terça-feira, março 31, 2009

A DESVALIDA DO MINHOCÃO
Pra quem chegou agora, “desvalida” foi como a nobre meritíssima juíza qualificou a laranja do especulador quando deferiu a liminar para não demolir um prédio em situação absurda irregular, neste país de cabeça pra baixo.
Afinal dona desvalida, qual das versões é a verdadeira??? Somente no mesmo dia, foram três versos diferentes!
Mas, devemos ser indulgentes com a dona desvalida? Claro que devemos, não por ser humilde, pobre e de pouca leitura, pois caráter e decência independem do poder aquisitivo ou de cultura. Devemos ser indulgentes, porque ela, como membro da casta inferior, não tem referencial de dignidade do andar de cima onde todos mentem, todos falseiam a verdade num país sem caráter, sem ética, sem escrúpulos.


A propósito, vejamos o que diz o presidente da mais alta Corte de Justiça, sobre o processo do digníssimo Daniel Dantas, já condenado por suborno a um delegado federal:

Datíssima vênia, eminente, nobilíssimo e ínclito ministro, qualquer pessoa que conheça minimamente o Poder Judiciário e esteja na plenitude do gozo de suas faculdades mentais, sabe que, juiz nenhum togado, ascendido a carreira por concurso público e não por indicação do rei de plantão, em qualquer das esferas do Poder ousaria intimidar desembargadores, num país em que eles se acham deuses e os ministros têm certeza que os são. Suponhamos que esta falácia houvesse ocorrido e os desembargadores tivessem negado o pedido de hábeas corpos, seus caríssimos advogados, logicamente, recorreriam ao STJ. Será que os juízes oniscientes, onipresentes, onipotentes também teriam a petulância de intimidar os ministros do STJ?
Aliás, convenhamos, se ao determinar a prisão pela segunda vez do “presumivelmente inocente” Dr. Daniel Dantas, o honrado juiz De Sanctis teve a intenção de desmoralizar o STF, vamos combinar, há que se punir disciplinarmente o ministro Marco Aurélio que em seu voto vencido encontrou novos fatos que motivaram a segunda prisão do digníssimo e nobre Dr. Daniel Dantas. Estaria ele também, tentando desmoralizar o STF?
São por estas e outras que a casta do andar de baixo mente, trapaceia, aplica o tal “jeitinho brasileiro” e outros vícios de personalidade.
Fico com o repúdio constante da nota contundente da AJUFE
“No que toca à afirmação de que juízes se reuniram e intimidaram desembargadores a não conceder habeas corpus, a afirmação não só é desrespeitosa, mas também ofensiva. Em primeiro lugar porque atribui a juízes um poder que não possuem, o de intimidar membros de tribunal. Em segundo lugar porque diminui a capacidade de discernimento dos membros do tribunal, que estariam sujeitos a (sic) “intimidação” por parte de juízes.”
“Não se sabe como o ministro teria tido conhecimento de qualquer reunião, mas sem dúvida alguma está ele novamente sendo veículo de maledicências. Não é esta a hora para tratar do tema da reunião, mas em nenhum momento, repita-se, em nenhum momento, qualquer juiz tentou intimidar qualquer desembargador. É leviano afirmar o contrário.”
Íntegra: aqui

E já que estamos falando em princípios éticos, quem, dentre os grandes advogados, assumiu a defesa dos respeitáveis homens de bem da idônea Camargo Correia, ninguém mais, ninguém menos do que o competente advogado Marcio Thomas Bastos.
Dirão alguns, bom, mas isto é legal! Claro que é legal, mas convenhamos, salvo melhor juízo, ficaria desconfortável recém sair do cargo de ministro da Justiça, a quem a PF deve subordinação, assumir a defesa de uma empresa que foi investigada pela Polícia Federal, cujas diligências, possivelmente, tiveram início em sua gestão no ministério e ainda que não tivessem.

- Ah, já ia me esquecendo:
FAMÍLIA DE DESEMBARGADORA TEM TRATAMENTO ESPECIAL EM BLITZ DA LEI SECA
Nesta madrugada, foi registrado o primeiro caso em que uma pessoa acabou liberada, ainda no local da blitz, após se recusar a fazer o teste do bafômetro. Policiais militares realizavam uma operação para aplicação da Lei Seca, na Estrada do Cafubá, em Niterói, quando abordaram um veículo. A motorista, cunhada de uma desembargadora, não aceitou ser submetida ao teste de embriaguez. Armada a confusão, seu marido ligou para a irmã, que foi até o lugar e ordenou a liberação do casal. A desembargadora estava acompanhada por PMs da equipe especial de segurança do Tribunal de Justiça, que ameaçaram prender os colegas que participavam da blitz, se os dois não fossem, imediatamente, liberados. (jornal Extra – 28.03.2009)
- Tá vendo como devemos ser indulgentes com a dona desvalida?!
- Uma alta autoridade do Poder Judiciário, cuja função é aplicar a lei, fazer justiça e reformar ou manter decisões de instância inferior, se vale da função e do staff estatal para afrontar e intimidar quem está cumprindo o seu dever profissional.
- Como diria Zé Ramalho, pode ser o país de qualquer um, mas não é, com certeza, o meu país!
- É possível que algum dia a republiqueta venha a se tornar um país?

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