STF NO DEPOIMENTO DE PROTOGENES NA CPI DOS GRAMPOS.
- Há que se perguntar: o que fazia a nobre servidora do STF em outro Poder, independente, assistindo e colendo dados numa CPI?
- Vale lembrar que, “coincidentemente”, período em que foi plantado na grande mídia, comprometida e altamente suspeita, o tal “estado policial” acabando por derrubar o honrado delegado Paulo Lacerda da ABIN e, também, “coincidentemente”, ocasião em que o Dr. Daniel Dantas obteve do respeitabilíssimo STF dois HCs em menos de 48 horas, diga-se de passagem, hoje fazendo parte da edificante galeria do banco de dados do Banco Mundial como um dos quatro protagonistas dos maiores escândalos de corrupção no país.  (fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,quatro-brasileiros-em-lista-internacional-de-corrupcao,886454,0.htm)
NOBRE JORNALISTA MARCIO CHAER
“O primeiro palanque no qual Peluso subiu, horas depois de eleito presidente, em 10 de março, foi numa festa do site Consultor Jurídico, o Conjur. O palanque foi montado no salão principal do Supremo para comemorar o lançamento da edição de 2010 do Anuário da Justiça, publicado pelo site e pela Fundação Armando Álvares Penteado, a Faap. Mendes, Celso de Mello, Toffoli, Britto e Lewandowski estavam no tablado de honra com Peluso. Marco Aurélio circulou pelo salão, em meio a cerca de 300 pessoas, entre desembargadores, juízes, promotores e advogados de Brasília, do Rio e de São Paulo.
...
O dono do Conjur e editor do Anuário é o jornalista Márcio Chaer, proprietário também de uma assessoria de imprensa, a Original 123. As empresas estão instaladas numa casa de três andares na Vila Madalena, em São Paulo. O site faz uma cobertura intensa e extensa dos eventos e decisões do Poder Judiciário. Chaer é amigo de Guiomar e Gilmar Mendes. Troca e-mails e telefonemas amiúde com o juiz.
A Faap responde a condenações e processos por crimes contra a ordem tributária e o sistema financeiro. Alguns desses processos estão no Supremo. A pessoa jurídica do Conjur, a Dublê Editorial, também tem processos tramitando no tribunal. “Não vejo problema nenhum de lançar o Anuário no Supremo”, disse Mendes. O primeiro lançamento foi feito em 2007, quando a presidente era a ministra Ellen Gracie. Ela se declara suspeita quando recebe processos que envolvam a Faap. Joaquim Barbosa acha “um escândalo” que o Anuário seja lançado no Supremo.
Chaer também não vê problemas: “O presidente da República não visita os jornais? É a mesma coisa. Além do mais, todo tribunal lança livros, e até a Suprema Corte tem uma livraria”, disse, mostrando um volume que comprou lá.
O professor de direito Conrado Hübner Mendes, doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo e autor do livro Controle de Constitucionalidade e Democracia, tem outra opinião: “O Anuário pode até produzir informações de interesse público, mas não é isso que está em questão. Uma empresa privada não deveria ter o privilégio de ter seu produto promovido dentro do próprio tribunal. A integridade das instituições depende da separação entre o público e o privado.”
Em boa parte, os clientes da assessoria Original 123 são escritórios de advocacia. Teriam contratado a empresa pelo fato de Chaer ser amigo de Mendes e lançar o Anuário no Supremo? “De forma alguma, esses escritórios nem atuam no Supremo”, respondeu. E ligou em seguida para um funcionário da Original. “Quantos dos nossos clientes atuam no Supremo?”, perguntou. “Praticamente todos”, respondeu o funcionário. “Mas isso não quer dizer absolutamente nada”, esclareceu Chaer.”
...
Fonte:
Reportagem da Revista Piauí: O SUPREMO, QUOSQUE TANDEM?
NOBRE ADVOGADO SERGIO BERMUDES
“Mendes e Guiomar já se hospedaram nos apartamentos de Sergio Bermudes no Rio, no Morro da Viúva, e em Nova York, na Quinta Avenida. Também usam a sua Mercedes-Benz, com o motorista. Logo depois da solenidade de transferência da presidência do Supremo para Cezar Peluso, Mendes e Guiomar embarcaram em uma viagem de cinco dias a Buenos Aires – presente de Sergio Bermudes, que os acompanhou.”
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Fonte: Revista Piauí
Reportagem: Data Venia, o Supremo
- Como sou apenas “um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes” e observador do cenário da degradada República amoral e aética, comungo com ponto de vista do eminente professor Conrado Hübner Mendes e fico com a credibilidade do jornalista da Carta Capital seguindo os ensinamentos da vovó que pregava:
“dize-me com quem andas que eu te direi que és.”

Um comentário:

  1. Anônimo6:04 PM

    Antes lhe digo que sou leitor assíduo e fan do seu Blog. E o que tenho a dizer, parafraseando o poeta Mario Quintana: "vou morar em mim". No meu caso vou me exilar em mim. Aqui no meu cantinho na roça, humilde mas decente do sertão da "Gerais".
    Um grande abraço e parabéns pelo Blog.

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